O mundo é cruel. Cruel na maior e mais pura essência do significado dessa palavra, como gostar de proferir o mal, atormentar, maltratar, derramar sangue, causar dor.
Causar angústia.
Ser impiedoso.
Esse era o mundo, cruel e atroz.
Mas não é só cruel pelos mal feitos e agonia que se espalhavam a cada dia, hora ou minuto em que uma mente sedenta e traumatizada tentava desesperadamente se agarrar ao mínimo que a fizesse sentir alguma coisa.
Não, ele é cruel porque ele causa esses momentos. Ele traz a felicidade, ou o conceito que você criou de felicidade. Ele a entrega a você e faz o seu cérebro soltar aqueles hormônios de seratonina e dopamina, o fazendo se sentir embreagado, pensando que aquilo era certo, que vai dar certo, que não é tão ruim assim.
É como um carinho na cabeça antes de receber um soco no estômago, trazendo a ânsia de vômito
Como um breve aceno antes de ser inundado por um avalanche, se instalando o sentimento de incerteza e traição.
Como um sapo que coacha antes da chegada das piores tempestades, trazendo aquela ansiedade e paranóia, pois você sabe que algo vai dar errado. Cedo, ou tarde, ela vai vir.
Com raios amedrontadores, relâmpagos cegantes e trovões capazes de ressoar em seu crânio por horas a fio.
O mundo é cruel porque ele também é clemente.
Porque ele te coloca em situações onde você se pergunta se vale a pena desistir na mesma intensidade em que te pergunta se vale a pena continuar.
Porque tudo era demais para a mente fraca lidar.
Mas não pro mundo.
Porque o mundo é epopeico.
E é vários tons de cinza.
Naquele dia, um jovem garoto de cabelos longos e pretos havia provado o seu ponto ao gozar de uma felicidade que não era sua.
E jamais seria.
Jamais seria porque ele não tinha absolutamente nada.
Não tinha pais, não tinha família.
Não tinha maturidade, não tinha inteligência o suficiente.
Não tinha mais sua irmã, não tinha afeto.
Não tinha nem um lar, ou alimentos regulares.
Não tinha nada.
Não tinha pois o mundo o odiava, e as pessoas não entendiam ou aceitavam o que era diferente.
Não tinha pois sua mente era carregada por traumas e anseios que o impediam de dormir adequadamente a noite, e o fazia dormir horas que não deveria durante o dia.
Não tinha pois era incapaz, fraco, e inútil.
Não tinha pois julgavam cada passo que ousava dar.
Não gostavam dele.
Não gostavam de seu cabelo comprido.
Não gostavam de sua dificuldade em entender as coisas.
Não gostavam da sua forma de lidar com as pessoas.
Não gostavam de suas risadas.
Ou de sua escrita inconstante.
Não gostavam nem mesmo das coisas que ele gostava.
Deus não gostava daquilo. Ele iria pro inferno.
Não tinha o direito de usufruir de tal felicidade.
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Os mais velhos | Dangal
FanfictionGaspar encontra Gal nos corredores durante a madrugada. Gal não está bem. -//- Escrevi essa shot no primeiro dia da semana Dangal que tava rolando no twitter porque pretendia participar. Nitidamente não deu certoKKKK Pode ser lida independente de s...