Carlos Andrade atravessava a rua com um entusiasmos que valia para mil pessoas. Sem sombra de dúvidas seria uma boa oportunidade começar o dia com uma entrevista de trabalho.
No Brasil que ainda caminhava para estabelecer alguns cargos na Prefeitura, Carlos conseguiu uma carta de recomendação com o seu tio que já era função público. Caminhou em direção a Prefeitura e aguardou na recepção com esperança de logo ser atendido.
Na reunião com o representante legal, mostrou-se bom escrito, orador mediano, mas conhecedor de muito conteúdo sobre o que era pertinente ao cargo.
Apertadas as mãos e entregue a carta, Andrade voltou para casa e ceou com sua mãe, que já era viúva aos 40 anos.
No final do dia recebeu uma carta tratando-se de sua admissão como redator de tratados municipais.
Grande dia para Carlos, um emprego aos 20 anos e uma carreira promissora.
No primeiro dia de trabalho conheceu sua equipe e o desenrolar das relações, pois até ali só conhecia os amigos do colegial e um pouco dos primos.
Na graça dos dias destacou-se no trabalho, fez amizades e desamizades, recebeu novo ordenhando e uma nova oportunidade de ajudar a casa que seu país deixara como herança.
Parece ter sido fácil. Mas para que Carlos chegasse até aqui precisou suportar calúnias, tomar boas decisões e estudar mais do que imaginava.
Sua mãe, costureira desde a mocidade, era quem sustentava a casa mesmo antes do pai falecer. Seu Antônio tinha queixas de doenças que não foram tratadas, as quais o levou a morte.
Carlos Andrade seguiu trabalhando, enfrentando problemas e tentando ser justo e não desamparar a família, que tanto o ajudava.
Chegando aos 30, casou-se com uma moça que trabalhava no mesmo repartimento que ele, filhos não tiveram.
Mas adoram os muitos que se achegavam ao pé da casa para pedir esmolas. Carlos Andrade não descreveu sua vida como ruim, mas sempre falava que colheu os frutos das árvores que plantou.
Morreu amante dos livros e trabalhando no seu setor até os últimos dias de vida. Deixando nove filhos aos cuidados de bons criados e de uma esposa dedicada.
Ao que Carlos diz é que ué lera pouco, pois se tivesse se dedicado mais teria fundado orfanatos, escolas e igrejas.
Carlos tinha coração nobre, desses poucos que conhecemos na vida.
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Olhando para o alto
De TodoPequenas crônicas para ler no dia a dia. Textos sobre amor, sabedoria, família, resiliência, problemas e soluções. Sobre as virtudes e a paz com Deus.