Cega.
Ela não via nada, nada além de uma vasta escuridão. A venda em seus olhos a deixava totalmente imersa no mundo ao seu redor.
Ela ouvia passos traçando círculos em volta de si. Ouvia a pontada de veneno que laçava a risada baixa que ecoava pelo quarto. Ouvia as gotas de água batendo contra a janela.
Ela conseguia sentir o cheiro de chuva, sentia também o aroma de morango cítrico. Suas narinas queimavam.
Dahyun conseguia sentir tudo. Sentia o chão pressionando contra seus joelhos, sentia o laço apertado em volta de seus pulsos, sentia o suor escorrer por seu pescoço.
Mas ainda assim, era como se não sentisse nada. Não o suficiente, de qualquer maneira.
"Por favor." Sua voz soou pequena, quase como um sussurro.
Os passos ao seu redor cessaram. Por alguns segundos, considerou que tivesse sido deixada sozinha.
Uma mão agarrou seu queixo. Sentiu as unhas arranharem sua pele lentamente.
Mais uma risada soou pelo quarto, tão perto de seu rosto que podia sentir o cheiro de menta.
"Eu não disse que você podia falar, disse?" As unhas deslizaram de seu queixo para o maxilar, descendo para o pescoço antes de voltar para cima.
Um dedo pressionou contra seu lábio inferior.
"Abra." Podia sentir o sorriso em sua voz.
Separou seus lábios, e sentiu a ponta do polegar tocar sua língua.
Inclinou a cabeça para frente e fechou a boca ao redor do dígito. Serpenteou a lingua lentamente em volta do dedo macio.
Ouviu um suspiro pesado antes que o dedo fosse tirado de si.
"Ah, Dahyun-chan." Escutou o barulho de algo sendo solto no chão, depois o mesmo som mais uma vez.
A venda foi tirada de seus olhos.
Piscou algumas vezes. O quarto ainda estava escuro, exceto pela luz da Lua entrando pela janela descoberta.
Olhou para cima. Castanho encontrou castanho.
"Sana." suspirou fraco. "Por favor."
Um sorriso adornou os lábios rosados. Ela se aproximou.
"Levante-se." Seus joelhos deixaram o chão, seus pés tocaram o piso de madeira. Sentiu um arrepio correr por sua espinha.
Uma mão encontrou seu queixo novamente. Olhos fecharam quando um nariz se arrastou contra o seu.
"Vou desamarrar seus pulsos." Um sussurro contra seus lábios. "Mas preciso que faça apenas o que eu disser." Um beijo no canto de sua boca. "Pode fazer isso pra mim, não pode?"
Engoliu seco.
"S-Sim."
Seu queixo foi solto, assim como o laço que a prendia minutos atrás.
Suas mãos buscaram pelo corpo da mulher em sua frente.
Seus pulsos foram segurados. Unhas puseram-se contra sua pele. Sentiu seu rosto esquentar.
"Apenas o que eu disser, lembra?" Questionou a voz retoricamente.
Prendeu a língua entre os dentes. "Perdão."
Seus pulsos foram libertos. Mãos empurraram seus ombros. A parte de trás de seus joelhos bateu contra a cama.
"Sente."
O colchão macio afundou com seu corpo. O edredom dobrou quando Sana sentou em seu colo.
"Olhe pra mim."
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Ainda não
FanfictionDahyun era inconsequente. Mas sempre virava o jogo, do seu jeito. 2023 - Português Brasileiro.