Prólogo

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- Achei que estava puta comigo - Haru se aproximou devagar, pegando uma mecha de meu cabelo e enrolando no dedo. Sua expressão estava ilegível, seu olhar não era o mesmo. 

- Você usou aquelas merdas novamente? - Afastei suas mãos em um movimento rápido e violento.

- Não consigo ficar longe de você, Lya. Sabe disso. - Ele se senta no sofá atrás de si, pernas e braços abertos.

Nós encaramos por segundos, olhares indecifráveis, silencio desconfortável. Como ele consegue ser tão cínico?

- Sabe que se continuar me olhando assim vamos acabar transando - Não foi uma pergunta, foi quase uma afirmação.

Soltei um suspiro exausto e me sentei cansada em frente a ele, apoiei meu rosto nas mãos que estavam apoiadas pelo meu cotovelo nos joelhos. Como consigo ainda olhar na cara dele sem sentir vontade de dar um tapa nessa carinha bonita? Como ainda não transformei esse Mullet chamativo dele em uma cabeça careca?

- Me diz? O que você ganha se entupindo de drogas, Akashi? - Ele ficou estático, talvez impressionado com o fato de eu ter o chamado de Akashi, o que era raro, pois desde o começo eu o chamo de "Chiyo" "Axolote" "Moranguinho", coisas do tipo, mas, nunca. Nunca. nunca o chamei de Akashi que coincidentemente era seu nome.

- Eu... No começo eu esquecia de você quando estava drogado, mas de uns tempos pra cá não está adiantando muito. - Ele passou as mãos pelo seu rosto angelical, passando pelos cabelos, os penteando para trás. Ele bufou então me encarou novamente - Certo, me desculpa.

- Errou. 

- Errei.

- Você prometeu.

- É, eu sei...

- Mas...?

- Mas eu não consegui evitar, eu realmente não consegui - Ele olhou para baixo não demonstrando arrependimento.

- No seu tempo, Haruchiyo. 

Me levantei andando até a porta, olhei para ele uma ultima vez antes de sair e fechar a porta calmamente. Antes de começar a andar para fora do edifício escutei algo se quebrando lá dentro. Eu não iria tentar impedir, ele acaba surtando sempre que algo que ele não quer que aconteça acontece; Eu parar de falar com ele, ou ele desapontar Manjiro.

Essa passou a ser minha vida depois de conhecer esse pedaço de céu com uma cópia da alma de Lúcifer. Exaustiva, me sinto uma mãe de 19 anos cuidando de um recém-nascido sem apoio de ninguém enquanto tenho que ficar de olho na filha de 5 anos da vizinha que é 10 vezes pior que o próprio Akashi drogado. Sim, ele está muito pior que isso nesse momento, e eu não tenho condições de lidar com ele.


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