O jovem pagou a conta e os dois caminharam juntos até uma mesa qualquer.
Atendi mais clientes e finalmente, deu o meu horário.
Voltei para a área dos funcionários, troquei de roupa e me despedi de todo mundo da pizzaria.
Ao sair do estabelecimento notei que já anoitecera, fiquei com um pouco de medo, mas tudo bem, eu posso voltar pra casa sozinha, essa hora, no escuro.
Não, vou esperar um ônibus aqui mesmo onde estou.
Mas não vai aparecer ônibus nenhum, essa hora, e nesse ponto.
Comecei a caminhar devagar e de vez em quando me deparando co pessoas duvidosas.
Segui o meu caminho querendo ouvir música mas com medo de ser assaltada caso algum marginal notasse os meus fones.Continuei caminhando, até achar u táxi, eu não tenho dinheiro pra isso, mas estou com tanto medo que prefiro gastar meus últimos centavos agora, e me preocupar com eles mais tarde.
Assim o fiz, chamei o táxi, entrei nele, passei o endereço e pronto.
Coloquei os meus fones focando-me na minha playlist atual.
▶️ Playlist
I wanna be your slave
The driver
For your love
Super model
Baby said
Honey, are you coming?
Mamma mia
Time zone
Todas do Måneskin, vocês sabem com é.
Relaxei com o som do Rock'n'roll nos meus ouvidos e acabei adormecendo.
VCs devem estar se perguntando.
Quem adormece escutando Rock'n'roll?
Quem adormece no carro de um estranho, na calada da noite?Essa sou eu. O episódio de hoje, quando passei do meu ponto não me envinou nada.
Acordei quando o motorista gritou comigo pedindo o seu dinheiro, sobressaltado me levantei rápido batendo com a cabeça no teto do carro, levei a mão ao ligar da pancada e olhei para a janela do carro_ estou em casa_, paguei motorista e desci do carro, caminhei até a porta e abri a minha mochila tirando um molho de chaves.
Procurei séculos pela chave certa, mas por fim encontrei, abri a porta, entrei, me virei, fechei a porta e tranquei.Fui para a cozinha abri a geladeira e peguei um sumo de canudinho.
Bebi de uma só vez, eu fui para o meu quarto, e nem me dei ao trabalho de avisar a minha mãe da minha chegada.
Ou ela vai me pedir dinheiro, ou não está em casa. Das duas uma.Entro no quarto, tranco a porta e vou para o banheiro. Tiro a roupa entro na box, e tomo um banho revigorante.
Saio do banheiro de toalha amarrada e vou em direção ao roupeiro, visto um conjunto de lingerie vermelho e me jogo na cama, assim mesmo.
Estou extremamente cansada, mas o sono não bate a minha porta, em vez disso um monte de lembranças.9 anos atrás
- Você não pode fazer isso, nós somos a sua família, nós sempre estivemos com você.- minha mãe falou com a voz tremendo como se estivesse prestes a chorar enquanto aponta o dedo indicador para o meu pai.
- Eu não aguento mais, isso é um sufoco para mim, eu não aguento mais- ele falou levantando um pouco a voz, é a primeira vez que ele faz isso.
- Você acha que é fácil pra mim?- minha mãe segurou os próprios cabelos como se quisesse arrancar-os não é fácil saber que o meu marido tem uma amante, e tem um filho de 10 anos com ela.
As palavras dela me atingiram como um murro, o meu adorado pai não faria isso, ele me ama, ele ama a minha mãe e ele ama a nossa família. Isso não pode ser verdade/ eu não aguentei mais ouvir aquilo e subi as escadas que nem o Sonic, abri a porta do meu quarto e corri para a minha cama.
Os meus pais nunca tinham brigado, pelo menos não assim, o meu pai nunca alterou o volume da voz para a minha mãe. Eles nunca agiram assim/ pensar nisso só me fez chorar, como qualquer criança que chora quando os pais brigam, mas no meu caso é diferente já que uma briga entre eles é novidade para mim, e também as palavras da minha mãe ecoando na minha mente, o meu pai tem outra família. De tanto chorar acabei por adormecer,e eu só percebi isso quando a minha mãe me acordou.
- Coraline, acorda meu anjo, o seu pai quer falar uma coisa para você- dá para perceber pela voz dela que ela esteve chorando.
- Eu estou com sono mamãe, posso falar com o papai mais tarde?- falei tentando evitar a conversa com o meu pai, pois eu sei que qualquer assunto que ele tem para falar comigo agora vai me deixar triste.
- Depois você dorme meu anjo, o assunto é importante.
Não contrariei mais a minha mãe, e apenas segui os seus passos até a sala de estar, durante o trajecto eu fiquei pensando em um monte de possibilidades, eu nem sei se quero olhar para o meu pai agora.
Ao chegar na sala lancei o meu olhar sobre o meu pai, e ao seu lado pude ver 3 malas. MEU DEUS, MALAS!!
Meu pai ao me ver chegar, baixou para ficar da minha altura e segurou as minhas duas mãos, e lançou o seu olhar para mim, eu não olhei para ele apenas olhei para as malas que estavam martelando a minha cabeça.- Filha, olha pra mim- ele segurou o meu rosto e me fez olhar pra ele.- eu preciso falar uma coisa muito importante pra vc.
- Porque essas malas estão aqui, o senhor vai viajar?- tentei manter o pensamento mais positivo na minha cabeça, mas a tristeza no olhar da minha mãe diz outra coisa, o meu pai já viajou várias vezes, várias mesmo, mas a minha mãe nunca ficou desse jeito.
- Querida, ou vou sim viajar- sem querer soltei uma porção de ar que eu acumulava nos meus pulmões, talvez uma grande brisa de alívio.- mas dessa vez a viagem será mais longa.
- Como assim longa, 6 meses?- falei, me sentindo tensa.
- Não querida, mais longa- eu virei o meu olhar pra a minha mãe e pude ver uma lágrima caindo sobre a sus bochecha, mas ela rapidamente limpou e desviou o olhar.
- Eu não quero que você vá embora- o apertei em um abraço e meus olhos se encheram de lágrimas- você não pode nos deixar para ir ficar com a outra família.
Meu pai me soltou de seus braços, levantou e começou a caminhar em direção a minha mãe.
- O que você falou pra ela- ele aumentou a voz e apontou o dedo indicador para a minha mãe.
- Eu não falei nada, mas ainda bem que ela ouviu, agora ela já sabe o tipo de pai que tem.
E aí ele levantou ainda mais a voz e voltou para o lugar onde eu estava, só para pegar as malas dele.
- EU VOU EMBORA, VOU FICAR COM A MINHA FAMÍLIA- ele falou com tanta raiva que eu não pude conhecê-lo, aquele nao é o meu pai.- vocês não são mais nada pra mim.
Ele pegou as malas, abriu a porta e saiu sem dizer mais nenhuma palavra.
- Papai, papai, não me deixe- eu falei indo a trás dele, já chorando.
Ele não olhou pra trás e continuou caminhando até o carro.
- Papai, por favor, me desculpe eu não queria falar aquilo.
Ele não disse nada, colocou as malas no porta bagagem e foi sentar- se no banco do motorista. Ligou o carro e partiu.
Mais nada.Tal como eu disse que toda a acção tem uma reação, a reação à aquele momento foi a chuva, várias gotas de água a tocaram o meu corpo enquanto eu estava de joelhos chorando na grama.
Fiquei chorando por muito tempo, e então a minha mãe saiu de dentro de casa e me tirou de lá, caminhamos juntas para dentro de casa sem dizer uma palavra, não havia nada a ser dito naquele momento. Porque tal como eu, a minha mãe também sofreu uma perda, uma apunhalada nas costas, um balde de água gelada.
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Coraline
RomanceCoraline tão linda como o sol, guerreira do coração zeloso. Cabelo como rosas vermelhas. Preciosos esses fios de cobre, amor traga-os para mim...