CAPÍTULO 1

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Hyūga Hinata.

ㅤ  ㅤㅤ  O homem de aparência cansada encarava-nos com firmeza. Como se, através das íris opacas que tínhamos, conseguisse ver toda a nossa suposta história e, consequentemente, nossa desgraça.

ㅤ  ㅤㅤ  O juiz suspirou, pigarreando antes de retomar com o timbre grave:

— Está tudo certo — Disse ele, apático. — Vocês têm certeza dessa decisão? — Perguntou, observando a nós como duas crianças levadas que não queriam assumir a culpa por quebrar a louça favorita da mãe.

ㅤ  ㅤㅤ  Não houvera pestanejo.

— Eu tenho certeza. — Meus lábios emitiram com a velocidade de uma bala calibrada em um rifle de alta precisão.

ㅤ  ㅤㅤ  O Uzumaki de louros fios e oceânicos olhos me fitou. Como se perguntasse o porquê ou só uma expressão que expusesse um eventual fraquejo. Mas ele não achou. Os ombros do homem que um dia foi sorridente se encolheram. Olhando o chão, ele assentiu.

— Sim, meritíssimo.

ㅤ  ㅤㅤ  E agora encarava o teto. Sem humor, sem paz. Não importava quantas vezes repasse essa mesma cena do júri acompanhada por todos os momentos mais amorosos, eróticos ou catastróficos, ela sempre voltaria à tona. Feito um loop.

ㅤ  ㅤㅤ  Hoje, em plena madrugada de domingo, completava dois anos e quatro meses desde o divórcio oficial. Dois anos e sete meses se considerarmos desde o afastamento de morada ou de relações mais profundas.

ㅤ  ㅤㅤ  Mais uma noite em claro. Mais uma vez que o  relógio tocava incessantemente o marcar do amanhecer. Cinco da matina. Cinco e vinte e cinco, mais precisamente.

ㅤ  ㅤㅤ  Levantei preguiçosamente, com os dedos esparramados pelo ventre durante o levante. Movimentos circulares pelo lugar onde sequer existia vida.

ㅤ  ㅤㅤ  Fiz tudo que tinha de fazer: malhei; tomei um banho quente; arrumei os cabelos e, por fim, tomei meu café dentro do carro enquanto ia até à empresa. Trabalhava como vice-coordenadora geral da empresa entitulada com o nome da família: Hyūga Company.

ㅤ  ㅤㅤ  Meu pai achou uma boa ideia ter o nome da família em algo com renome, desde então preciso ter cuidado ao referir meu sobrenome aos estrangeiros.

ㅤ  ㅤㅤ  Num geral, trabalhávamos com moda. Mais agenciando companhias menores, e – vez em nunca – produzindo algo autoral.

— Hinata — A voz mansa chamou, uma bem doce. Uma que bem conhecia.

ㅤ  ㅤㅤ  Olhei para trás, dando um fraco sorriso cortês.

— Sim, Sakura?

ㅤ  ㅤㅤ  Ela me encarou e logo atrás dela surgiu Ino e Sai em sequência, feito uma legião de cachorros famintos que agora murmuram por migalhas.

— Mudanças de planos. — A rosada sorriu amarelo.

— Como assim?

ㅤ  ㅤㅤ  Os três se entreolharam e Haruno silibou um você que falaria.

— Bem — Sai limpou a garganta —, Senhor Hiashi informou que vamos ter que viajar à Quioto de última hora.

ㅤ  ㅤㅤ  Franzi as sobrancelhas, cruzando os braços desgostosa.

— Por que isso do nada? Papai não costuma fazer isso.

— Fechamos contrato de última hora. Aparentemente, é urgente. — Informou Ino.

ㅤ  ㅤㅤAi, o meu Deus pensei, antes de assentir com a cabeça e esfregar os palmos.

— Certo, vou pegar minhas coisas e vou ir.

— Aê! — Comemoram mutuamente.

— Sério... — Bufei, rindo fraco indo ao escritório.

ㅤ  ㅤㅤ  Não demorou muito mais do que uma hora para sairmos e irmos para Quioto. Sim, isso mesmo, sairmos. No plural. Ino, Sai e Sakura fizeram questão de servir de companhia.

ㅤ  ㅤㅤ  Haruno tinha um motivo. Seu ioiô de longa data: Sasuke. Já Ino e Sai acreditavam que apenas queriam espairecer do frenesi típico de Tóquio.

ㅤ  ㅤㅤ  Não os julgava, em situações de meu pleno juízo também faria coisas para livrar-me um pouco do trabalho.

ㅤ  ㅤㅤ  Agora, encarava uma papelada que dizia os detalhes dessa parceria inusitada com uma empresa de imóveis, algo que fugia de nosso atual mercado de trabalho, mas que um dia já trabalhamos.

— U.K SocialWear? — Murmurei.

ㅤ  ㅤㅤ  O carro todo ficou silencioso. Até o locutor da rádio que freneticamente falava pareceu fechar o bico.

— Irei vê-lo, né?

ㅤ  ㅤㅤ  A rosada que sentava do meu lado no banco passageiro assentiu, ainda acanhada.

— Eu juro que tentei dialogar com o seu pai para enviar outro representante mas...

— Relaxe — A interrompi, encarando suas gesticulações frenéticas. — Estou indo à negócios, não vai passar de nada que não estritamente profissional.

ㅤ  ㅤㅤ  Por dois minutos, o clima de enterro persistiu no veículo de quatro rodas.

— Aí, sabiam que tem uma comida árabe na próxima para que é uma delícia? — A loira perfurou a bolha silenciosa feito um tiro.

ㅤ  ㅤㅤMas não consegui prestar atenção no restante da viagem, muito menos durante a refeição. A cabeça estava ocupada demais pensando em algo.

ㅤ  ㅤㅤOu melhor, em alguém.

Minha Ex-esposa |NaruHina| Onde histórias criam vida. Descubra agora