— Me solta! — Eu chorava e gritava enquanto ele me colocava contra a parede.
Ele me forçava contra a parede, eu tentava gritar, mas as lágrimas me impediam junto a seus lábios pressionados contra os meus. Eu tentava escapar, mas ele era mais forte do que eu. A respiração perto de mim era aterrorizante, eu me sentia um mero pedaço de carne nas mãos de um leão sedento. Em meio ao meu desespero uma voz ecoa.
— Michel, acorda — uma voz calma e familiar fala enquanto eu sinto um toque suave em meu cabelo
Eu acordo ainda com o desespero em meu peito e vejo que quem me chamou foi Nathaniel que estava agachado ao meu lado acariciando minha cabeça.
— Tá tudo bem? Você estava chorando enquanto dormia
Meu olhar era triste e vazio. As memórias não saiam de minha mente e provavelmente nunca irão sair, essa dor é eterna, e tudo por culpa daquele desgraçado que um dia ousou me chamar de filho.
Eu não conseguia olhar nos olhos de Nathaniel que parecia extremamente preocupado. Minha vontade era de chorar e colocar tudo para fora, mas havia uma trava em minha garganta. Eu sabia que ele não merecia ouvir isso, mas aquilo doía, eu queria botar para fora, mas não queria machucar ele.— Eu estou bem... — eu disse em um tom levemente triste — foi apenas um pesadelo, não se preocupe.
Nathaniel sorriu para mim enquanto acariciava meu rosto, então se levantou e voltou a dormir. No resto daquela noite eu não consegui fechar meus olhos, as cenas daquele inferno sempre voltavam então eu passei o resto da noite acordado.
Por volta de seis e alguma coisa da manhã Nathaniel se levantou e a nossa mãe veio me chamar especificamente.
— Olha, hoje nós vamos ao colégio, você vai conhecer e eu vou te matricular lá para você terminar o ano letivo. — ela dizia com um tom de explicação olhando nos meus olhos — Seu histórico escolar está com você, certo? Era para vir junto com os seus documentos.
Entreguei minha pasta de documentos e em pouco tempo ela encontrou. A ida ao colégio foi monótona, mas minha mente pensava como seria. Acho que pode ser o medo de ser igual aos colégios alemães ou apenas ansiedade. Ao chegar lá me surpreendi com o tamanho do colégio levando em conta que uma sala de lá era metade do tamanho dos colégios que estudei.
— Então é isso senhora Lefèvre, Michel pode começar as aulas semana que vem e o material didático deve chegar dentro de 1 mês e meio. — a diretora dizia com um sorriso no rosto — Está animado?
Afirmei com a cabeça mesmo não tendo o mínimo de vontade de estar ali, a única coisa que queria era ir para casa, mas precisava conhecer o colégio ainda. As salas eram imensas e os corredores também. Eram muitas turmas, mesmo não sendo um colégio que agregue o fundamental 1 onde se costumava ter mais turmas nos colégios de Leipzig. A escola era bonita com uma boa organização e uma estrutura boa, mas tinha um problema, ela era extremamente barulhenta e isso com certeza iria me incomodar muito.
Ao chegar em casa não sabia o que fazer. O Nathaniel não estava então não tinha com quem conversar além de eu mesmo, mas nem eu me suporto às vezes. Então o melhor a se fazer foi cochilar.
Eu estava na escola e como sempre os garotos vieram me infernizar, mas dessa vez, quando me levaram para o beco dos armários eles simplesmente sumiram e eu estava em uma cama, preso, imóvel, com alguma coisa me observando. Quando olhei para cima uma silhueta demoníaca me olhava fixamente e repetia frases que tanto me assustavam quando criança.
— Não conte para ninguém, isso é segredo entre pai e filho. — A criatura dizia com uma voz duplicada e monstruosa.
As garras da criatura começam a percorrer meu corpo me arranhando. Cada lugar que aquelas mãos imundas passavam ficava um rastro de sangue e dor. Quando ela estava prestes a chegar em minha parte íntima, a criatura mudou de forma, ainda era demoníaca, mas lembrava um ser humano, lembrava o demônio na terra, lembrava o meu pai.
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Palavras não ditas
Teen Fictionclassificação indicativa: 16+ avisos de conteúdo:linguagem imprópria, abuso sexual, violência, dorgas lícitas, automutilação e suicídio sinopse: Nathaniel e Michel, irmãos gêmeos separados pela vida e unidos por segredos dolorosos. Quando o passado...