VALENTINA MAGALHÃES
Levantei cedo hoje para me atrasar com calma. Tenho uma reunião importante na empresa em que trabalho, provavelmente a pauta seria para falar de atrasos e como uma boa funcionária que sou, irei servir como exemplo rs (rindo de nervoso).
Optei por vestir uma blusa branca social e uma saia preta tubinho, complementei com um cinto de couro e prata, assim como os meus acessórios. Nos pés um scarpin de salto bloco, porque já basta ficar horas encima de um salto, se o salto for fino então, castigo do monstro né!?Borrifei o meu perfume preferido pelo corpo e sai do quarto organizando a minha bolsa, tratei de catar o meu estojo de maquiagem e joguei dentro dela, peguei o meu celular, a minha garrafinha de água e as chaves do apartamento.
Pela as vibrações do celular, a Bruna já havia chegado. Nem me preocupei em responder, corri e sai do apartamento, tranquei a porta às pressas e desci as escadas o mais rápido que pude. De longe avistei o pisca alerta do Hyundai cinza dela.— Bom dia, seu Alberto! — passei pela catraca da entrada e cumprimentei o porteiro.
— Bom dia menina! — ele sorriu e me deu um joia. Sorri como resposta e segui apressada.
A Bruna estava bem despreocupada rolando o feed do instagram enquanto me esperava. Dei dois toques no vidro e abri a porta.— Bom dia princesa linda, perfeita, esplêndida e maravilhosa! — cumprimentei animada e em tons de deboche. Ela me olhou e deu risada.
— Bom dia maravilhosa! Estamos atrasadas! — ela me entregou o celular dela e deu partida no carro.
— Como de costume né meu amor!? Nada fora do normal. — rimos. Me ajeitei no banco e coloquei o cinto. Ela aumentou o som e acelerou em direção a empresa. Tínhamos 10 minutos rs. Dizem que a fé move montanhas né? Quem sabe ela não pausa as horas também.
Aproveitei para ir me maquiando ao longo do caminho. Não fiz nada extravagante, só o básico.
— Passei de nave e ela me viu... Na rua da Água portando fuzil... Me mama num beco, um pouco distante... Me satisfaz, tô na onda do kunk. Tipo Hollywood... — cantarolou o verso do funk que tocava no carro enquanto cortava com maestria todo aquele trânsito caótico do rio de janeiro, até que o meu celular apitou e pude sentir seu olhar curioso sobre mim.
Terminei de guardar os produtos que havia usado e peguei o celular, verificando quem era o dono da mensagem.Direct do Instagram
João Marcos Siqueira
Fala morena, tranquilo?
Vai rolar uma social amanhã, tu anima?
Te busco até em casa fihLi e ri baixinho.
Ele é muito ele por mensagem, eu consigo idealizar perfeitamente, ele na minha frente agora e falando exatamente o que me mandou.— Tá falando com quem vagabunda? — puxou a lateral do meu cabelo. Soltei uma gargalhada alta e lancei um olhar bem debochado.
— O meu pai tá em casa, amor. — joguei o cabelo na direção do lado que ela puxou, segurando para não rir dela que abriu a boca desacreditada, como se eu tivesse falado a maior atrocidade de todas.
— Ah é? Tá assim agora? — ela riu e me encarou com os olhos semicerrados.
— É o João Marcos. — bloqueei o celular e olhei para ela que sorria enquanto balançava a cabeça em negação.
— Tu não se aguenta né?
— Eu aguento, filha. Quem não aguenta é ele.
— Quicada boa essa que tu deu em...
— Você não imagina como. — falei maliciosa e ela negou abrindo um sorrisinho de lado.
[...]
— São oito e cinco, pô. — olhamos para o horário que marcava no rádio. — Nem atrasamos tanto. — rimos sabendo que cinco minutos de atraso era o suficiente para um sermão de cinco dias.
Descemos do carro e caminhamos em direção a entrada. Cumprimentamos as meninas que ficavam na recepção e pegamos o elevador até o sexto andar onde ficava o nosso setor.
Trabalhamos no administrativo. Comecei aqui com dezessete anos, como jovem aprendiz e hoje já faz cinco que trabalho nessa empresa. No início eu trabalhava como recepcionista, fui me destacando pela minha simpatia e quando demitiram alguém do faturamento, fui à primeira a ser cotada para a vaga.
Foi quando conheci a Bruna, ela já trabalhava lá e havia entrado dois anos antes. No início não conversávamos tanto, ela namorava outra menina que também trabalhava na empresa e obviamente, ela não ficava de papinho com mulheres por ai. Só nos aproximamos mesmo depois que ela terminou o relacionamento.
Atualmente temos muito intimidade uma com a outra, o que é ótimo, porque assim conversamos sobre tudo e sem filtros.
Ela foi na frente, abriu a porta do escritório e se afastou, dando espaço pra mim passar. Fomos até o nosso lugar e para o nosso azar, a nossa chefe já estava lá rs. Que maravilha!
Ela verificou as horas no relógio que tinha em seu pulso e em seguida nos olhou de cara fechada.— Dez minutos! — isso foi tudo o que ela disse a respeito do atraso. — Tem que fechar o malote da AMHP hoje. — colocou uma pasta de guias sobre a mesa da Bruna e caminhou até mim. — As guias e os carimbos da unidade estão no armário, temos até às quatorze para lançar e até as dezesseis para pôr nos correios. — me entregou uma folha com uma lista de nomes e a chave do armário que ficava na sala dela. — Eu adoro vocês, mas ultimamente é atraso encima de atraso, fica difícil passar pano. — disse séria e deu as costas, se retirando do nosso escritório.
— Porra, bom dia né? — a Bruna resmungou assim que ficamos sozinhas no ambiente.
— Bruna... — repreendi ela.
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É desculpa pra te ver
RomanceFalar verdade amarga nossa língua, por isso prefiro a mentira pra adoçar. O teu beijo tem sabor de despedida, maldito foi o dia que eu resolvi te provar. Às vezes, te mando sumir mentalmente, mas não me atrevo a falar isso porque vai que você consen...