20.04.200.
Como toda data comemorativa, o prefeito convida teatros e circos para a diversão do povo da cidade. Já faz alguns anos que minha família não vai a essas comemorações, porém esse ano está sendo diferente. Meus pais estão animados, minha irmãzinha também, estão me pedindo para os acompanhar desde o dia em que foi anunciado o espetáculo. Estou relutante em ir, não acho graça e muito menos acho divertido. Porém, como minha família acha legal e vão se divertir, acho que não faz mal ceder e ir, certo?
•••
Os dias passaram-se rápido, mal pude perceber. Num piscar de olhos o circo já estava montado, não é tão longe, posso vê-lo da janela de meu quarto. Eu respirava lentamente, ainda estava relutante em ir. Sentada em minha cama, olhava para as pessoas esperando para adentrar no circo. Balancei um pouco a cabeça coçando os olhos enquanto me levantava. Ao olhar o relógio ao lado de minha cama, sobre a mesinha, eram exatamente 11:30, nada mal para uma garota que dorme umas 02:00 da manhã.
Preguiçosa, me arrastei até a cômoda, puxando as maçanetas brancas, desgarradas e rabugentas com cautela. Olhando para dentro da gaveta, percebi que realmente precisava de roupas novas, praticamente não tenho mais nada usável. Porém, não posso sair para comprar agora então, me contento com os trapos que me resta. Bufei antes de enfiar a mão e retirar uma blusa azul, clara e com símbolos que não sei distinguir. Ao fechar a gaveta de blusas, regatas e entre outras, puxei a de calças e shorts, bem, está enfriando, uma calça cairia bem.
Assim fiz, peguei uma de minhas calças favoritas, pude finalmente ver um sorriso surgir em meus lábios pálidos e ressecados. Ao finalmente sair de meu transe e começar andar em direção ao banheiro, podia ouvir minha irmã gargalhando pela casa, estranhei pois geralmente ela não fica assim de manhã, mas apenas relevei, provavelmente está animada para ir ao circo. Ao suspender minhas vestes meticulosamente na estrutura metálica na minha casa de banho, permiti-me repousar brevemente na borda da pia, contemplando meu reflexo zoado no espelho. Após alguns fugazes instantes de introspecção, procedi a me despir, preparando-me, por fim, para adentrar o recinto do chuveiro.
Ao ligar o chuveiro, a água fria caiu sobre meu corpo, molhando meus cabelos, os fazendo cair sobre minhas costas e rosto. Suspirei sentindo a leveza que a água me trazia, estava morna e era perfeita para relaxar ali e ficar uma eternidade, porém isso também não é possível. Continuei o ritual matinal com uma cadência própria, saindo do recinto da minha higiene pessoal após um período não prolixo. O enxugo meticuloso do corpo foi sucedido pela aderência cuidadosa de minha toalha e logo após as vestes, cada peça acariciando minha pele como um elo entre eu e o tecido. Enquanto penteava meticulosamente meus cabelos, pude sentir a textura dos fios cedendo à ordem do pente, uma coreografia silenciosa que ecoava minha disposição.
O espelho, silente observador das minhas transformações matinais, refletia não apenas o reflexo físico, mas também um registro das emoções veladas. Meus olhos, quase se rendendo ao peso do cansaço, sugeriam no fundo uma jornada árdua. Concluída a rotina de cuidados pessoais, emergi do banheiro e, ao depositar a escova meticulosamente sobre a escrivaninha, alcancei meu celular, acomodando-o no bolso. Descendo as escadarias, fui recebida pela cena animada na cozinha, onde meus pais se entregavam a risos e brincadeiras juntamente a minha irmã. Um sorriso frouxo adornou meus lábios ao me juntar a eles à mesa.
Embora a comunicação fosse um emaranhado de palavras que eu apenas tangenciava, eu participava, tentando sincronizar minhas risadas com as deles. O aroma envolvente da culinária de mamãe preenchia o ambiente, criando uma atmosfera acolhedora que transcendia as barreiras linguísticas.
— Vamos todos no circo hoje, não vamos, Khaellese? — A Mulher perguntou sem me olhar, estava concentrada nos ovos que fritava.
Um breve desconforto atravessou meu ser ao ouvir suas palavras, mas ao morder o interior da bochecha e soltar um suspiro, recuperei a compostura. Assenti com a cabeça, desviando o olhar para meu pai, que me contemplava com um sorriso, indiciando possível contentamento diante da minha participação.
— Eu estou ansiosa, mãe! Quando vamos poder ir?? — Elowyn perguntou sorridente enquanto se remexia na cadeira.
— Logo logo, querida, mas antes precisa comer, lembra? — Mamãe se virou, colocando pratos recheados sobre a mesa.
Uma luminosidade instantânea percorreu meu rosto ao vislumbrar o prato generosamente preenchido com ovos, bacon e batatas disposto diante de mim. O apetitoso aroma misturado à visão apelativa despertou minha fome e satisfação iminente.
— 𓃹 —
Oii gente! Agradeço por ter lido até aqui. Também peço desculpas por esse capítulo curtinho! Realmente não tinha mais o que fazer aqui 😭, eu prometo melhorar no segundo!
Eu só quero falar o nome dos integrantes da família.
(Quero deixar claro que quando meus personagens aparecerem no capítulo, colocarei seus nomes no final, igual estou fazendo aqui!)Khaellese - Personagem principal.
19 anos.Elowyn - Irmã mais nova de Khaellese.
09 anos.Michael - Pai de ambas citas a cima.
49 anos.Elise - Mãe de ambas citas a cima e esposa de Michael.
48 anos.Mais uma vez, agradeço por ter lido até aqui!!
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A Rabbit's Haunting
Horror(A Assombração de um Coelho.) A história se passa em 2000. Trata-se de uma maldição, Khaellese está submissa ao Coelho, assim fazendo tudo que é pedido. A garota nem sempre foi totalmente saudável; desde muito nova (14) foi diagnosticada com distúr...