Redimir;

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Desde a conquista de Aegon, a permanência da casa Targaryen no poder central do território de Westeros se deve ao seus dragões, de fato. O conquistador e suas irmãs mostraram suas melhores artimanhas para fazer seus inimigos ajoelharem em sua frente, e quando não ocorria, as coisas eram resolvidas com fogo e sangue.

Desde que se conhecia por ser humano, Lucerys Velaryon tinha o que era necessário para ser um conquistador. Nascera e crescera em um berço dividido com um ovo de dragão, sangue de Targaryen corria em suas veias, e assim como Aegon, sua ambição era o que o deixava cego. Mas o que Lucerys tanto almejava não era castelos e territórios, e sim poder.

Mas não o poder que deixava as pessoas aterrorizadas ao o ver montado em um dragão, com medo de serem queimados em seus vilarejos. E sim, o poder de ser uma pessoa sábia, e politicamente inteligente o bastante para saber quando agir, exatamente como a sua mãe lhe ensinou.

Os próprios Targaryens acreditam que são seres superiores. Que carregam consigo uma habilidade sub-humana, e que seus cabelos prateados e olhos violetas são a herança de aquilo que um dia foi de uma magia oculta. Não apenas isso, mas que seus dragões são o motivo de serem tão temidos pelas pessoas "comuns".

Talvez seja essa a verdade, mas sem seu dragão Arrax, Lucerys sabe que é apenas carne e osso, como qualquer outra pessoa nesse mundo. E por isso ele clamava ser uma pessoa poderosa, tal qual sua mãe, a rainha e protetora do reino.

Rhaenyra Targaryen é o exemplo de uma mulher que teve que aprender desde cedo como governar um território tão vasto e diverso como Westeros. Sua sabedoria e inteligência é algo que não foi lhe dada, e sim conquistada, visto que seus antecessores tiveram o privilégio de saber de tudo aquilo desde o berço.

Os homens que herdaram o trono de ferro, souberam desde cedo o que seria governar um reino, mas não como agradar um povo. Seu pai Viserys, juntamente com o "Velho Rei" Jaehaerys I, foram duas exceções para aquilo que a população considera um reino "justo e sábio".

Mas antes mesmo da coroação de Rhaenyra, a mesma teve de enfrentar traições dentro de seu próprio lar, e de sua própria família. Um governo justo teria de ser feito por uma pessoa justa, e o Deleite do Reino enfim fez o que era necessário para mostrar sua competência com aqueles que ousavam a trair. Mas ela não conseguiu lidar com Alicent Hightower dentro do que era justo para o resto de seu povo.

E por isso, ela teria suas consequências.



O clima de Kings Landing parecia mais fresco do que o normal, tal coisa que estranhava Lucerys. Ele julgava ser cedo demais para começar o inverno, e por ser uma criança do verão, o que mais o amedrontava não era o som de espadas e gritos, e sim o pombo branco de Oldtown indicando que o inverno começou.

Sentindo a nuca arrepiar, se aconchegou em seus braços, numa tentativa de se esquentar enquanto dirigia até a sala do pequeno conselho, onde a rainha, sua mãe, lhe esperava. Desde os acontecimentos com Otto Hightower e as responsabilidades da coroa, percebia que a mesma vivia em constante tensão, e queria aproveitar a oportunidade de ter sido chamado, para verificar como ela estava.

Ao chegar à porta, onde dois guardas estavam de patrulha, deu um aceno de cabeça, e esperou as instruções de Ser Erryk Cargyll.

— Meu príncipe. — os gêmeos curvaram a cabeça antes de Erryk continuar. — Vossa graça solicita sua presença no momento.

— Andei sabendo, ser Erryk. Eu agradeço. — pacientemente esperou o mesmo abrir uma das portas, sem precisar informar a rainha de que estava ali. Lucerys estranhou, mas continuou seu trajeto.

Ao entrar na grande sala, logo percebeu as cadeiras vazias e muito bem organizadas em seu devido lugar. Sua mãe estava de costas, mas se virou ao perceber a presença de outra pessoa no cômodo, e abriu um sorriso fechado ao ver seu filho.

Aos Olhos dos DeusesOnde histórias criam vida. Descubra agora