Olhando para o alto

Noistes mal dormidas

Dias iam e vinham numa grande mansidão. Nada mudava para os demais; porém, para mim, tudo mudava.
Ciclos foram encerrados e uma nova rotina começava, o tal do novo emprego. Aulas de natação, uma boa corrida e bons livros, também um novo ciclo. Novas amizades surgiam.
Mas as noites mal dormidas continuavam, a pressa para o amanhã, o desassossego da madrugada! Nada para no pensamento e as dores continuavam.
Não havia posição para deitar, nada com que fizesse era suficiente para obter um sono tranquilo.
Os resmungos começaram, a indisposição e o mau humor. Tudo num só combo, e a barriga crescendo num novo repertório de emoções.
Tudo lá fora seguia, e dentro tudo mudava.
As noites cheias de petições e orações, dores e ansias que não passavam, um tormento que não parecia ter fim. Mas sempre tinha! Era o sol que anunciava o novo dia e as novas atividades.
Uma oração não, dez! Mais que dez, incontáveis!
E o dia chegava, a lua voltava e as noites mostravam como somos fracos em nosso íntimo, agourentos e cheios de querelas.
Louvado seja o Senhor pelas noites mal dormidas, pois  são elas que elevam as lágrimas, comprimem os corações e transformam o caráter.
Faça-se pronto para obter um caráter, verás que no mínimo nunca estará pronto, por isso dói tanto.