O Provador-Jikook

Capítulo único

Não é a primeira vez que ele via o garoto de olhos grandes e sorriso encantador naquele shopping, localizado no centro de Seul. Jimin costumava passar em frente à loja onde o rapaz trabalhava todas às vezes que saía para fazer compras. Certo dia, os ternos de corte italiano, expostos em manequins chamaram a sua atenção. Então, entrou para ver as peças — e por que não o jovem atendente de cabelos castanhos?

Park Jimin é, atualmente, vice-presidente da empresa de audiovisual Bangtan; sendo o mais jovem empresário no ramo atualmente e com o maior número de ações dentre os CEOs. Um homem rico, de beleza invejável, que atrai atenção aonde quer que entre. Sua presença é forte e seu olhar impetuoso, o qual costuma varrer os locais por onde passa — naquele lugar, não seria diferente, pois entrou com um objetivo específico em mente. Não era por acaso ou algo do gênero, queria que aquele atendente soubesse de sua existência e que lhe pertencia.

Era um conquistador nato, de fato.

Jungkook arrumou sua postura assim que viu o cliente entrar pela porta. Caminhou até ele com um sorriso simpático nos lábios, mas cessou seus passos e colocou uma das mãos no bolso mantendo o olhar concentrado. O homem em questão se parecia com os empresários ricos e sérios que costumava atender. Notou as sobrancelhas minuciosas em sua direção, como se estivessem lhe avaliando. A mandíbula cerrada, os lábios vermelhos, cabelos pretos e olhos amendoados. Ele parecia uma obra de arte desenhada e emoldurada pelas mãos de um artista experiente de tão perfeito que eram os traços de seu rosto. Que homem!

Manteve a postura inicial enquanto ele se aproximava — mesmo que estivesse sem fôlego.

— Boa tarde, senhor. — Cumprimentou-o com uma leve reverência. — Meu nome é Jeon Jungkook! Seja bem-vindo a Epic Touch!

— Boa tarde, sou Park Jimin. — A voz potente se fez presente. O moreno se inclinou levemente, cumprimentando-o com o olhar sério. — Preciso de um terno e um smoking. — Disse, sem rodeios, de maneira direta.

— Me acompanhe, por favor.

Se eu tivesse que te acompanhar até o inferno, com certeza iria. Pensou Jimin, com malícia.

Jimin sorriu de canto enquanto seguia o rapaz pelo ambiente amplo e bem organizado, cuja decoração se destacava em quadros devidamente posicionados até as paredes brancas com detalhes em azul-petróleo. As prateleiras em cor creme, onde algumas peças estavam expostas e devidamente protegidas por uma embalagem transparente para que o tecido não fosse danificado pela luz que entrava pelas enormes vidraças da loja.

Pouco menos de dois passos à frente, o atendente parou, apontou para o sofá de couro preto e pediu que esperasse sentado ali. Ainda com a expressão séria, tomou o assento, abrindo os primeiros dois botões do paletó. Em seguida, cruzou as pernas, pousando uma das palmas sobre o estofado macio e a outra sobre a coxa esquerda. Acompanhou com os olhos o rapaz até o expositor, examinando-o sem a mínima vergonha enquanto ele procurava o que deveria ser o catálogo na parte superior do móvel. Parecia... Meio perdido, talvez?

Enquanto isso, Jungkook pensava que um ano de experiência naquela loja não tinha sido o suficiente. Não conseguia encarar aquele homem, tamanha era a intensidade de seu olhar. Parecia muito instigante, bem mais do que qualquer outro cliente que já passou por ali. Sem que pudesse evitar, deixou que um suspiro baixo escapasse de seus lábios ao retornar para onde o empresário estava. Seguindo com o atendimento, sentou-se ao lado dele — com uma distância considerável — e abriu o catálogo, mostrando o seguimento dos modelos tradicionais e os mais modernos.

Pelo canto dos olhos, Jimin observou minuciosamente a forma como os dedos compridos percorriam a folha e a voz grossa explicava sobre cada modelo com um profissionalismo notável. O corte, as cores, o tipo de tecido, sem deixar de gesticular de maneira leve e sutil. Esticou o sorriso ao percorrer seus olhos do rosto bonito até as pontas dos dedos, voltando para o ponto inicial mais de uma vez. Quase deixou um riso malicioso escapar quando o percebeu engolir em seco devido a sua avaliação nada discreta.