catorze | preparativos

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"Você está aqui, seus olhos estão olhando nos meus

Então, amor, me faça voar

Meu coração nunca se sentiu assim antes"

Beautiful eyes | Taylor Swift

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Depois que combinamos nosso chamego sem etiqueta, eu e a Didi ainda ficamos por um tempo trocando beijos e muito carinho no sofá da sala do apartamento dela. Conversamos um pouco e ela me contou sobre a ideia do calendário para ajudar a ONG e eu contei que meus tios me deixaram adotar o Paçoca.

Ela é claro que me lembrou de que nós dois nos responsabilizamos por ele, e que ela não abriria mão de ter metade da guarda do Paçoca, fez uma carinha linda de brava que eu desfiz com muitos beijos enquanto prometia que ela poderia ver o pestinha quando quisesse, e é claro, ao pai dele também.

Por mim, eu ainda ficaria muito tempo no sofá de chamego com ela, mas não demorou muito para ela me expulsar de lá, dando a desculpa de que já estava tarde e era perigoso pra eu ficar andando de moto por aí. Muito contrariado eu aceitei e fui embora, e assim que cheguei em casa, mandei uma mensagem avisando que eu já havia chegado.

Acordei bem mais cedo do que de costume para correr um pouco, eu estava um pouco desleixado com atividade física, e agora que voltaria a jogar, precisaria me dedicar mais para ter o condicionamento necessário para aguentar os jogos.

Tomei um banho rápido para despertar o corpo, escovei meus dentes, vesti uma calça de malha e uma camiseta, calcei meu tênis, peguei meus fones de ouvido e conectei o bluetooth, já ligando minha playlist favorita e fui até a cozinha preparar um shake de pré treino. Todos ainda estavam dormindo quando saí para a minha corrida.

Dei várias voltas pelo condomínio dos meus tios, ouvindo algumas músicas do John Mayer, sentindo a brisa fresca bater contra o meu rosto. Depois de mais algumas voltas, eu já estava entrando novamente em casa, e encontrei minha tia na cozinha quando fui tomar água.

— Bom dia, meu sobrinho lindo! Você está parecendo seu pai acordando tão cedo para ir correr.

— Preciso voltar a me exercitar com frequência, estou desacostumado com o ritmo e preciso me preparar para os jogos.

— Você me faz lembrar seu pai nessa idade, lembro até hoje da felicidade dele quando conseguiu a bolsa esportiva da faculdade, seu avô ainda manteve esperanças de que ele fosse assumir a empresa da família, mas ele estava tão apaixonado pelo futebol e falava tanto sobre se profissionalizar, que era impossível não torcer para ele conseguir.

— Como o vovô reagiu quando ele conseguiu entrar nos bulldogs? — perguntei curioso tomando um pouco de água, enquanto minha tia terminava de colocar pó na cafeteira.

— Todos nós ficamos muito felizes por ele, era o sonho do seu pai e seu avô ficou cheio de orgulho, e conhecendo meu irmão como eu conheço, ele deve estar explodindo de alegria de ver você seguindo os passos dele, mesmo que não seja com a intenção de jogar para sempre como ele.

As palavras da minha tia me fizeram ficar pensativo, na escola as pessoas colocavam muita expectativa em mim por causa do meu pai, esperavam que eu fosse como ele. Esse foi um dos motivos por que eu não quis continuar jogando, mesmo tendo oportunidade de entrar na faculdade com bolsa esportiva achei que seria demais para mim e desisti, e agora eu estou aqui no Brasil num time de futebol americano.

— Vai tomar banho, Theo. Já está quase na hora da sua aula e eu não quero que se atrase. — minha tia disse me tirando dos meus pensamentos.

— Estou indo.

Linhas Invisíveis - Theo's VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora