Mais azeda que ela, nem limão

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MINHA vida nunca foi tão emocionante quanto as tramas dos filmes adolescentes, onde jovens encontram o primeiro amor no ensino médio, se divertem, fazem amigos e vivem os melhores anos de suas vidas. A ironia é que, aos 22 anos e na faculdade, ainda me sinto frustrada por não ter experimentado nem metade dessas experiências cinematográficas.

Costumo ser aquela pessoa que, para quem vê de fora, parece um bicho do mato e antissocial. E talvez eu seja um pouco, mas me solto totalmente quando estou com meus amigos, aqueles com quem me sinto verdadeiramente à vontade. Não que eu tenha uma multidão de amizades; na verdade, durante a escola, tive apenas colegas, como minha mãe sempre previa. Ela sempre dizia que os verdadeiros amigos são raros e, na maioria das vezes, nossos pais se encaixam nesse papel.

E como sempre, ela tinha razão. Os amigos que eu acreditava ter durante os estudos se afastaram quando terminamos. A única pessoa que posso chamar de verdadeira amiga, além da minha mãe, é a Lee Gahyeon. Nos conhecemos desde a infância, quando me mudei de Seongnam para Seul. Ela foi a primeira amiga que fiz na nova cidade, e desde então, somos inseparáveis. Nossa ligação é quase como a de irmãs, já que contamos uma com a outra para tudo.

Passamos nossa infância e adolescência sonhando alto, imaginando que nos tornaríamos atrizes quando crescêssemos, algo que a maioria das crianças anseia ao assistir dramas na televisão e se ver ali um dia. No vestibular, entretanto, acabei tomando outro caminho e escolhi cursar psicologia. Pode parecer um tanto improvável para alguém como eu, que reclama de tudo e de todos, mas ao estudar um pouco, me vi completamente apaixonada pela complexidade dessa área, tendo a certeza de que era isso que queria para o meu futuro.

Quanto à Gahyeon, ela também seguiu um rumo diferente do nosso sonho distante de crianças. Ao passar em um concurso de matemática, foi imediatamente aceita na Universidade de Seul para cursar economia. Realmente, a considero uma "louca". Estudar matemática por anos seguidos não seria uma tortura? Imagino que trabalhar com isso também não seja para qualquer um. Ainda bem que é ela e não eu.

Psicologia pode ser um tanto complicada, porém sou muito mais isso do que Economia, que eu não faria nem se eu me odiasse muito.

Apesar de amar esta área, confesso que quase tranquei a faculdade milhares de vezes, percebendo que psicologia não é para qualquer um; possui muitos temas e questões desafiadoras. Nos primeiros dois anos, dediquei-me ao máximo para compreender cada detalhe. Mesmo com a procrastinação tentando me fazer descansar nos trabalhos e deveres, persisti.

Mamãe sempre demonstrou o quanto estava orgulhosa do caminho que eu estava seguindo. Mesmo sem entender muito do assunto, ela se propôs a me ajudar nos estudos para as provas. Afinal, nem sempre a Gahyeon estava livre, especialmente após começar a trabalhar meio período em uma doceria.

Com as ocupações dos estudos, fiquei presa a uma rotina: pela manhã, pegava o ônibus para a universidade, retornava para casa por volta das 14 ou 15 horas, dependendo do trânsito ou se eu ia a pé. Almoçava em casa e me dedicava ao estudo, lendo livros sobre psicologia humana, neurociência, ética, entre outros. Quando não, ia para a biblioteca. Em resumo, meu tempo se resumia a ir para a universidade, voltar para casa, estudar, frequentar a biblioteca, dormir e comer.

Isso não estava agradando à senhora Kim, que começou a reclamar e me dar broncas, alegando que eu estava me tornando antissocial, segundo ela. Insistia que deveria reservar mais tempo para mim, sair com a Gahyeon e outros amigos, e me divertir sem pensar nos estudos, porque, como dizia, tudo em excesso é prejudicial. Esse tema provocou várias discussões entre nós. Toda vez que ela mencionava, eu tentava cortar o assunto para evitar prolongar a discussão e evitar brigas.

— Dahyun, minha filha, vê se deixa esses livros de lado um pouco. — Ela me encarava do sofá da sala ao me ver estudando na mesa da cozinha.

— Mamãe, não comece com isso, por favor. — Sem olhá-la diretamente, respondi. Pude perceber que ela desligou a televisão com o controle e se aproximou da mesa.

She's My Christmas Problem - MihyunOnde histórias criam vida. Descubra agora