Cᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ 1

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"Quem vive sabe, mesmo sem saber que sabe

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"Quem vive sabe, mesmo sem saber que sabe."
— Clarice Lispector

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   A mandíbula se fechou contra o pescoço do capataz. Sangue espirrou contra a pelagem amarelada do animal, uma nova ferida se abria em seu rosto agora. O estalo foi audível a quilômetros, era um aviso. Ninguém chegaria perto demais de onde não deveria. Não sem o consentimento de Caetena.

   O felino soltou o cadáver sobre o chão úmido com um baque. O rio, atrás de si rugia um agradecimento. Ela não era ninguém, mas era tudo aos olhos da natureza. Da vida. Uma borboleta bateu as asas, rondando uma das várias árvores. Ela soube na hora que não se tratava de apenas um inseto. Nunca era. Problemas estavam vindo.

   A onça ronronando caminhando com um gingado cansado para o meio do rio. A água estava gelada, poderia partir os ossos de qualquer um  com facilidade. Mas ela não era qualquer um.  Atravessou o rio. Não tinha medo de ficar presa entre as correntezas. Ela era, agora, mais que amiga dos seres que controlavam aquelas águas. Quer que fossem.

   Das águas turbulentas surgiu uma figura alta, de cabelos castanhos como a casca de uma árvore antiga. Inês costumava dizer que os cabelos dela eram como sonhos de uma vida ainda não vivida. Como se fossem formados do desejo e angústia de milhões de homens.

— Você não tem crianças para levar embora? —Ironizou Caetena.

— Vim em má hora? — Indagou a de olhos azulados saindo das sombras densas. A luz da lua a banhava em uma oração. A pele parecia mais pálida naquele dia.

   Qualquer que fosse o problema era grande o suficiente para deixar Cuca sem pregar os olhos. Não que eles precisassem dormir. Aquilo era mais um dos prazeres que preferiram conservar. Um hábito. Para que não se esquecessem que um dia já foram humanos.

— Você sempre vem. — Retrucou a morena. — Que tipo de enrascada vocês se meteram dessa vez?

— Algo que não deveria estar aqui surgiu. Nunca imaginei que aconteceria…
  
    Caetena estalou os olhos. Ela podia sentir a energia vacilante da bruxa. Cuca se aproximou. Estavam separadas por um rio extenso e ainda assim a ona podia sentir o cheiro de ervas da mulher, assim como podia sentir seu coração. Estava acelerado. Assim como o dela.

   “Um corpo seco.” Sussurrou a mulher, passando a mão sobre a testa, puxando a franja para trás inconscientemente. Seu rosto estampava uma mistura de horror e desespero. “Você quer que eu o leve? Não é?”

— Você é a única que pode. Você controla a passagem das pessoas.

— A passagem dele está limpa. Este não é o problema.

   “Ele é mau.” Continuou a mulher andando mais para a luz. “Nem o céu nem o inferno querem ele. Está abandonado. Jogado para vagar.”

— Ele está ferindo pessoas… Está ferindo a vida…

— Isso é o que ele faz. Ele é o oposto da paz. Ele é a desgraça. Assim como eu sou a morte.

— E ainda assim você foi capaz de me trazer a vida.

    “E você me traiu. Pegou o que queria.” Rosnou a mulher, dando as costas. “Vá embora.”

    Inês sentiu o coração pesar novamente. Precisava de ajuda, mas não poderia obrigar a mulher. Não depois do que fizera. A bruxa passou a mão pelo rosto, sentindo as lágrimas quentes. Foi embora antes que a morena notasse. Não havia esperança para elas.

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⏰ Última atualização: Dec 30, 2023 ⏰

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