𝘾𝙍𝙀𝘼𝙏𝙐𝙍𝙀𝙎 𝘼𝙏 𝙉𝙄𝙂𝙃𝙏 - 𝙈𝙄𝙆𝙀 𝙎𝘾𝙃𝙈𝙄𝘿𝙏

T H R E E

Foi mais tarde naquele dia quando Jéssica foi acordada pela campainha tocando. Ela se perguntou por um segundo por que ninguém abriu a porta, porque normalmente sua mãe e seu irmão estão em casa nesse horário. Jessica soltou um suspiro e pulou da cama e desceu as escadas para abrir a porta. Era Vanessa, a policial que os visitava no turno da noite.

"Bom dia, Jéssica," Vanessa cumprimentou com um sorriso caloroso no rosto. "Espero não ter acordado você."

Jessica esfregou os olhos e bocejou. — Não, está tudo bem — disse ela, afastando-se para deixar Vanessa entrar. — O que traz você aqui?

"Eu só queria dar uma olhada e ver como você está depois da sua primeira noite", explicou Vanessa, entrando.

"Bem, estava tudo bem e estou bem até agora." Jéssica disse e os dois foram para a pequena cozinha ao lado da sala.

"É bom ouvir isso." Vanessa respondeu, olhando em volta.

"Sim, nós meio que falimos. Minha mãe perdeu o marido e desde então ela parou de trabalhar, então sim", disse Jéssica após notar a expressão no rosto de Vanessa.

— Lamento ouvir isso — disse Vanessa suavemente, com uma expressão simpática. "Deve ser difícil."

Jessica encolheu os ombros, tentando afastar o peso do assunto. "Conseguimos", ela respondeu, forçando um pequeno sorriso. "De qualquer forma, e você? Como está a correr o teu dia?"

Vanessa riu levemente, encostando-se no balcão da cozinha. "Oh, você sabe, as coisas habituais da polícia. Papelada, patrulhamento, mais papelada."

Ambos riram, a tensão de antes se dissipando. Com o passar do dia, Jéssica se abriu mais com Vanessa. Eles conversaram sobre seus empregos, suas famílias e até riram de algumas histórias engraçadas.

"Posso te perguntar uma coisa?" Jessica disse e Vanessa assentiu.

"Claro."

"E o outro segurança que trabalhava lá antes de Mike e eu conseguirmos o emprego?" Vanessa precisou de um segundo para responder à pergunta de Jessica.

"Bem," Vanessa começou, seu sorriso desaparecendo ligeiramente. "O nome dele era Henrique. Ele era um bom homem, dedicado ao seu trabalho. Mas uma noite, ele simplesmente... não apareceu para o seu turno. Não tivemos notícias dele desde então."

Os olhos de Jéssica se arregalaram. "Isso é... perturbador," ela disse, sua mente fervilhando de pensamentos sobre o que poderia ter acontecido.

Vanessa assentiu, com o rosto sério. "É sim. É por isso que levamos essas invasões tão a sério. Não queremos que mais ninguém desapareça."

A sala ficou em silêncio, o peso das palavras de Vanessa pairando no ar. E então Jéssica se lembrou de algo que também fazia parte desse trabalho – de alguma forma.

"E as crianças desaparecidas. Ouvi histórias sobre eles, mas acho que já se passaram anos desde que isso aconteceu." Jessica disse e Vanessa assentiu mais uma vez.

"Sim, já faz um bom tempo", confirmou Vanessa, com uma expressão sombria. "Cinco crianças desapareceram na pizzaria anos atrás. Foi um grande caso, que virou notícia local. Eles nunca foram encontrados e o caso acabou esfriando."

Jéssica sentiu um arrepio percorrer sua espinha. "Isso é... horrível", ela murmurou, sua mente cheia de imagens das crianças desaparecidas.

— Foi — concordou Vanessa, com os olhos distantes. "E é uma das razões pelas quais estamos tão vigilantes em relação à segurança na pizzaria agora. Não queremos que algo assim aconteça novamente."