Verde. Azul. Vermelho. Verde. Azul. Vermelho. Repetidas vezes, freneticamente. Os flashs de luzes disparavam sem condolências com a sensibilidade dos olhos, mas aquilo não incomodava a euforia noturna. Pelo contrário, produzia um interessante efeito de que tudo estava em câmera lenta, ainda que os movimentos fossem desordenados e apressados, em tentativas incansáveis de acompanhar as batidas da música alta. O ambiente era amplo, ventilado, mas o frenesi dos corpos vez ou outra se chocando provocava um calor compartilhado por todos que estavam ali.
Era mais uma das clássicas calouradas organizadas para celebrar o ingresso das novas turmas de medicina. Os novos rostos ainda não estavam familiarizados entre si, mas tentavam se conhecer e, principalmente, comemorar o início da nova fase alcançada após tanto dispêndio. Talvez, para os novatos, fosse curioso o fato de que, na verdade, o maior público da estrondosa festa eram os alunos já veteranos, mas o moreno que ali dançava despreocupado já estava acostumado com aquilo. Estava na metade do curso e aquela, provavelmente, já era a quinta calourada que participava. Junto a ele, vários de seus colegas pulavam, dançavam, bebiam, beijavam, alguns usavam às escondidas substâncias mais ilícitas e vários torciam para que a noite não acabasse naquela boate. Era, como de costume, o mesmo caos que sempre marcava qualquer evento organizado pelos médicos em formação. Sasuke acreditava que compartilhavam uma rotina tão exaustiva de estudos que aqueles eram os momentos em que eles podiam se libertar de tudo. Até demais, às vezes.
Sasuke riu. Não porque tinha motivos, mas porque o álcool construía pontes ligeiras para que seus risos saíssem frouxos por seus lábios. Bebeu o bastante para chegar naquele estágio onde tudo parecia mais engraçado, onde todos pareciam mais bonitos e onde manter-se equilibrado parecia uma tarefa especialmente difícil. O moreno sabia que o efeito alcóolico também ajudava na desinibição, transformava em coragem o que antes era timidez, e talvez esse fosse o caso do par de olhos castanhos que se aproximava de si, segurando seu ombro delicadamente enquanto se aproximava e posicionava-se na sua frente.
O rosto feminino não lhe era conhecido, então presumiu ser alguma novata, e talvez exatamente por isso que ela o observava com os olhos cheios de expectativas, afinal, praticamente todos ali já sabiam que mulheres não estavam entre suas preferências. As feições eram muito bonitas, tinha que admitir, os cabelos escuros caíam sobre os ombros e os olhos amendoados combinavam de forma surpreendentemente harmoniosa com a boca pequena e rosada. Sasuke segurou o rosto pequeno entre suas mãos, tomando alguns segundos para apreciar aquela beleza. Uma pena, pensou.
– Fofa. – Pronunciou o elogio com uma voz mais arrastada que o normal, sem garantias que a garota a sua frente conseguiu o ouvir diante da música tão alta que era tocada. Mas não se importou, afastou suas mãos do rosto alheio e virou-se em outra direção, rindo mais uma vez enquanto caminhava entre os corpos animados, sem ter exatamente onde chegar.
Não soube por quanto tempo se movimentou naquele caminho sem rumos até sentir seu quadril ser repuxado pela força de uma mão grande o segurando. Foi em direção ao impulso e conseguiu observar o homem alto que se colocou a sua frente, ainda o segurando. Os olhos esverdeados portavam uma malícia que não fazia questão de disfarçar, e mesmo que naquela agitação todos estivessem se esbarrando entre si, a aproximação entre os dois estava especialmente maior. Logo o aperto se transformou num abraço quando os braços do outro envolveram a cintura do moreno, trazendo-o mais para perto para que o maior conseguisse falar diretamente em seu ouvido, para conseguir ser escutado.
– Qual o seu nome mesmo? – Sasuke ouviu a pergunta e soltou um riso soprado. Conhecia aquela pessoa, era um rosto familiar, sabia que ele estava perto de concluir o curso, mas não sabia o seu nome, e acreditava que o outro estava na mesma situação. O moreno levou uma das mãos até o ombro a sua frente, se apoiando ali quando se inclinou um tanto para se erguer e conseguir repetir o mesmo movimento ao alinhar os lábios no ouvido do homem.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Another Chance
FanfictionTeria como Naruto dar uma outra chance ao amor? Mesmo sendo um homem de 43 anos, responsável por sua empresa e seus filhos, frustrado com o término de um longo casamento que sucumbiu ao fracasso? Mesmo que, na situação mais improvável possível, ele...