Capítulo 1
"A morte é uma parte inevitável da vida, mas é a maneira como lidamos com ela é o que define quem somos"
Em uma noite onde o silêncio predominava a pequena cidade de Aztezcatl, somente os cricrilar de grilos podiam ser ouvidos. E então três batidas na rua Lake Schor n°73, uma bela casa de dois andares em estilo colonial, era a porta da casa de Glenda.
Ela estava navegando pelo no mar dos sonhos, porém desperta temerosa com o som, a janela do seu quarto estava aberta, as cortinas balançando, uma brisa outonal se infiltrava no interior do quarto e uma sensação alienígena começa a contaminar sua psique.
Glenda vai até a cômoda, abre a gaveta de meias, pega um punhal, adquirido há muitos anos, recorda do senhor com um tapa olho.
Ela coloca suas pantufas e pega um casaco, segura bem firme o punhal em sua mão esquerda, preparada para o que vier.
Começa a descer as escadas lentamente apoiando suas mãos pelo corrimão, cada passo acelera ainda mais seu músculo cardíaco, sua respiração estava pesada como se uma âncora estivesse em seu peito.
Ela olha para a sala e vê Mr Twinkies sentado no sofá.
Glenda: O que foi isso?
Mr. Twinkies: Miau, miau! Eu não ouvi nada. Você deve estar imaginando coisas.
Glenda: Não, eu tenho certeza que ouvi batidas na porta. E estou com um mau pressentimento. Eu sinto que algo está errado.
Mr. Twinkies: Miau, miau! Talvez você esteja certa. Mas o que você vai fazer?
Glenda: Eu vou verificar. Mas antes, eu preciso me proteger. Eu peguei esse punhal para me defender.
Mr. Twinkies: Miau, miau! Ah, sim. Porque um punhal é a melhor arma contra um invasor. Você deveria ter pego uma metralhadora.
Glenda: O que? Você está sendo sarcástico?
Mr. Twinkies: Miau, miau! Eu? Sarcástico? Nunca. Eu só estou dizendo que um punhal é uma arma muito antiquada. Mas vá em frente, use o punhal. Eu vou ficar aqui e miar para o invasor.
Glenda: Sr. Twinkies. Eu vou verificar a porta. Mas você poderia ser um pouco mais útil?
Mr. Twinkies: Miau, miau! Claro, eu poderia. Eu poderia dizer "ei, você aí, pare de invadir a casa da minha dona". Tenho certeza que ele vai ficar com medo.
Glenda: Ok, Sr. Twinkies. Vamos lá.
Quando direciona seu olhar para o vitral da porta, uma silhueta começa a se formar na escuridão, o terror é paralisante.
Em pânico e fixada em frente a porta, apenas poucos centímetros de espessura a separavam de seja lá o que for.
Berra entre gaguejos – Vaaaaá emmmmboora, vovocê não pode estar aqui. Ela fecha os olhos com força e conta até dez, uma coisinha que aprendeu na terapia do Dr. John, em momentos que começa a duvidar da sua mente. Finalmente abre a porta abruptamente.
Somente o assobiar do vento estava lá fora, Glenda começa a chorar e as lágrimas parecem a banhar de alívio.
Afinal o que era aquela coisa?Sua mão segurava o punhal com tanta força que chega a doer, como se fosse impossível se desprender. Glenda senta no chão, observando as casas vizinhas, principalmente a casa ao lado que um dia já lhe foi tão especial. Sentimentos nostálgicos começam a tomar conta dela, afinal é outono.
Glenda sabia que tentar voltar a dormir seria inútil, caminha até a cristaleira, pega uma taça das grandes e a enche de vinho, se joga no sofá ao lado do Mr Twinkies, seu gato e único companheiro.
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Specullum
HorrorAlgumas coisas podem ser consertadas, um vaso rachado, um osso quebrado, mas a morte é para sempre. Nosso mundo é rodeado pela morte, que nos acompanha desde nosso nascimento, sempre ali a nos observar, invisível ou na forma de um animal indefeso...