𝓗 𝘦𝘢𝘩𝘦𝘳

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Dahyun sentia-se insuficiente, ela se comparava com todos, mas, ela apenas queria agradar-se a si mesma, sem sucesso. Hirai Momo, sua melhor amiga por anos e anos, lhe ajudou em momentos difíceis e por mais que sejam pessoais, ela sempre arranjava um jeito de ajudá-la. Porém, elas pareciam tão distantes, que parecia que tinha uma linha as separando e ela tinha nome: Heather.

Ela era como o colírio dos olhos brilhantes de Hirai, todas as vezes que ela passava, o brilho se tornava maior e cada vez mais chamativo, tão brilhantes quanto o céu azul. Dahyun sempre via em como a jovem passava a segurar a mão da japonesa, que automaticamente colocava o braço em volta do ombro da tal Heather. Como poderia odiá-la? Ela era um anjo! Mas, apesar disso, Kim desejava que ela estivesse morta.

— Por que você me beijaria? Eu não tenho nem metade da beleza dela! Você a deu o seu suéter — Dahyun segurou a gola de sua camisa, vendo Hirai ficar constrangida quando Kim disse aquilo em alto som.

— É apenas poliéster! — Momo respondeu, amargamente. Kim quis chorar ao ver a garota ao lado da japonesa rir quando viu a garota de franja a defender. Tão falsa, pensou a coreana.

— Mas você gosta mais dela! — Realmente, Heather a deixava hipnotizada a cada vez que passava em frente a sala de aula. Dahyun estava com mais frio, que apenas os braços quentinhos de Hirai podia acabar com ele — Hirai... Eu, eu te amo desde do dia três de dezembro, sim, aquele dia em que você me emprestou esse maldito suéter! Onde você me  protegeu da frieza que fazia naquele lugar, onde a neve caía lentamente sobre os nossos corpos, a pontinha de seu nariz ficou avermelhada e sua imagem ficou muito adorável que eu realmente me derreti. Você me disse que ficava melhor em mim, muito melhor do que ficava em seu corpo. Se você soubesse o quanto que eu gostava de você... Porém, por que você me beijaria? Não sou tão bonita quanto ela, não tenho a cintura tão fina quanto a dela, posso ser mais pálida do que a pele bronzeada que ela tem, das mãos médias que ela possuí, das pernas longas e consideradas bonitas por toda a escola, cabelos loiros que não tenho... — Lágrimas surgiram em seus olhos.

— Eu queria ser a Heather! — Esbranjou, pisando no chão com todas as suas forças. Hirai sentiu-se culpada com toda aquela comparação que se formou entre as duas jovens, quando tirou simplesmente o seu suéter das mãos de Dahyun rudemente, de como foi uma babaca ao não perceber os sentimentos de sua amiga, de sua melhor amiga, de como ignorou Kim por dias para não causar ciúmes na loira, que naquele lugar, era ícone de beleza... Mas, Dahyun era tão bonita, tão perfeita quando era ela mesma. E assim, Hirai correu até a mais baixa, abraçando seu corpo perfeitamente imperfeito por trás, de um jeito único que pertencia apenas a Momo, e quando menos esperava, lágrimas deslizaram por suas bochechas avermelhadas, Hirai chorava enquanto molhada o blazer que Kim usava por cima da camisa social.

— Desculpa por ser uma completa babaca, Dahyun, me desculpa mesmo! — Hirai falava com todas as suas mágoas em um tom completamente abafado por seu rosto estar enterrado no pescoço de Dahyun. A garota de cabelos morenos ficou ali, paralisada, pensando naquelas palavras — Eu, eu não sei como dizer um sinto muito digno para você... Eu deveria ter percebido aquilo e não ter me afastado cada vez mais de você, de te ignorar quando eu tinha a pior pessoa ao meu lado, enquanto a melhor de todas estava distanciando-se lentamente e eu sequer percebi. Sinto muito por ser uma amiga ruim, péssima, para falar a verdade, eu deveria ter sido mais compreensiva sobre o seu lado dessa intriga toda... E-Eu me arrependo das coisas que eu fiz, menos do dia em que eu emprestei-te o meu suéter, aquele maldito suéter em que eu tirei rudemente de suas lindas e perfeitas mãos sem motivo algum para agradar outro alguém, eu deveria ter sido Momo, aquela garota medrosa, atrapalhada, trouxa na maioria das vezes, apaixonada por neve, boba, engraçadinha e... Uma amiga melhor que a atual Hirai Momo. Eu admito que errei, que fui uma covarde por arrancar o suéter de suas mãos quando eu falei que pertencia a você até que o frio passasse, mas... Ele nunca passou, ele continuava no seu coração enquanto os meus abraços quentinhos eram direcionados a outra pessoa, porém, eles são e sempre vão ser somente seus. Eu prometo que vou ser uma amiga melhor, eu prometo com todas as minhas forças, Kim Dahyun.

— Eu acho que você não entendeu, Momoring... Eu não quero ser sua amiga, eu quero ser sua namorada, somente sua e como você poderia ser minha — Ao ouvir aquilo, Hirai arregalou os seus olhos. Porém, ela não queria aquilo, ela não queria ser mais que uma amiga para Dahyun, ela não sentia paixão pela garota coreana. Romance era estúpido, Dahyun ouviu essas três palavras de seu irmão, Kim Yoongi, o garoto que era caidinho por Jung Hoseok, que quebrou seu coração diversas vezes, e Yoongi continuava a tentar e nunca conseguiu, ele morreu, ele morreu por dentro, por um coração partido. Agora, ele sofria a tão tenebrosa depressão, trancado em um quarto escuro, sem entrada de luz por conta das cortinas, com uma cartela de antidepressivos em uma mesinha próxima a sua cama e... Com um celular, que era a sua única fonte de comunicação entre os seus familiares próximos.

— Mas, eu não gosto de você, eu te vejo apenas como amiga, Dahyun-ah... Eu não sou a pessoa certa para você, não viu o que eu fiz? Eu estraguei tudo entre nós — Quando iria falar mais uma palavra, Dahyun segurou o seu rosto, aproximando os seus lábios e logo os selando. Como uma chuva de sentimentos, todos ficaram derretidos com tanto drama e romance que aquele pátio exalava, Heather não existia, quem existia mesmo era a comparação, a ilusão e o que todos nós sentimos:

Que somos insuficientes, e que somos facilmente substituíveis, mas... Você tem certeza disso?

— Você testou? Você tentou? Como vai saber de algo sem ao menos tentar? Teste-me e veja como eu sou fiel aos meus próprios sentimentos, aos meus parceiros, ao nosso possível romance. Hirai Momo, nós somos feitas uma para outra, se você não vê... Eu não posso forçá-la a me amar — A japonesa fungou, estava emocionada novamente.

— Eu não gosto de você, eu... Eu estou tão confusa que eu sequer consigo explicar o que está passando por minha cabeça, mas eu sei que de alguma forma, eu amo você, eu amo ninguém poderá amar, e se não for eu, vai ser alguém do futuro... E, eu te amo, mas não tanto para sermos namoradas, sabe, eu te amo como amiga — Hirai sentiu tanto por Dahyun, que acreditava que os seus sentimentos poderiam ser recíprocos, mas, o cupido falhou completamente em sua missão, aquela flecha estava com defeitos... Ou, ou Dahyun que era o defeito? Hirai não era para ela? Tantas perguntas e elas poderiam ser respondidas, talvez no futuro, não?

— Tudo bem, eu... Eu te entendo, eu só vou no banheiro, okay? — Enquanto caminhava, Dahyun sentia as lágrimas caírem no chão, formando um caminho até o local onde ela se direcionava. Abriu a porta do banheiro feminino, ninguém estava lá e tão cedo não aparecia alguém, trancou a porta e encarou o  espelho, se amaldiçoando por cair mais uma vez no golpe do amor, por ser uma trouxa novamente, por ser estúpida, por se comparar, por ser quem era, por querer ser...

Por querer ser Heather.

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CABUM!

Comparação, um assunto delicado, não?
totalmente atrasada na trend, mas enfim, eu não gostei tanto porque não mencionei tanto as minhas lindas e incríveis metáforas, mas quem sabe eu reescreva essa perfeição?

Bye, até a próxima!

Heather - DahMoOnde histórias criam vida. Descubra agora