Escrito por Anna Laura Mesquita
Monalisa Evelyn não tem coração, literalmente.
Após acordar de um coma, Lisa percebe que sua vida estava completamente diferente do que costumava ser a anos atrás, agora que seu pai teve uma ascensão social meteórica...
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Apesar de estar viva, o meu coração não dava uma única batida.
Eu olhava o meu próprio corpo ser rodeado por médicos e enfermeiros que corriam pelo quarto procurando por algum método de reanimação que ainda não tivesse sido usado.
Eu não entendia o que estava acontecendo. Queria gritar. Queria correr. Eu poderia correr?
Andei pelos corredores sem rumo, o peito pesando uma tonelada, usava aquela roupa verde hospitalar e sentia frio, muito frio. Seguia olhando pelos arredores, em busca de algo que me desse uma pista sobre o que estava acontecendo. Eu não conseguia sentir que eu era eu mesma, meus pés me enganavam e eu poderia jurar que apenas flutuava por ali.
A sala de recepção estava silenciosa, gélida e vazia exceto por um senhor sentado na última fileira que chorava copiosamente ao falar no telefone. Ele era o meu pai.
Ao lado dele, uma moça alta e encapuzada se sentou. Misteriosa de forma que não causava medo, apenas curiosidade. Ele não podia vê-la. Aos poucos, todo aquele choro descontrolado foi cessando quando ela colocou a mão sobre seu ombro, como uma velha amiga.
Ela olhou para mim, um olhar triste que, ao mesmo tempo, tenta consolar. Seus olhos eram castanhos e ela tinha uma cicatriz na bochecha, uma cicatriz que mais parecia uma rachadura em porcelana. Ela se levanta e me dá um beijo em minha testa. Vai embora sem nenhuma explicação.
Uma leveza tomou conta de mim. Um gosto doce surgiu em minha boca e não pude evitar de sorrir.
Ela passava pelo corredor e garotos encapuzados saiam dos quartos para segui-la adiante. Corriam serelepes pelos corredores, sorrindo e fazendo algazarras. E ela como uma mãe os odernava para ficarem em silêncio.
Meus pés automaticamente me fizeram caminhar de volta ao meu leito. Abri a porta e tudo se apagou.
Depois de muito tempo eu entendi quem ela era e o que estava fazendo.
