As palavras

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Os dois sentaram em um banco próximo de onde estavam. Augusto começou a falar:

_ Os seus olhos... eu carrego eles comigo à dias. Desde o primeiro dia que eu os vi, não consegui parar de pensar no quanto seu rosto era lindo. Me desculpe! Eu não sei o que é isso. Nunca senti nada igual. Não sei explicar. Mas, por favor, não fuja!

Ele nem imaginava, mas Live também não havia tirado seu rosto da cabeça. Só que ela preferiu não contar isso, tinha medo e ainda não sabia exatamente do quê. Então, disse, tentando pôr um tom de de quem não estava ligando para aquela situação:

_ Olha, cara, eu nem te conheço e não vou cair nesse papinho de carregar meus olhos com você. Só aceitei falar com você porque minha curiosidade foi maior. Agora me deixa ir!


Ela fugiu (de novo) do que poderia ser um sopro de chance que a vida estava dando para ela recomeçar e sentir tudo o que havia prometido não sentir nunca mais.

Live, que sempre foi tímida e que gostava de fugir das coisas, já viveu uma avalanche de emoções que só descoloriu seu mundo interior. Foi enganada. Enquanto ela amava, só recebia falsos sentimentos de volta. Por muito tempo não sentira o que sentiu ao encontrar Augusto: o coração bater mais forte, a boca secar, as pernas tremerem e as palavras se esforçarem para sair. E foi isso que a deixou com medo. Passar por tudo isso e depois a avalanche acontecer novamente não estava nos seus planos.


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