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Nevava quando Taerae chegou à universidade naquela manhã. Ele estava atrasado, não havia dormido na noite anterior pois sentia frio e a energia estava cortada, então não podia ligar o aquecedor. Estava desempregado há dois meses, sem dinheiro para pagar as contas. Só não passava fome porque recebia uma pequena quantia pelo seu trabalho como monitor de algumas matérias na faculdade.

Entrou correndo no elevador, chocando-se com a imagem deplorável que via no espelho, nem teve tempo de pentear o cabelo. Saltou no décimo quinto andar e seguiu em direção ao terraço, onde havia marcado de encontrar o candidato ao seu novo colega de quarto. Uma semana antes, anunciou no grupo da uni que procurava alguém para dividir o apartamento, e logo surgiu um interessado. 

Taerae gostava de morar sozinho. Sempre foi metódico e organizado, não gostava de bagunça e procurava sempre manter sua casa limpa. No entanto, situações desesperadoras exigem medidas desesperadas.

— Ah, com licença, Taerae?

Taerae levantou os olhos e deparou-se com alguém muito bonito, que ele nunca tinha visto na uni. Ele era loiro e usava uma jaqueta bomber azul e calças rasgadas. Se perguntou se ele não estava sentindo frio com aquelas roupas.

Taerae apenas assentiu levemente com a cabeça.

— Fique aqui debaixo do toldo, está nevando.

O estranho segurou levemente o pulso de Taerae e o guiou até o local coberto. Ele ficou um pouco atordoado com o contato repentino, mas não conseguiu reagir.

— Sou o Matthew, que falou com você por mensagem — continuou — estou no primeiro período de Educação Física. Eu morava no Canadá, mas decidi vir estudar aqui. Estou morando temporariamente na casa de um parente, mas vi seu anúncio e me parece ótimo, já que é perto da uni e do meu trabalho. Que tal a gente tomar um café pra conversar melhor? Aqui na cafeteria tem um croissant de dar água na boca, já comeu?

E ambos foram. 

Na maioria do tempo, Matthew falava e Taerae apenas ouvia, balançando a cabeça levemente para mostrar que estava compreendendo. O canadense falava empolgado sobre seu emprego, sua família e sua adolescência no Canadá. Em apenas uma hora de conversa, Taerae descobriu que Matthew tinha uma irmã mais velha e que falava três línguas: inglês, coreano e francês. Ele sorria muito e parecia ser uma pessoa de convivência fácil, era notável que eles iam se dar bem.

 Dessa forma, ficou combinado que Matthew se mudaria no dia seguinte para o apartamento.

Mais tarde, quando o sol estava se pondo e o céu se misturava em rosa e laranja, Taerae se preparava para deixar a sala após sua última aula quando foi abordado por um rosto conhecido. Kim Jiwoong.

— Como vai, hyung? — Perguntou ao mais velho. 

Eles tinham feito aula de ética juntos cerca de um ano atrás e, apesar de reservado, Jiwoong era muito conhecido na uni por sua boa aparência e desenvoltura nas aulas. Ambos tinham trocado poucas palavras durante o período, mas Jiwoong insistia para que chamasse-o de hyung e o tratasse informalmente.

— Não muito bem. Na verdade, eu vim falar com você sobre a proposta de dividir o apartamento. Não sei se você sabe, mas meu antigo colega de quarto se formou e vai se mudar para o exterior. Eu gostaria muito de dividir o aluguel com alguém de confiança, ainda estou pagando meu carro e não há lugares baratos por aqui.

Taerae franziu o cenho, tinha certeza que Jiwoong era rico e não passava perrengues por dinheiro.

— Sinto muito, Jiwoong-ssi. Essa tarde me encontrei com outra pessoa e já acertamos a divisão do aluguel, não posso te ajudar. Mas deve haver alguma vaga em—

colegas de quarto | mattwoongraeOnde histórias criam vida. Descubra agora