Um lugar para chamar de lar

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Em meio ao caos, só queria sair dali. Encontrar alguém que pudesse me ajudar, mas eu sabia que a única pessoa que poderia me ajudar, sou eu mesmo. Mas não sabia por onde começar, me sentia insuficiente, um completo inútil. Sem um propósito para minha vida ㅡ perco interessa rápido, nunca sei o que realmente quero para minha vida. A única coisa que eu queria, era saber qual era o meu propósito de vida. Mas agora, já era tarde demais para saber quem sou.

A internet e a televisão anunciaram que o fim do mundo havia chegado, um vírus estava matando as pessoas. Elas matavam umas às outras. O governo pediu para que as pessoas abasteçam para não passarem fome. No meio disso, as pessoas pensavam mais em se protegerem, do que ajudar umas às outras; em se manterem unidas. Isso fez com que eu me sentisse sozinho, mas uma vez. Achei que por um momento, eu estava com pessoas que gostassem de mim; elas me deixaram sozinho. Precisei ter que me virar sozinho, mais uma vez.

Encontrei um lugar para pernoitar, mas logo tive que sair. Foi invadido por aquelas coisas, que para mim, ainda era algo desconhecido e isso me assustava. Tive que sair as presas, não sei se deixei algo para trás ㅡ minha sobrevivência era mais importante. Estava torcendo para eu pudesse ficar em um único lugar por muito tempo, sem ter que precisar sair. Acendi uma fogueira para me esquentar, mas ela se apagou e não tinha mais como acendê-lá. Sai na esperança de encontrar um lugar para me abrigar, até que encontrei um prédio abandonado. Entrei com um pouco de dificuldade devido ao portão que estava trancado com um cadeado e tive que tomar cuidado por onde eu pisava, já que estava com matos altos.

Faz anos que estávamos nessa situação e nada de tudo voltar a ser como antes, eu sabia que isso nunca iria acontecer. Não sei por que ainda alimentava as esperanças.

Tirei uma barra de ferro de dentro da mochila, que estava em minhas costas ㅡ ela era a minha única companhia. Com a barra de ferro na mão, caminhei lentamente pelo corredor, pronto para me defender assim que fosse necessário. Mas eu estava assustado, apavorado. Estava com medo de topar novamente com aquelas coisas, mas em número maior. Sabia que aquela barra de ferro se tornaria algo completamente inútil se isso acontecesse.

O corredor por onde eu andava, estava em completo silêncio. Não sei se ficava feliz ou se ficava com medo. Tantas salas, alguém poderia estar me observando e esperando que me aproximasse para me atacar. Respirei fundo por várias e várias vezes. Com a barra de ferro na altura da minha cabeça, caminhei lentamente, mais lento do que gostaria. O medo está me consumindo e me impedia de ir um pouco mais rápido. Parei na frente de uma sala, só depois fui me tocar que estava em um hospital, isso me deixou mais apavorado do que antes. Era em lugar como esses, que essas coisas surgiam.

Me mantive imóvel por alguns instantes e me questionando se eu deveria ir embora ou continuar, mas eu sabia que não podia sair, era a noite que essas coisas costumavam aparecer. Preciso de um abrigo e aquele hospital era o único lugar onde eu poderia ficar, por enquanto, até tudo ficar mais tranquilo.

Fiz de um consultório médico, o meu quarto. Coloquei uma cadeira na porta e tentei fazer o mínimo barulho possível, pois aquelas coisas eram atraídas pelo barulho. Coloquei o colchão perto da janela e ali deitei, fiquei olhando para o céu por aquela única parte onde me permitia. Minutos depois, além de escutar os sons dos grilos, também escutava o som daquelas coisas ㅡ era assustador. Senti um medo, mas eu sabia que, por alguns minutos, eu estava protegido. Poderia ficar temporariamente tranquilo.

Virei o meu corpo para o lado da porta. Havia colocado uma cadeira e uma mesa, demorei alguns instantes para colocá-las; não sabia se havia mais alguém naquele hospital além de mim, mas eu não queria arriscar. Fui rapidamente ao refeitório para saber se havia algo para que eu pudesse me alimentar. Não encontrei muita coisa, vou ter que precisar ir embora no dia seguinte.

Fragmentos (Jeongho)Onde histórias criam vida. Descubra agora