Inefável

02

O sol estava quase se pondo eu andava sozinha pelas ruas silenciosas de um bairro da elite de Harmoonwood, quando uma moto preta, aparentemente bastante cara para ao meu lado, a pessoa usava um capacete preto jaqueta de couro preta e uma calça também preta.

— Anda, sobe logo, minha mãe pediu para te ver e eu não vou deixar a filhinha dela ir de pé até a casa, ela me mataria. — O garoto abre o capacete dando ideia de quem era.

— Abandonou a skin capitão do time, popular e babaca para a de bad boy? — digo no tom mais irônico que consigo e ele apenas me dá um sorriso falso e faz sinal para eu subir logo. — Não precisa fingir ser legal, sua casa não é tão longe, são apenas duas depois da minha.

— Cala a boca e sobe logo, salsicha. — ele sabe como me tirar do sério.

Subo na garupa e logo ele acelera, senti minha alma saindo quando ele começou a fazer manobras com o veículo, eu tenho noventa e nove por cento de certeza de que ele apenas está fazendo isso para me assustar então vou permanecer inabalável. Quando finalmente chegamos eu quase pulei da moto e dando a olhada de sempre não na estrutura da casa, afinal, eram todas iguais brancas e sem graça, mas na casa de Camila não, havia flores que são regadas todas as manhãs no mesmo horário, cuidadas com todo amor do mundo, com certeza meu sonho era ser uma dessas flores.

— Não vai entrar? — Ben diz já abrindo a porta e entrando, fui atrás dele e logo quando a loira me vê dá um largo sorriso e me dá um abraço que talvez seja meu lugar favorito.

— Hope, qual foi o motivo de você não ter vindo me ver nesse verão? Fiz raspadinhas e torta de limão na sua espera, Ben acabou comendo tudo. — solta uma risadinha olhando para o filho que se deitou de forma desajeitada no sofá.

— Madrinha, você sabe o quanto Ryan é chato para me deixar sair, eu no máximo ia na piscina em alguns finais de semana, de resto eu apenas ajudei Amélia a ser escrava do lar. — bufo e me sento na poltrona e tiro meus sapatos.

— Que nojo Laurent, coloque isso de novo, está deixando minha casa fedorenta! — Ben exclama como criança com os olhos vidrados no celular e eu jogo meu tênis em cima dele que resmunga quando é atingido.

— Céus, vocês parecem que continuam com 10 anos de idade! — um pouco irritada Camila dá um tapa na perna dos dois e vai em direção as escadas. — Hope querida, deixei alguns vestidos para você, vista algo que goste e fique linda, iremos jantar e eu convidei seus tios. Vocês tem menos de 1 hora!

— Menos de uma hora? A salsicha precisa de cinco séculos para ficar bonita. — o tom irônico dele foi é o gatilho para minha raiva aparecer.

— Você vai esperar até lá deus grego? — eu adoro flertes na brincadeira, principalmente com Ben, ele simplesmente revira os olhos e sai.

Eu subi as escadas até meu quarto, que era a mesma decoração de quando eu era criança, um papel de parede rosa, inúmeros brinquedos e desenhos nas paredes e ainda tinham os desenhos que eu e Ben havíamos feito antes de nos odiarmos, são fofos.

Coloquei um vestido rosa bebê de seda, ele acinturado na verdade eu achei ele encantador, eu estou me sentindo encantadora pela primeira vez em muito tempo, passei babyliss em meus cabelos escorridos os fazendo ficar com ondas em suas pontas. Eu adorava meu cabelo, era a única coisa que eu tinha herdado dela, nem sua empresa herdei, tudo ficou em nome de meu tio, que hoje vive às custas do trabalho suado de minha mãe.

— Anda logo Laurent, de jeito nenhum você fica bonita, apenas desista. — reviro meus olhos e abro a porta dando de cara com Ben, não estava tão formal mas estava...normal.

— Espero algum dia encontrar um namorado mais obcecado por mim do que você D' Angelo.— provoco e ele me da um dedo do meio e sai sem mais nem menos.

Desci para receber meus tios e como sempre estava lá a escrava do lar e o bulldog inglês, olhando cada centímetro da casa como sempre. O jantar foi um porre, Amélia falando apenas quando seu marido mandava, Ryan falando sobre a empresa e Camila apenas concordando, no fundo tenho certeza que ela não aguentava mais e o de sempre, Ben e eu brigando descaradamente. Eu juro que qualquer dia desses eu irei ver o sol nascer quadrado.

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