Capítulo 13 - Tenho certeza...

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– Tenho certeza de que não foi mesmo. – David concordou, enquanto procurava algo em seu próprio bolso, respirei fundo tentando manter a calma, torcia para que meu amigo estivesse completamente bem.

"A pessoa no telefone disse que ele estava bem, só que ela não podia tomar partido de nada, provavelmente ele estava desacordado, então nunca se sabe o que pode acontecer. Depois de um século no elevador, conseguimos chegar no estacionamento, pegamos um carro esportivo vermelho, era o que David sempre usava, um presente de seu falecido pai."

Entramos no carro com ele logo dando partida acelerando o máximo que podia, ao menos o hospital ficava aqui no centro daria para chegar em poucos minutos. Agradecia por não ter trânsito aquela hora da noite, caso contrário já teria descido do carro e ido a pé ou apenas roubado uma bicicleta, quem ligava para modos em momentos de desespero. Assim que chegamos no hospital fomos parar direto na recepção sendo recebido por diversos olhares, principalmente das mulheres com alguns sorrisos maliciosos e olhares curiosos.

"Dai-me paciência. Fui até a recepcionista que se sentou totalmente ereta na cadeira e me olhou atentamente claramente tentando passar um ar sensual e profissional."

– Um homem na casa dos vinte e sete a trinta anos foi trazido para cá após um acidente? – Perguntei totalmente impaciente.

– Hum sim um homem chegou acompanhado de uma mulher, seu nome parece ser Alan, ao menos foi o que a mulher deixou escrito, ele está na emergência, me acompanhem por favor. – Respondeu após olhar algo no computador e se levantando em seguida.

Fomos levados até uma porta dupla onde o barulho de vozes era um pouco mais alto, corri os olhos pelo local vendo uma movimentação de médicos e enfermeiros andando de um lado para o outro, mas não parecia que tinha alguém morrendo ali, o que era um alívio significava que se Alan estivesse ali não estava realmente em grande perigo. Andamos até o meio da sala de frente ao balcão da emergência onde ficava rodeado de várias cabines separadas apenas por cortinas, acredito que o nome era leito para ser mais exato, no lado esquerdo, após passar por dois leitos vimos um homem de terno preto deitado na maca rodeado de médicos, reconhecia aquela pessoa de longe mesmo nos momentos mais difíceis.

– Doutor, acredito que esses são os familiares do paciente. – A enfermeira chamou a atenção de um senhor com um jaleco branco e calça azul e parecia ser chinês ou coreano, na cidade havia muitos imigrantes, então era normal e também normal não conseguir diferenciá-los, afinal temos etnias diferentes e como não estamos acostumados com suas características físicas podem parecer iguais.

– Continue administrando o medicamento, já volto. – O doutor deu as instruções para duas enfermeiras e veio em nossa direção.

– São a família do paciente? – Perguntou a mesma coisa como se não tivesse ouvido ou apenas ignorado a informação que a enfermeira havia disponibilizado, porém, apenas concordamos com a cabeça.

– O paciente sofreu um ferimento maior na perna e cortes superficiais pelo corpo, o maior problema é a cabeça, porém por enquanto ele está fora de perigo... – Nós sentimos instantaneamente aliviados pela notícia. – porém... – Minha cabeça pareceu um carro acendendo o pisca alerta, claro que não era tão simples assim, já estava imaginando o pior, me preparando para qualquer má notícia que poderia vir.

– Como ainda está desacordado, deveremos o manter sob observação caso haja algum problema neurológico. – Completou, então ele ainda corria perigo mesmo não aparentando nada fora do normal.

– O senhor está falando de um possível traumatismo? – David perguntou completando meu pensamento.

– Ainda não confirmamos, iremos levá-lo para fazer alguns exames. – Respondeu.

– E o que deveríamos fazer? – Perguntei querendo estar preparado para tudo.

– Por enquanto, apenas preencher o formulário do paciente e aguardar, a enfermeira vai ajudá-los, por favor. – Respondeu e instruiu a enfermeira em seguida, apenas a seguimos.

– A senhorita que veio com ele deixou apenas um número e o nome do paciente, então não pudemos fazer muita coisa, nesse meio tempo que ela saiu vocês logo chegaram. – A enfermeira que lançava olhares desde o momento em que entramos começou a falar nos entregando um pedaço de papel com a ficha hospitalar.

– Ela não deixou nem o próprio nome? – David perguntou analisando o pequeno papel com uma letra delicada.

– Não, ela foi bem mal-educada, na verdade. – Falou como se estivesse a julgando como se a conhecesse.

– Aqui tem câmera de segurança? – Perguntei, essa mulher com toda certeza, viu algo e preciso saber quem foi.

"Com certeza vou me vingar. Não era nada fora do comum nos vingarmos pelos nossos, ajudamos as pessoas, mas ainda somos uma máfia, não a liga de herói boazinha que só enfrenta o vilão quando chegar a hora."

– Tem, sim, mas vão precisar falar com a equipe de segurança e a direção do hospital. – Respondeu indiferente.

– Eu vou. – David rapidamente saiu enquanto terminava de preencher, sempre tínhamos as mesmas ideias, era muito fácil saber o que fazer para ajudar o outro.

Devolvi o papel deixando a enfermeira para trás, e caminhando até a cama em que meu amigo estava com a calça rasgada e cheio de fios ligados em seus braços e peito monitorando seus sinais vitais.

– O que vão fazer com ele? – Estava claramente nervoso, não gostava de forma alguma de hospital, sempre me levava para a minha mãe deitada na cama à beira da morte, estar aqui me deixava angustiado.

– Estamos preparando ele para a tomografia, não se preocupe, ele está em boas mãos. – O médico me garantiu, por mim mesmo, ele não estaria ali, já que podia pagar o melhor tratamento, mas como não podia transferi-lo teria que me acalmar e não causar nenhum problema.

– Certo. – Confirmei baixo após um pequeno suspiro, era mais para mim do que o médico à minha frente.

Meu amigo foi levado para fora do pronto-socorro, seu rosto ainda tinha marcas de sangue e seu cabelo estava sujo, parecia tão sereno que nem aparentava que estava passando por algo sério. O acompanhei pelos corredores enquanto ajudava a empurrar sua cama. Era um pouco filosófico esse momento, pois sempre estávamos rodeados de homens e mulheres tentando ganhar algo, mas nenhum deles estavam aqui quando precisávamos.

"Conheça bem os seus amigos, pois são eles que irão empurrar seu caixão em sua morte. Meu pai tinha razão, já que no final era sempre o mesmo cenário, um ao lado do outro sem soltar a mão de ninguém."

Só pude avançar até outra porta dupla, depois fui parado por uma das enfermeiras que me pediu para aguardar na sala de espera, respirei fundo e me virei como se estivesse em câmera lenta, uma sensação de lentidão me preencheu por um momento, talvez fosse medo, ele não estava em perigo eu claramente sabia disso, mas apenas a ideia de que pode ser perigoso de alguma forma já me deixava atormentado, passei a mão em meus cabelos recém cortados visivelmente atordoado.

Por favor, fique bem...

Ava - VIVER OU MORREROnde histórias criam vida. Descubra agora