Luid

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Família Genovese, uma das mais temidas no submundo. Nossa paciência é muito limitada e quando temos um alvo. A vida deixa de ser uma opção.

Não vim aqui dizer o quanto minha família é extremamente problemática, talvez isso não seja realmente o ponto. Fui criado para assumir o lugar dos meus pais no trono. Essa foi uma decisão que eles levaram anos para tomar e por causa disso colocaram um alvo nas minhas costas.

Perdi a conta de quantas vezes uma força inimiga tentou me raptar ou me matar. Isso não me fez fraco e medroso, isso me fez forte, comando com mãos de ferro desde meus dezoito anos.

Meu tio, Lorenzo Genovese, nunca aceitou minha coroa. Ele dizia que o poder deveria ser dele, mas todo esse poder, não deveria ficar nas mãos de um porco imundo, eu sempre soube dos garotos que ele sequestrava e levava para o porão de sua mansão e isso sempre me incomodou.

Até o dia dezoito de agosto do ano de 1998 eu tinha minhas mãos atadas, não podia agir contra a família, mas na data em questão eu recebi uma denúncia, levei a informação aos conselheiros e no mesmo dia ganhei a permissão para confrontá-lo.

A denúncia era de que ele tinha sequestrado um menino brasileiro e que esse menino poderia ter meu sangue.

Quando assumi os negócios obscuros dos meus pais eles foram procurar um refúgio em uma fazenda no Brasil. Eles raramente ligavam e sempre pediam para que eu os mantivesse informados. Eu o fiz.

Soube da morte misteriosa deles, isso foi há dois anos. Não fui para o Brasil, não havia corpo para ser identificado, mas deixei uma equipe investigando e eles não me trouxeram informação alguma.

Agora retorno ao assunto inicial, a denúncia veio por meio de um bilhete onde o informante foi claro ao dizer que eu tinha um irmão mais novo e que ele era um escravo sexual do meu tio. Minha visão ficou turva e o sangue subiu a cabeça, eu iria matar Lorenzo.

— Chefe, estamos prontos. — Ludacris, anunciou ao entrar em minha sala.

— Vão na frente, olhem os arredores, vai chover nesta madrugada e quando a primeira gota tocar o solo vocês entram. — Falei e me virei de costas.

— Mestre da chuva. — Ouvi ele resmungar e não me importei, eu sempre atacava em dias chuvosos e nublados, uma digital eu diria.

Preparei meu objeto de tortura favorito e se aquele garoto fosse mesmo meu irmão, eu iria fazer Lorenzo pagar lentamente. Um alicate e algumas cordas, isso seria o bastante.

A mansão estava rodeada de seguranças, mas quando a chuva começou a cair eles entraram e ficaram vigiando através das janelas. No escuro e na chuva, meus homens e eu tomamos a liderança, fomos engatinhando na lama até entrarmos pela lateral, eu conhecia cada mínimo esconderijo daquele lugar.

— Mestre, qual a ordem? — Hector perguntou afoito.

— Seis de vocês vão pela direita, os outros para a esquerda e eu vou sozinho, sei onde o lixo se encontra a essa hora. Mais importante, eu não quero sobreviventes. Matem todos. — Eles me encararam. — Quem compactua com essa maldade, dela faz parte, vocês trabalham para um estuprador de garotinhos?

— Não senhor, nunca iriamos trabalhar para alguém assim. — Ludacris respondeu firme.

Eles eram de uma casta um pouco melhor, não tinham desvios de caráter e por isso eu os escolhi, observei cada um deles se afastar. Caminhei até o porão e a cada passo sentia o clima pesar ainda mais, como se meus passos estivessem sendo guiados por forças sobrenaturais.

Os tiros começaram e eu não me virei. Eu segui andando até o porão.

Quando atravessei a passagem secreta na sala, atrás da lareira, o cheiro de podridão tomou conta do meu olfato, meus olhos focaram no final do corredor, uma pequena luz fraca era o que eu tinha para me guiar.

Você Me PerdeuOnde histórias criam vida. Descubra agora