RITO DE PASSAGEM

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A natureza é sábia, sorrateira e poderosa.

A luz do sol branda vagarosamente sob meu rosto. O vento acaricia a minha pele, enrijecendo apenas o repelente barato em meu rosto e esvoaçando meus cachos volumosos. Uma sensação de paz me possui, deleitando-me enquanto repouso minhas pálpebras.

Neste momento, não hesitei em me entregar à sua armadilha mais traiçoeira. Ela havia me espancado sem causar dor, enquanto os ossos do meu corpo pareciam não existir mais, os meus músculos se aconchegavam aos tecidos da pele e de repente podia sentir-me voar leve como os fios do meu cabelo, entretanto, somente em pensamentos; os quais dançavam ciranda ritmicamente sem um único pé de raciocínio. Foi quando minha alma fez a melhor de suas pausas...

Uma rajada fria e desagradável arrepiou a minha pele, aquela frenagem repentina que forçava a abertura das minhas janelas, arremessara a minha alma para o infer... Não, ufa! Eu ainda estava no paraíso.

Fábio foi o primeiro a saltar do jipe amarelo, cuja carroceria já estava encardida de poeira. "Vocês estão enxergando o mesmo que eu?" Perguntou ele. "Este lugar é maravilhoso! Faremos uma pausa... Eu senti uma forte conexão aqui." dizia com entusiasmo.

Após realinhar minha alma ao corpo, observo toda a nossa volta. Cercados por troncos gigantescos, que poderiam superar naturalmente quarenta metros de altura, com galhos folheados nos cobrindo feito nuvens, o verde predominante reflete os raios solares como luminosidade por cada canto daquela vegetação monstruosa, ecoando assobios de todas as direções incansavelmente. O lugar era realmente deslumbrante, especificamente onde Fábio apontara. Havia um campo excentricamente circular entre as árvores, onde seus galhos permitiam que o sol invadisse o local, intensificando ainda mais o brilho que reverberava; as folhas destacavam-se dos caules caindo suavemente ao chão, os beija-flores entravam em cena e movimentavam-se livremente como se direcionassem o vento. Era patético como a natureza se exibia diante de nós.

Antônio também desceu do jipe e começou a fotografar tudo que lhe chamava atenção; o mais novo do grupo, desde pequeno era apaixonado por câmeras e fotografias, hoje suas imagens são fatais e cirúrgicas.

Quando largo o jipe, a sensação é de leveza; se existia alguma energia negativa sobre mim, deve ter ficado esquentando meu lugar no banco de trás.

Não demorou para que Fábio adentrasse por entre as árvores, que rodeavam aquela chamativa cama verde composta de grama regular e fina. Nosso motorista permaneceu em seu lugar, analisando enormes impressões de mapas da região.

Antes de me render aos encantos, outra coisa atiçou a minha curiosidade: no solo, uma trilha de formigas vibrava um dourado radiante ao passar pelos pontos tocados pelo sol. Não conseguia identificar a sua espécie. Um único toque acabou me dominando de êxtase, minha visão já não é a mesma, corro involuntariamente para dentro do campo que murmurava o meu nome. Eu já estava sorrindo com o vento.

Rito de Passagem [CONTO]Onde histórias criam vida. Descubra agora