Capítulo 3

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Era segunda-feira e Hermione já estava de pé e pronta para ir ao Salão Principal tomar café da manhã, mas quando foi sair viu o Livro dos Bruxos Encalhados brilhando, ela o abriu e analisou o formulário do seu interessado, ela ficou curiosa e instigada, por um momento pensou que já tinha analisado todos os perfis disponíveis.

"Bom dia, o interesse é recíproco. Tudo bem?"

Hermione saiu rumo ao Salão Principal, agora ela entrava pela porta lateral assim como todos os professores.

- Segure a porta por favor. – Disse ela vendo Snape abri-la para entrar no Salão. Com uma careta ele segurou e ela passou. – Bom dia Severo. –

Ele acenou com a cabeça apenas. Agora eles eram colegas de profissão e conviviam em certos momentos, vez ou outra ela lhe recorria a fim de sanar alguma dúvida em algum experimento ou pesquisa e ele lhe ajudava, porém, sem nunca permitir intimidade. A cadeira dela era ao lado dele mas raramente trocavam muitas palavras. Snape ainda era recluso quando se tratava em invadir sua bolha pessoal ainda mais quando isso ocorria dentro dos portões de Hogwarts.

Na hora do almoço após sua refeição Snape foi aos seus aposentos e viu o livro brilhando, ele abriu e viu a mensagem.

"Estou bem, Adeline. E você? Sinto muito pela demora, eu trabalho e ao longo do dia fica complicado manter contato."

Hermione muitos lances de escada acima viu seu livro brilhar.

"Estou bem também, obrigada por perguntar. Sem problemas, comigo também é assim. A noite é um horário ótimo para conversarmos."

"Para mim também, nos falamos a noite então?"

"Combinado."

- Atencioso. Se justificou. Interessante. – Falou consigo mesma.

O dia passou e as atividades correram normalmente. Após o jantar tanto o Diretor da Sonserina quanto os das outras casas tinha de fazer a ronda antes de se recolher. Logo ambos estavam no conforto de seus aposentos.

"Olá, está aí?"

Snape estava com o livro na mão quando a escrita apareceu.

"Estou. Como foi seu dia Adeline?"

"Corriqueiro. O que é ruim, queria que acontecesse algo inesperado, meu dia esta sendo sempre "esperado". E o seu Owen?"

Por um instante Snape franziu a testa, mas rapidamente se lembrou do seu novo nome.

"O meu tem sido corriqueiro a alguns anos já, porém muito mais estressante. Lidar com pessoas o dia inteiro não é uma atividade muito relaxante."

"Concordo com você, eu também trabalho com pessoas o dia inteiro."

Alguns segundos se passaram.

"Então você não gosta de flores?"

"Ah não é bem assim, eu gosto. Mas esse negócio de ficar recebendo flores que logo morrerão me chateia, é um dinheiro meio que jogado fora."

"E vivas em vaso?"

"O pior é que não vingam na minha mão."

"Péssima em Herbologia pelo visto!" Acusou Snape.

"Não mesmo, eu fui a melhor da minha turma em quase todas as disciplinas."

"Quase todas? Qual não foi?"

"Adivinhação, humpf!"

"E adivinhação é lá uma disciplina? É uma pedra no sapato na grade curricular, eu acho uma coisa muito fajuta!"

"Finalmente achei alguém que pensa igual a mim."

"E a que você se saía melhor?"

"Aritmancia."

"É a matéria mais difícil que tem. Você deveria ser uma traça de livros. Pelo visto ainda é, visando que prefere pergaminhos velhos e fedidos a flores cheirosas."

Hermione por um segundo lembrou-se de seu colega do corpo docente, lembrou de quando Snape a chamava assim, será que Owen teve aula com ele? Estava desanimada até ver a próxima escrita.

"Eu também sou. Tenho uma coleção incrível, quem sabe um dia te dou a honra de conhece-la."

Hermione sorriu, ele era presunçoso.

"Isso será uma competição de quem tem a maior coleção?"

"Um dia descobriremos."

Ambos estavam sorrindo.

"E qual o seu livro preferido?" Ela perguntou.

"Você diz técnico ou normal?

"Os dois."

"Técnico eu não tenho um preferido, gosto de livros sobre Defesa contra as artes das Trevas, e para ser sincero meu livro "normal" preferido é um livro trouxa, Drácula de Bram Stoker. E o seu?"

"Estou surpresa, você é nascido trouxa? O meu livro preferido também é trouxa, Orgulho e Preconceito e técnico tenho milhares."

"Sou mestiço, mas cresci no mundo trouxa. Você é? Vou ficar devendo, não conheço esse livro. Me conte como é."

"Sou nascida trouxa. Bom! O livro é centrado em torno das questões de casamento e da posição social na sociedade inglesa da época. Elizabeth Bennet é a personagem principal, uma jovem inteligente e perspicaz que luta contra as convenções sociais da época para encontrar o amor verdadeiro e realizar seus sonhos pessoais."

"Nossa, acho que estou enjoado!"

"Ah para, é muito lindo. Ao longo da história, Elizabeth se envolve com o rico e arrogante Sr. Darcy, e após muitos mal-entendidos e conflitos, os dois finalmente se reconciliam e se casam."

"Que clichê, eu esperava mais de você."

"Oras, e se diverte vendo um ser imortal bebendo sangue de outras pessoas até mata-las?"

"Sim, é muito divertido e interessante. Fora que a escrita é perfeita, o autor descreve até uma fina penumbra dos feichos de luz da lua que ultrapassam os vitrais e se espelham sob o móvel de madeira rústica revelando a poeira que ali está."

"Ah fala sério, isso é entediante, gosto que se vá direto ao ponto."

"É claro que você gosta, afinal essa é a principal característica dos grifinórios."

Hermione arregalou os olhos e seu coração acelerou, como ele sabia?

Pela pausa na resposta Snape soube que ela teve a reação que ele queria causar.

"Respondendo a sua pergunta, eu soube no momento em que você descreveu no seu formulário "Fujo de aventuras mas elas me encontram", com esse poder de encontrar encrenca, só podia ser da Grifinória."

"Me pegou, você se acha muito esperto mas sua presunção te entrega, Sonserino com certeza."

"É claro, a melhor casa de Hogwarts."

Entrar nesse assunto era delicado para ambos, afinal os dois estavam em mentiras.

"Já está tarde, preciso dormir se não amanhã cedo fico parecendo um zumbi o dia inteiro."

"Pelo visto é dorminhoca também, eu posso dormir a qualquer hora, 6 horas estou sempre de olho aberto. Mas de qualquer forma, boa noite."

"Te invejo, Owen. Boa noite, até amanhã."

"Até amanhã."

Hermione sorriu, pouca conversa que já lhe rendeu mais que dias conversando com outra pessoa. Já Snape olhava para o livro, talvez tenha sido interessante. Inesperadamente interessante. 

O florescer do viscoOnde histórias criam vida. Descubra agora