Darling Jonathan

†

Dentre todos aqueles dias, Jonathan Harker desejava sair daquele castelo e voltar para a Inglaterra. Estava desesperado, mas por dentro já estava morto e sem esperanças. Era impossível. Era um prisioneiro do Conde Drácula. E ficar perto dele o deixava nervoso, arrepiado, confuso... Sua aparência era hipnotizante, seu jeito manso de falar era atrativo. Um verdadeiro lobo em pele de cordeiro.

Já havia duas semanas que ele estava vivendo o horror naquele castelo. Voltar para a Inglaterra era um desejo, mas fora de realidade. Sinceramente, ele preferia estar morto do que presenciar e ver aquela tortura.

Pelo menos, Drácula lhe deu a permissão de andar pelo castelo. Assim, pelo menos, poderia se "distrair" — mesmo que a maioria das portas estivessem trancadas.

Jonathan caminhou até a biblioteca e viu Drácula deitado no sofá. Seus olhos estavam fixos no telhado velho.

Obviamente, havia percebido sua presença, mas decidiu ficar calado.

Harker se aproximou aos poucos. Ao mesmo tempo que queria recuar, ele estava curioso sobre o vampiro.

"Senhor Harker, não acho que seja de bom tom recebê-lo neste estado. Não é?" Drácula rapidamente se levantou e Jonathan deu um passo para atrás. Ficando alguns metros de distância do conde.

Jonathan estava com os olhos semi avermelhados e brilhantes, se segurando para não chorar. Ele só queria saber por que ainda estava ali.

Ele segurou o choro, mas uma pequena lágrima escapou, escorrendo por sua bochecha.

Drácula se aproximou e tocou em seu rosto limpando a lágrima com o dedão delicadamente.

"Você só sairá quando terminarmos os negócios. Era esse o contrato. Não fique assim." Ele sabia, sabia o desejo de Harker.

"Você é um..." Monstro, era isso que ele queria dizer. Mas o olhar do conde era tão... seduzente... Ele odiava isso, por que não sabia se queria partir ou ficar.

"Um monstro, não é? Pode falar" Drácula retirou sua mão do rosto de Jonathan.

A tensão entre os dois estava ficando forte. Era difícil para Jonathan dizer se ele realmente queria voltar para a Inglaterra ou se só queria algo mais com Drácula.

Jonathan estava paralisado. Mas não, não era isso que ele queria dizer. Céus, sua mente estava uma verdadeira confusão.

"Não..."

Se virou bruscamente voltando para o quarto deixando o conde para atrás. Olhou para a janela, estava amanhecendo. Ele deveria estar acordando agora, mas seu horário estava uma bagunça naqueles últimos dias.
Ao mesmo tempo que se sentia vivo, também se sentia morto.

Ele esticou os braços e abriu a janela sentindo a brisa e viu o pedaço do amanhecer. Olhou para baixo, era alto, muito alto.

Mas quem se importa?

Ele fechou seus olhos ainda sentindo a brisa e a pequena luz bater em seu rosto.
Jonathan sentiu ser abraçado por trás, sentiu braços em volta de sua barriga e uma respiração por trás.

"Não faça isso."

Em outros tempos, ele se afastaria e rebateria. Mas estava cansado e fraco. Sua mente estava pesada.

"Eu não aguento mais me sentir morto. Eu quero me sentir vivo. Vivo!" Disse se virando e encarando aqueles olhos marcantes.

"Se jogar não é uma boa opção. Mas eu sei o que você quer, e do que você precisa." Afastou-o da janela e a fechou.

Harker abaixou a cabeça. Seus olhos ardiam com as lágrimas novamente.

"Você quer se sentir vivo, não é? Humanos, mortais, vocês precisam do toque de outros para conseguir viver, se assim posso dizer. Não necessariamente enconstar, mas se sentir amado."  Drácula se aproximou puxando-o gentilmente para se aproximar de seu corpo pela cintura.