incendiários que incendeiam corações

veneno não é antídoto, nunca te disseram isso?

querido, quantos amores da sua vida você teve? e quantos você deixou?

eu te amei, você lembra? eu te amei tanto quanto se é permitido amar alguém em vida. te amei em uma força maior que a mim mesma, te amei com desespero e fragilidade.

frágeis. foi o que nós fomos, não foi? frágeis. queria descobrir a hora, qual era a posição do sol e da lua, a velocidade do vento, ou qualquer coisa que tenha mudado no dia em que a gente se quebrou, no dia que o elo que tínhamos e era tão seguro, começou a ser questionável de um modo irreversível.

me diga amor, o que acontece com as pessoas quando o amor chega ao fim? ele ao menos chega ao fim?

eu tenho tantas perguntas que nunca vão ser respondidas. não importa o quanto eu grite, você não vai me ouvir. quando eu deixei de ser tua música favorita?

quer saber de um segredo? eu sempre torci baixinho para que em algum momento desses malditos dias, que você falasse algo, brent. que me pedisse pra ficar ou me mandasse ir. maldito garoto de downtown, por que você não fez isso?

eu estive te esperando. eu estive aqui estupidamente te dando todos os sinais de que eu estava disposta a arriscar tudo mais uma vez, fiz de você o meu risco favorito, por que diabos você não foi capaz de se arriscar comigo?

tentei te dizer inúmeras vezes algumas inúmeras palavras, mas você se fez de surdo em um mundo de barulho. tentei te escrever sentimentos não ditos, mas você se fez de cego em um mundo cheio de escritos.

tentei te entregar meu coração que sempre pareceu tão certo estar contigo, mas anatomia nunca fez o seu tipo.
me fiz e refiz um milhão de vezes para no fim nenhuma versão minha te servir. eu sou uma bagunça, mas a bagunça que você queria.

rimel borrado, olhos cheios d'água e lábios sem metade do batom depois de uma festa tentando fugir do que sinto combinam comigo, e eu sempre achei que o que combinava era você.

shakespeare nos escreveria. ato II: "incendiários que incendeiam corações." porque tudo que começa com uma faísca, termina em chamas. queimadura de terceiro grau, você tá marcado em mim.

bebi do teu veneno achando que seria como beber um vinho, doce e refrescante. percebi tarde demais que aquilo me mataria, o doce era amargo disfarçado, parecia uma tequila.
meu erro foi achar que o antídoto também estaria em ti, me enganei, você foi puro veneno e vômitos dentro de uma pia.

o conto é real. somos como wendy e peter, você se recusa a crescer, e eu sempre tive medo de partir. a diferença darling, é que a nossa terra do nunca, nunca fez sentido.

daqui a sete anos às minhas células terão mudado, e eu habitarei um corpo que não terá seus malditos dígitos impregnados em mim como uma tatuagem, daquelas que a gente se arrepende eternamente de ter feito.

eu te disse uma vez querido, você foi a melhor coisa que me aconteceu, mas se a melhor coisa for realmente algo parecido com você, eu espero ter as piores coisas possíveis.