Capítulo 1

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   Dias Atuais

Desirée sentiu a dureza das palavras de Mr. Philips ecoando em seu peito, como se cada sílaba fosse um golpe que a arrancasse daquele pequeno refúgio que chamava de lar. O prazo do aluguel vencido era uma sentença que pairava sobre ela e Ana, sua filha. Três meses se passaram desde que o aluguel ficou para trás, um descuido que agora poderia levá-las a morar sob uma ponte.

-Não quero mais saber das suas desculpas, Desirée, o prazo do aluguel venceu!

As palavras do senhorio reverberaram em Desirée, cortando mais fundo do que ela imaginava. Ana, agarrada à barra da saia da mãe, não entendia completamente a gravidade da situação, mas percebia a tensão no ar.

-Mamãe, papai vai me buscar?

-Não, querida, papai está ocupado. Somos só nós duas, lembra?

Desirée recolheu sua mala com a mochila de abelhinha da filha, e desceu as escadas, sentindo o peso do mundo a cada passo. A relação com Robert, o pai abusivo, a deixara em uma encruzilhada, onde a luta pela guarda de Ana era iminente.

-Por favor, senhor Philips, tenho uma filha pequena. Se quer colocar a culpa do mundo em alguém, coloque em mim, menos nela. Ela não merece!

-Procure uma ponte para morar, já fiz minha parte!

Philips trancou a porta do apartamento, apontando a escadaria como a cruel realidade que agora era o destino de Desirée e Ana.

-Mamãe,to com fome! Disse a garotinha enquanto era guiada pela mão por Desirée.

-Não se preocupe, meu amor. Vou arranjar algo para você comer.

Desirée percorre as ruas de Nova York sem casa definida, sua mala em mãos. Enquanto enfrenta o tumulto, para em um quiosque e compra um sanduíche para Ana. Embora seu estômago ronque, a prioridade é a filha. Desirée busca oportunidades em escritórios, questionando a falta delas para mulheres, oprimidas pelo patriarcado, obrigadas a se curvar diante de padrões impostos por homens.
Desirée, foi criada por uma mãe solteira, fazia faxinas para sobrevivência delas. Porém não foi só isso, sua mãe a alertou! Quanto a homens e o que ela faria agora? Voltaria pra casa, e suportaria toda aquela humilhação de sua mãe.

Jogando na cara, que estava certa? Todo esse tempo, que ela devia ter terminado a faculdade de administração, está em um emprego que desse pra pagar ás contas. Claro, que não ela tinha um orgulho a manter, mesmo que a matasse de fome.

Só tinha um pessoa com quem podia contar, nesse momento difícil. Era Juliane, sua amiga do tempo que começou a faculdade, às coisas seriam esquisitas agora? Claro, antes ela era solteira, agora tem uma filha a única coisa boa que veio de Robert.

Enquanto começava a chover, a jovem mulher do quiosque vê a angústia, estampada em seu rosto, e resolve puxar a cadeira, e se sentar na mesa delas, e ver se a moça loira se abria.

- Olá, minha jovem, me chamo dona Adélia! Mas os mais íntimos me chamam Adélia. vi que está apreensiva! Essa bonequinha linda é sua filha?

Desirée dá um sorriso fraco, pra mulher dona, do quiosque confirmado com a mão fechada em torno do pescoço, usando a mesa de apoio ela aparentava ser uma pessoa boa, mas pelas coisas que aconteceu com a moça, ela já não esperava mais ver, o lado bom das pessoas. A dona do quiosque aparentava ter, mais de setenta anos, porém não deixava se abater, o serviço a fazer todos os dias, em seu estabelecimento sempre a motivou.

- Acho que você não pode me ajudar!

- titio Philips, mandou mamãe morar debaixo da ponte comigo titia!

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