❄️Biscoitos de Natal ❄️

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Álvaro passeara pela rua deserta e desguarnecida das hortênsias. Com tremores pelo frio, pusera as mãos dentro dos bolsos aquecidos de seu casaco. Boa parte das pessoas consideram o frio como uma transcendência vinda dos céus, não sendo atoa o tumulto de turista nessa época do ano.

Álvaro detesta turista, assim como o frio ao redor. Para ele, os seus pulmões pesavam, como balões cheios d'água. Seu nariz também escorria e ficava gelado sucessivamente, assim como todo seu corpo. O homem nunca reparara a beleza que a rua facultava; pelas árvores alinhadas e recortadas gradativamente, casais de mãos dadas com roupas extravagantes e a neblina que se formava, mal dando para ver alguns metros à frente.

Aquela era sua terra natal, no entanto, não conhecia muitas pessoas dali, apenas identificava os turistas instantaneamente, tanto pela pronúncia de gírias adolescentes quanto pela aparência intensiva. Mulheres usam saltos e roupas de botão elegante, enquanto os homens usam boinas e jaquetas de couro... não era muito difícil de Álvaro identificar certos padrões.

Assim como o sorrateiro garoar da chuva, Álvaro se mantinha o mais neutro e afastado de feriados, e, um dele, incluía o natal. Não que Álvaro não gostasse dessa data dádiva do ano, mais sim pelo fato de que não via algum motivo específico para tal coisa. Ele também achava ridículo a refeição em família e assim como os presentes de natal.

Para quê dar presente que nem sei se a pessoa vai gostar? E se ela achar ruim? Melhor seria ninguém arriscar.

Assim como outras coisas, Álvaro é o oposto de tudo.

Em uma certa noite, enquanto passava por essa mesma rua, em plena madrugada, seguia-se diante de sua casa, que não ficara muito longe de onde estava, demoraria apenas alguns minutos para deita-se na cama e esquecer de que aquele dia havia acontecido, assim como muitos outros dias.

Ainda haviam alguns casais na rua, tirando fotos em alguns pontos turísticos, como o famoso relógio de termômetro. Álvaro deu um muxoxo baixo, irritando-se pela atitude néscia e desnecessária. Entretanto, quanto ainda caminhava, sentiu o piso de concerto ceder, proporcionando o som de passos módicos. Não precisou virá para trás, apenas escutara uma voz fina e levemente sulista.

- Com licença... gostaria de biscoitos natalinos? - Virou-se para trás, confuso se era ele com quem a garota falava.

Olhando para os lados, não havia praticamente ninguém na mesma calçada, só ele e a jovem moça. Sua pele e seu cabelo eram quase da mesma cor... era muito clara, ainda mais com as luzes da rua, que, apesar de serem poucas, a deixavam mais brilhante, de um jeito ruim; pelos olhos de Álvaro.

O homem fez uma careta quando olhou para os biscoitos redefinidos de açúcar e corante natalino.

- Argh... isso é açúcar puro. Vai me dar dor de barriga - sua resposta não havia sido um sim nem um não, apenas foi dita rudemente.

Apesar disso, a jovem não demostrou nenhum recebimento pelo comentário, muito pelo contrário, ela sorriu e esticou mais os braços com a cesta de biscoitos na direção do senhor.

- Qual seria a graça dos biscoitos de natal sem açúcar? - A garota deu ênfase no "sem", abaixando a altura do som - acho que devia experimentar!

Sua voz saiu tão alegremente que Álvaro não teve coragem de negar, apesar de saber sobre as ilusórias consequências do açúcar do biscoito. O senhor pegou um dos biscoitos, um em formato de estrela de natal e pós na própria boca, mastigando levantamento o sabor da massa. A jovem esperava ansiosamente por uma resposta do senhor pelos seus biscoitos.

- Uma pessoa muito especial me ensinou essa receita. Ela sempre dizia que os melhores presentes são aqueles em que compartilhamos com o sorriso.

Álvaro para de mastigar e olha mais atentamente para os olhos da menina, tão dóceis e puros como uma das pétala de lírios; ou até mesmo como as de uma hortênsia. Lágrimas se acumularam no canto de seus olhos, reconhecendo ou tendo o sentimento daquela frase em seu coração. Foi como se a portinha de seu coração fosse aberta para algo novo... para um sentimento novo.

O outro pedaço que sobrava do biscoito em sua mão, caiu no chão, repartindo-se em grãos de trigo. Quando deparou-se, estava abraçado com a menina de seus olhos... de seus olhos de hortênsias.

De repente, suas memórias voltaram, de quando apreciava o frio, daquela sensação gelada e boa no rosto, fazendo o ar parecer mais puro como nunca foi. De quando andava com sua esposa pela rua e sorria ao ver o violinista tocar sua melodia predileta de quando se conheceram. De quando participavam de ceias de natal e distribuíram presentes.

Aquela era sua vida, sua vida antes de esquecer de quem era e de quem amou. Na verdade... ele nunca esqueceu, apenas deixou sua patologia tomar conta de si. Porém, aqueles que amam podem ser esquecidos pela memórias, mas jamais serão esquecidos pelo coração.

- Eu te amo, vovô.

- Eu também te amo, minha querida.

- Eu também te amo, minha querida

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⏰ Última atualização: Dec 21, 2023 ⏰

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