𝗲𝗻𝗳𝗲𝗶𝘁𝗲𝘀 𝗾𝘂𝗲𝗯𝗿𝗮𝗱𝗼𝘀

59 8 0
                                    

A neve lá fora era aproveitada pelas crianças dos vizinhos, fazendo guerras de bolinhas ou bonecos de neve.

O chocolate quente em minhas mãos esfriaria em segundos, caso eu não bebesse. Em épocas como essas, finais de dezembro, as decorações exteriores das casas eram impecáveis. Era como se as pessoas quisessem competir quem tinha os melhores e maiores enfeites, como a única época do ano em que poderiam brigar sem se insultarem diretamente. Estadunidenses amam isso.

Eds está no chão de casa - da minha casa -, mais brincando com Mingau do que separando os enfeites da árvore. Desço do estofado que fica abaixo da janela, colocando minha xícara em cima de uma cômoda. Me aproximo do gatinho, o pegando no colo. Eddie resmunga e ele solta um miado.

— Achei que tivesse vindo para me ajudar na montagem da árvore, não para brincar com meu gato. — Dou um beijo na cabeça do felpudo, que ronrona em resposta.

Eddie me oferece um sorriso daqueles de derreter a alma, e de repente eu não estou mais com frio.

— Richie, você é o culpado por isso. Quem não arruma os enfeites até dois dias antes do natal? Não montar sua árvore é o de menos, seu jardim está completamente vazio. Ridiculamente vazio. — Eddie ri, pegando duas bolas vermelhas de uma das caixas empoeiradas que meu pai tirou do porão.

Sempre convido Eds para os natais em família, ele é parte dela. Nos conhecemos desde que... nascemos, eu acho? Nossos pais sempre foram vizinhos, e na infância eu e Eddie brincávamos juntos o tempo todo. Desde os quatorze anos, quando o vi decorando uma árvore minha pela primeira vez, senti que ele não era apenas meu melhor amigo. Pelo menos eu não o via somente assim.

Mantenho esses sentimentos e pensamentos apenas para mim até hoje.

Me sento ao lado de Eddie no chão, soltando o gato que me deixa cheio de pelos branquinhos como a neve lá fora. Faço carinho nos cabelos castanhos encaracolados, vendo Eds pegar algumas bolas quebradas.

— Isso são os restos do natal do ano retrasado? — Ele os levantou com cuidado, me encarando com um leve sorriso nos lábios.

Eu havia os derrubado nesse natal, minha mãe ficou furiosa comigo e Eddie apenas riu me vendo ser humilhado.

— Você sabe que são. — Rimos juntos. Eu amava o som da risada do garoto. Meu garoto. — Você não vai beber seu chocolate quente? — O pergunto, apontando a xícara de Eddie. Eu não permitia ninguém usá-la, apenas Eds. Ele tinha sua própria xícara em minha casa.

Ele leva o objeto aos lábios, cuidadosamente dando um gole na bebida doce. Eu havia colocado marshmallows a mais nela hoje. Perguntei se estava bom, e ele respondeu com uma afirmação muda enquanto bebia mais e mais, engolindo os pequenos marshmallows. Sorrio, passando a mão suavemente por sua bochecha. Ele se aninha feito um gatinho, realmente parecendo Mingau.

— Meus pais estarão de volta em algumas horas, antes do jantar. Você acha que eles gostariam de ver o jardim enfeitado? — Descanso uma de minhas mãos em uma das coxas de Eddie, acariciando levemente. Ele coloca a xícara na cômoda, ao lado da minha.

— Posso ser gentil e te ajudar com isso, apenas não se acostume.

Ele me ajudava todos os anos.

Sorrio, pegando minha touca e ajudando Eddie a levantar. Ele agarra minha mão, sorrindo enquanto segura seu par de luvas. Ele pega sua touca e começa a colocar suas botas, enquanto eu faço o mesmo com as minhas. Pego minhas luvas e meu casaco, Eddie já está com o dele. Pego uma das caixas de decorações de jardim e abro a porta, levando um baque gelado a princípio.

Eddie parece não se importar tanto: ele caminha até a cerca coberta por neve, colocando a caixa ao lado dela. Ele me encara e sorri, minhas vestes quentes começando a aquecer mais do que o normal.

🎉 Você terminou a leitura de 𝗕𝗶𝘀𝗰𝗼𝗶𝘁𝗼𝘀 𝗗𝗼𝘂𝗿𝗮𝗱𝗼𝘀 𝗲 𝗩𝗲𝗿𝗺𝗲𝗹𝗵𝗼𝘀 🎉
𝗕𝗶𝘀𝗰𝗼𝗶𝘁𝗼𝘀 𝗗𝗼𝘂𝗿𝗮𝗱𝗼𝘀 𝗲 𝗩𝗲𝗿𝗺𝗲𝗹𝗵𝗼𝘀Onde histórias criam vida. Descubra agora