Capítulo 04

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Reencontro
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    Na manhã seguinte,os primeiros raios de sol entraram pelas frestas da pequena cabana,envolvendo o ambiente em uma luz suave e cálida. Kagome despertou antes mesmo do sol nascer completamente.Ao seu lado,a pequena Rin ainda dormia profundamente,seu corpo frágil encolhido de baixo de uma fina manta.Kagome observou a menina por alguns instantes,hesitante em deixá-la ali sozinha,mas confiante que Sesshomaru,ou ao menos o fiel Jaken, logo viriam ao encontro dela.

    Kagome se levantou com cuidado, evitando qualquer movimento brusco que pudesse acordar Rin,e preparou alguns lanches simples:bolinhos de arroz e uma garrafinha de suco.Seria uma refeição singela,mas Kagome se sentia feliz em oferecer algo além dos peixes que Rin provavelmente roubava para sobreviver.Ao colocar a comida ao lado da menina,Rin se mexeu,inspirando o ar que trazia o aroma do alimento.

— Rin-chan,está na hora de acordar — murmurou Kagome com um tom gentil,tocando de leve o ombro dela. Rin se remexeu,esfregando os olhos sonolentos com a mãozinha,e então olhou para Kagome com um brilho curioso e ligeiramente confuso no olhar.

— Levante-se,pequena.Está na hora de comer.Quando terminarmos iremos partir — avisou,sorrindo.

— Está bem,senhorita Kagome — respondeu Rin com um tom tímido, mas obediente,ainda um pouco sonolenta.Kagome entregou-lhe o prato,e os olhos de Rin se arregalaram de surpresa e encantamento ao ver a comida diante dela,hesitante como se temesse que tudo fosse apenas um sonho.

— É seu,pode comer — incentivou Kagome,a perceber relutância de Rin. Um sorriso singelo surgiu no rosto da menina,e ela começou a comer com um brilho de felicidade que tomou o coração da sacerdotisa.

   Quando terminaram a refeição, Kagome começou a empacotar seus pertences,mas notou que Rin não tinha absolutamente nada para levar comigo.As roupas dela estavam desgastadas,quase trapos,e seus pequenos pés estavam sujos, evidências de uma vida de privações. Kagome suspirou,decidida a resolver isso em breve.

    As duas saíram da cabana,e o céu estava nublado,conferindo uma melancólica peculiar ao cenário.O ar estava fresco,e o som dos pássaros ecoava à distância.Contudo,assim que saíram,encontraram um grupo de homens com expressões de desdém e hostilidade,segurando pedras,galhos e pedaços de madeira como armas improvisadas.Kagome franziu o cenho,observando os rostos dos aldeões,homens robustos e carrancudos,que não pareciam dispostos a ceder.

— Posso saber o que significa isso? — perguntou Kagome,mantendo um tom firme enquanto colocava Ron atrás de si,a protegendo com o próprio corpo.

— Queremos que essa garota amaldiçoada saia de nossa vila! — gritou um dos homens,o pescador do dia anterior.Um murmúrio de concordância espalhou-se pelo grupo, com olhares cheios de desprezo e desprezo.

— Estávamos prestes a partir quando vocês apareceram.Não há necessidade de toda essa agitação — respondeu Kagome,tentando manter a calma, embora estivesse com vontade de pegar o arco e dispar uma flecha no meio dos que consideravam Rin um fardo.Um amontoados de homens crescidos amedrontados por uma criança indefesa a revoltava.

— Como podemos confiar em você? _ perguntou um home mais velho,com olhos desconfiados.

    Outro aldeão se adiantou, gesticulando com as mãos de forma acusatória.

— Ontem uma das crianças da vila disse ter visto um youkai saindo desta cabana.Vocês estavam com ele!

   Kagome suspirou,impaciente, sentindo o peso das palavras deles como um lembrete de que o preconceito e o medo eram profundos naquela época.

— O que estão insinuando? — perguntou,mantendo a mão próxima ao arco,pronta para reagir,caso fosse nescessário.

— Que você pode ser uma youkai, tentando nos enganar junto a essa garota! — gritou outro homem,com um olhar carregado de ódio e desconfiança.

   Rin,assustada,apertou as mãos trêmulas ao redor do braço de Kagome.

— Senhorita Kagome...— murmurou ela,sua voz quase inaudível de tão baixa.

— Fique atrás de mim.Eu vou protegê-la — assegurou Kagome, lançando-lhe um olhar confiante.

   Outro homem gritou no meio da multidão,sua voz reverberando como um trovão.

— Os youkais podem fingir ser sacerdotes!Nada impede que um se disfarce de miko!

   A multidão parecia cada vez mais incitada,e alguns deles começaram a avançar,lançando pedras e gritos enfurecidos.Kagome se colocou na frente de Rin,usando seu próprio corpo como escudo,sentindo o impacto das pedras em suas costas e braços.Os olhos de Rin começaram a se encher de lágrimas ao ver Kagome se machucando por ela.Uma profunda sensação de culpa e tristeza tomou conta da menina.

    Um dos aldeões,aproveitando que Kagome estava de costas,avançou com um ancinho em punho,pronto para golpeá-la.

— Não!Senhorita Kagome! — gritou Rin em desespero,enquanto Kagome tentava se virar para proteger ao menos o rosto do ataque.Ela fechou os olhos, preparando-se para o golpe.

   Mas o ataque nunca chegou.

   Ao invés disso,um grito de pavor ecoou pela multidão,e Kagome abriu os olhos a tempo de ver o homem recuar,com o rosto lívido de medo. Ele olhava para algo atrás dela,com olhos arregalados.E então,o grupo de aldeões começou a recuar,gritando e correndo em direção à vila,deixando Kagome confusa.

— Senhorita Kagome,olhe! — chamou  Rin,apontando para a ponte próxima.

   Kagome seguiu o olhar de Rin e então o viu: Sesshomaru,em toda sua imponência e frieza,observando a cena de cima da ponte.Ao seu lado, Jaken mantinha a expressão habitual de desdém,encarando os aldeões como se fossem insetos insignificantes.O semblante de Sesshomaru era impenetrável,seu olhar dourado estava fixo em Kagome,enquanto uma leve brisa fazia seus longos cabelos prateados dançarem com graciosidade.

   Era como se o destino tivesse se encarregado de manter intacta a essência daquela história. Sesshomaru, implacável e misterioso, havia salvado Rin mais uma vez,como deveria ter feito desde o princípio. Kagome soltou um suspiro de alívio e gratidão,segurando a mão de Rin com delicadeza.

   Elas caminharam até Sesshomaru e Jaken,e Rin hesitou ao ver o youkai de perto.Mas ao notar que Kagome permanecia calma,ela baixou a guarda,confiando na presença da miko.

— Obrigada pela ajuda, Sesshomaru — disse Kagome,com uma reverência educada.Em seguida,olhou para o pequeno youkai verde ao seu lado.— Olá,Jaken.

   Jaken soltou uma risada zombateira.

— Para uma miko,você parece ter perdido o respeito dos humanos,não é?— disse ele,com seu sotaque caracterisco e uma expressão de desprezo.

   Kagome apenas sorriu,mantendo sua compostura,enquanto Rin olhava para Sesshomaru com admiração e cautela.

   Sesshomaru permaneceu em silêncio,seu olhar enigmático fixo em Rin por alguns instantes.Era como se ele estivesse avaliando algo,um julgamento silencioso que fazia Rin estremecer ligeiramente.Ele não expressou emoção,mas seu olhar parecia reconhecer algo na menina, uma conexão que transcendia palavras.

    Kagome podia sentir que aquele era apenas o começo de algo maior.



Continua...
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Virei a Kagome: Sesshomaru e KagomeOnde histórias criam vida. Descubra agora