02 + the perks of being a teenager

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Abano a cabeça livrando-a dos meus pensamentos depressivos e suicidas correndo para a minha bicicleta e desta vez, eu vou para onde penso que me podem ajudar. Com o que é que quer que eu esteja a passar agora.

A clínica. A clínica psiquiátrica do hospital, talvez lá consigam-me ajudar, dar-me algo, eu não sei. Os anti depressivos que eu secretamente tomo já não estão a dar resultado. Eu sinto como se já não houvesse nenhum lado para ir, sem ser esta clínica.


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Suspiro empurrando a porta de vidro à minha frente engolindo seco antes de me dirigir à senhora atrás do balcão.

"Hm, desculpe?" Pergunto mordendo o meu lábio inferior nervosamente.

"Hm?" A senhora murmura colocando uma mão à frente do telefone por onde estava a falar.

"Eu quero matar-me." Molho os meus lábios coçando o meu cabelo.

"Preencha isto, por favor." A senhora entrega-me o que parece ser um formulário, formando um sorriso antes de voltar a falar para o telemóvel. Engulo seco agarrando na caneta que estava atada a uma pequena corda e ao suporte de madeira, respirando fundo antes de olhar para os espaços em branco na folha e preenche-los todos rapidamente.

"A-aqui está." Entrego a tableta de madeira com o formulário à senhora que pára de falar ao telefone momentaneamente para pegar no suporte e analisá-lo.

"Vai pelo corredor 3, depois entra na ala B e vai para a sala 3B7 do doutor Moore, ele vai-te fazer umas perguntas." A senhora explica levantando-me uma sobrancelha, "Entendido?"

"S-sim, 3B e 7." Assinto nervosamente e a senhora concorda com a cabeça apontando para a sua direita, para um corredor com uma placa «3» em cima.

Respiro fundo indo em direção ao corredor que me foi indicado.

"Ala B.. Ala B.. Ala B." Repito para mim mesmo até encontrar outro corredor mais estreito com «ALA B» em letras grandes em cima.

Entro pelo corredor olhando à minha volta e vendo que haviam várias portas numeradas.

"7." Sussurro andando em direção à porta que estava aberta.

"Doutor Moore?" Pergunto entrando pelo escritório a dentro lentamente.

"Eu mesmo." Um senhor que me parecia mexicano vem até mim, "O que te trouxe aqui?"

"Eu quero me matar." Murmuro baixo e ele solta um longo suspiro fazendo-me sinal para me sentar na cadeira.

"Qual é o teu nome rapaz?" Ele pergunta colocando-me algo que eu penso que é para medir a pressão à volta do meu braço.

"M-Michael." Murmuro mordendo o interior da minha bochecha.

"Michael, diz-me, à quanto tempo é que tens andado com tendências suicidas?" O médico vê a minha pressão rapidamente e retira-me o plástico preto do braço. Esfrego o meu braço puxando a minha camisola para baixo.

"Eu não sei bem... estou deprimido à mais ó menos um ano." Olho para as minhas pernas puxando as pontas da minha camisola para cobrir as minhas mãos, "E... já pensei no suicido antes. Mas nunca foi desta maneira. Nunca foi tão... real."

"Hm... algo especifico que tenha desencadeado esse sentimento?" Ele pergunta apontando a minha resposta na sua folha.

Eu gostava de dizer que tenho um motivo, como o meu pai bateu-me ou fui abusado sexualmente. Mas os meus problemas não são assim tão... sérios.

Por exemplo, os meus pais fazem sempre as perguntas erradas. Eles perguntam sempre sobre as minhas notas, como me estou a sair na escola, se já escolhi uma universidade para frequentar para o ano. Mas não era isso que eu queria que eles perguntassem.

E os meus amigos, eu às vezes sinto que eles me olham como se eu fosse de outro mundo. Sinto que nunca me consigo encaixar completamente dentro do meu pequeno grupo de amigos.

E bem, há esta rapariga que eu penso que gosto durante algum tempo. Mas acontece que ela é a namorada do meu melhor amigo.

Então, há algum motivo porque eu quero saltar daquela ponte?

"Ah, não... nada de especial." Dou de ombros.

"Todas algum remédio?" O médico senta-se na sua cadeira soltando um suspiro.

"Anti depressivos. Mas eu parei à algum tempo." Explico balançando as minhas pernas na cadeira.

"O teu médico suspendeu o remédio?"

"Não, eu parei por conta própria." Engulo seco encarando o chão do escritório.

"Oh, não devias." O médico abana a cabeça olhando novamente para a sua folha, "Olha, Michael, tu não pareces ser um perigo para ti mesmo, então o que eu vou sugerir é falarmos com os teus pais, contarmos o que está a acontecer e eu vou-te para um dos nossos serviços fora do hospit-" Ele explica mas eu logo corto-o.

"Mas é que eu... eu preciso de ajuda agora." Viro-me para o médico exaltando-me um pouco.

"Sei que estás chateado, mas Michael, as pessoas que nós temos aqui nesta ala estão muito doentes, muito mesmo." O médico continua parecendo mais sério.

"Mas eu também estou! O senhor não pode... dar-me alguma coisa?" Mordo o meu lábio rezando para o médico não fale com os meus pais ou que ele mude de ideias em relação ao meu estado.

"Não sem a permissão dos teus pais. Olha, isto aqui é sério e-"

"Acho que eu não me expliquei bem... o quanto... o meu caso é sério. Parece que está tudo a virar uma bola de neve... e parece que as outras pessoas conseguem resolver tudo... mas eu não. Percebe? Eu estou com muito medo, okay? E eu não posso voltar lá para fora. Eu não sei o que... eu vou acabar por fazer alguma coisa. Eu preciso de ajuda, por favor, eu preciso que o doutor me ajude." Solto um longo suspiro esperando que o doutor diga alguma coisa depois deste meu grande desabafo.


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(nota: não tenho muito a dizer sobre isto ahah até aqui é muuuito parecido com o filme do it's kind of a funny story, mas na parte da clínica é diferente! espero que esteja bom? e se gostarem mostrem isso com um voto ou até mesmo um comentário :))

the perks of being a suicidal + muke a.uOnde histórias criam vida. Descubra agora