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"como diabos alguém que se diz escritor não sabe o nome de uma das maiores editoras do mundo?!" -A voz de Amélia do outro lado da linha soava com um tom de irritação mas ainda sim ela deu uma risada de Vitório.

O rapaz se encontrava diante de um enorme edifício, mal dava para ver o topo com as nuvens que o cobriam. O local de onde vinha diversas pessoas com roupas formais, enquanto Vitório usava uma calça jeans amarrotada e uma camisa com sua gravata mal colocada.

— Ah, que se foda. O que importa é que finalmente estão reconhecendo meu talento. -Vitório retrucou, ajeitando as mechas onduladas de cabelo que caíam em seu rosto. Em uma tentativa de parecer mais apresentável ele ajeitou sua gravata, só deixando o nó ainda mais deplorável.

"Talento? Desde quando ser fofoqueiro é um talento?" -Amélie riu mais ainda ao telefone fazendo com que as sobrancelhas de Vitório franzissem em frustração.

— Amélie, meu anjo.. -Vitório fez uma pausa respirando fundo enquanto cerrava os dentes ao ouvir as risadas de sua amiga. — Vai se foder.. -Ele não se conteve e deu uma pequena risada antes de se despedir de Amélie desligando seu telefone em seguida

Vitório deu um longo suspiro analisando a porta giratória do Edifício a sua frente, com algumas pessoas saindo e entrando. Respirando fundo mais uma vez, ele seguiu em direção ao seu destino.

Ao entrar no hall, o barulho de saltos ecoando pelo local seguido de toques de telefones. Em meio aquela multidão, Vitório se destacava com suas roupas folgadas e totalmente desqualificadas para a ocasião.

— Hm.. com licença.. -Vitório se dirigia ao balcão das funcionárias, onde uma mulher que estava ao telefone desviou seus olhos do computador olhando para ele em desdém. — Eu vim ver o senhor Alexandre Bastos.

A mulher, no entanto, ainda continuou a digitar no computador antes que olhasse para Vitório de relance. — É claro.. todos querem. Marque um horário e quem sabe seu pedido será atendido. -Ela falou voltando a digitar ao computador novamente, sem ao menos dar atenção ao rapaz em sua frente.

Vitório ao notar o deboche nas falas da mulher deu uma pequena risada tentando conter sua frustração, arrumando seu cabelo ele se inclinou novamente tentando chamar a atenção daquela moça.

— Olha, eu sou um escritor fam.. -Ele fez uma pausa, para reformular as palavras achando que talvez estivesse exagerando um pouco. — Digo, sou um escritor conhecido e fui convocado pelo próprio secretário pessoal do Senhor Bastos.

O barulho das teclas do computador sendo digitadas rapidamente, seguido dos toques de telefone, atrapalhavam a concentração de Vitório, parecia que ele estava invisível naquele local. Vitório respirou fundo mais uma vez e como sua última tentativa começou a falar novamente.

— Então se puder avisar que estou aqui, eu agradeceria. -Vitório se inclinou mais sobre a bancada debruçando os braços enquanto batia seu dedo sobre a madeira. — Meu nome é Vitório Sánchez..

— Por favor, se você não tem um horário agendado sugiro que se retire. Caso contrário serei obrigada a chamar os seguranças. -A recepcionista retirou os olhos do computador, desta vez olhando diretamente para Vitório. Era como se ela estivesse o enojando só com aquele olhar. — Céus, se queria chamar a atenção do senhor Bastos ao menos deveria ter vestido algo melhor que esses trapos velhos.

— Perdão? -O rapaz levantou uma de suas sobrancelhas, sem acreditar se havia ouvido corretamente a ofensa daquela mulher.

Olha, aqui não é lugar para pessoas como você. Há dezenas de pessoas ocupadas, caso não esteja vendo. Vá pedir esmolas em outro lugar. -Com aquela última fala, a recepcionista voltou novamente para a tela do computador e antes que Vitório pudesse dizer algo ela começou a falar ao telefone.

Para Ela.Onde histórias criam vida. Descubra agora