Era um fim de semana na minha pequena cidade, ia sair com minhas amigas, as pessoas que eu mais amava no mundo era elas, mas, em especial, somente uma tinha meu coração. Ela era linda, cabelos cacheados e curtos, lábios carnudos e rosados, amigável e muito simpática. Eu sentia alguma coisa por ela e ela sentia alguma coisa por mim, mas, nenhuma de nós tínhamos coragem suficiente para contarmos uma para a outra, sentia borboletas na barriga, ela sempre tinha iniciativa das coisas, mas nunca tinha a certa e única coragem de me contar o que tanto sentia.
Comecei a gostar dela muito antes, saia muito com ela e sempre tentei me manter perto, mas, nunca cheguei a me aproveitar de uma situação.
Ela sabia fazer penteados e trancinhas, eu amava. Na minha primeira vez, fui sozinha, ficamos a sós e ela sempre pertinho de mim, além de cuidar de mim, estive com cólica muito forte no dia, me deu remédio e ainda me deu um chocolate para passar o gosto ruim. Ela falava para as minhas amigas que me adorava, me amava fortemente, só que não tinha coragem.
Ela sofreu tanto por que era calada e não podia me contar por puro medo. Pra passar por cima dessa frustração, ela começou a ficar com uma menina mil vezes mais bonita do que eu, corpo bonito, cabelo bonito, piercings, do jeito que ela desejava. Um dia ela chamou eu e minha amiga para ir a casa dela fazer brigadeiro, cheguei lá e lá estava a "ficante" dela, ela era linda, mas muito ignorante, por um bom tempo, ela ficava me olhando com deboche e enquanto isso, a minha amiga que sentia alguma coisa por mim me olhava com aquele mesmo olhar de que ainda me amava. O tempo passou e a gente se afastou, nunca mais nos olhamos.
Lá no fundo, bem no fundo, a gente ainda se ama.
