Único - Com cores que somente ele pode ver

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— Como assim minha mãe está muito roxa hoje? – um amiguinho fez essa pergunta no parquinho da praça alguns anos atrás.

— Geralmente ela é um rosa bem forte, mas nunca vi chegar tão perto do roxo assim. – explicou com certa confusão.

— Mas a roupa dela é verde, Taehyun!

— Não a roupa! Olha só. – quando a mulher voltou a falar com a mãe dele, apontou entusiasmado por ver aquelas manchas ao redor da mulher retornarem enquanto ela se comunicava.

— Olhar o que? Já te falei que isso é verde.

— Não a roupa, a fumaça!

Taehyun só descobriu que possuía sinestesia sensorial aos dezesseis anos. Talvez, se descobrisse um pouco antes, teria evitado muita zoação e dor de cabeça. Antes fosse uma sensibilidade ao som, isso é fácil de se explicar, mas como se explica que não gosta de ouvir as pessoas pois sua visão fica colorida?

O simples fato de estar desperto lhe causava uma exaustão inexplicável. Ambientes barulhentos enchiam seus olhos de fumaças, círculos, serpentinas e confetes aleatórios, assimilar tudo aquilo esgotava de forma sem igual.

Ambientes como academia, mercado e outros que poderia agir por si mesmo eram os melhores. Colocava seus fones de isolamento de som e seguia a vida normalmente, ninguém incomodaria alguém ouvindo música, muito menos se descobrissem se aqueles tampões não tocavam música.

Infelizmente, não poderia usar de seu acessório de sobrevivência para ficar na escola.

— Se você dormir de novo nas aulas de matemática, eu vou te entregar pro professor. – Soobin despertou o colega com uma cadernada nada gentil em sua cabeça.

— A voz dele tem com de bosta de vaca, é nojento. – para sua sorte, seu amigo era um esquisito que gostava de esquisitices, então gostava de ouvir sobre a forma do outro de enxergar o mundo — Intervalo?

— Almoço. Dormiu quase a manhã inteira.

— Desculpe príncipe do conselho estudantil. Amanhã irei me esforçar e dormir durante toda a manhã.

— Eu deveria parar de ter pena e te entregar de uma vez para a diretoria.

Recolheram o básico saírem e descerem alguns lances de escadas para chegarem no refeitório, já barulhento e tumultuado. Ao menos ali era permitido que ele colocasse seus isoladores de ruídos.

Pegaram suas respectivas bandejas e foram até seus lugares cativos no jardim do colégio. Na teoria não poderiam comer ali, mas como Soobin era o ser mais amado e protegido de todo o colégio, ele poderia até comer na mesa do diretor que ninguém iria reclamar.

Estavam no mais absoluto silencio enquanto apreciavam suas próprias comidas, um mísero momento de paz era o que Taehyun queria, mas notou um farfalhar nas folhas das árvores que tinham por ali e rapidamente retirou seus fones.

— Animal?

— Pior. – não demorou para que uma figura surgisse no meio da mata, soltando um risinho sem graça quando viu o presidente do conselho estudantil e seu cão de guarda o encarando com os braços cruzados.

— Qual foi, Soobin. Já estou ficando sem desculpas pra quando você me encontra assim! – Beomgyu reclamou sem jeito.

— Eu já cansei de te falar que é mil vezes mais confortável dormir na carteira do que no meio dos insetos. – Taehyun cutucou o amigo com certa força, era o código deles. — Está tudo bem?

— Está sim! Só meio cansado, sabe? Passei a noite tentando platinar um jogo, mas ainda estou travado em uma única parte que vai me dar o último troféu que falta. – novamente o rapaz cutucou o amigo de forma que Beomgyu não visse.

Cores marcantes de natalOnde histórias criam vida. Descubra agora