the storm | jakehoon

01

Ele não sabe que eu existo.

Park Sunghoon é o cara mais popular da escola e, sem dúvida nenhuma, é também o mais bonito.

Absolutamente tudo nele me encanta. Na verdade eu não sei dizer o que mais gosto nele. Talvez sejam seus olhos escuros que transmitem suas emoções de maneira pura, ou talvez sejam seus traços fortes e bem alinhados, quem sabe o sorriso grande, que deixa a mostra os caninos afiados, ou até mesmo seu cabelo castanho sempre bem arrumado que deixa seu rosto ainda mais bonito.

Bem, seja lá o que for, eu me apaixonei por alguém que não posso ter. Nós nunca trocamos nem duas palavras, no máximo um cumprimento cordial, mas nada que seja realmente relevante.

Sendo honesto, eu tenho apenas um amigo. Kim Sunoo. Os demais alunos, ou não sabem que eu existo, como Sunghoon, por exemplo, ou simplesmente preferem ignorar minha presença.

Ainda assim, sem nunca falar com ele, eu o conheço muito bem. Eu sei, por exemplo, que ele é capitão do time de basquete. Sei também que seus melhores amigos são o Jay Park, um intercambista americano, e Lee Heeseung, um garoto um ou dois anos mais novo. Juntos, eles constituem o trio mais popular e desejado do colégio. Sei também que o pai de Sunghoon é milionário e que ele tem uma irmã mais nova chamada Dahyun.

Eu sei de tudo isso porque passo boa parte do meu tempo livre o stalkeando no instagram, mas quem é que pode me julgar, afinal?

O fato é que não importa o quanto ele saiba sobre mim, o que é praticamente nada, meu coração sempre vai acelerar ao ouvir seu nome.

─ aceita um balde? ─ Sunoo questiona irônico, parando de repente ao meu lado, me assustando ─ sabe, pra conter a baba ─ conclui, me fazendo revirar os olhos.

─ você é um idiota sabia? ─ olho para ele, que me encara com os braços cruzados.

─ sei, mas você me ama mesmo assim ─ dá de ombros de forma despreocupada, me arrancando um riso desacreditado ─ mas sem querer cortar o seu barato, olha quem está bem do lado dele agora ─ meus olhos seguem na direção em que Sunoo aponta e volto a observar Sunghoon e seus amigos sentados em um banco de madeira próximo ao portão principal, mas algo diferente chama minha atenção. Agora, Haewon, uma das garotas que compunham a equipe de líderes de torcida, estava agarrada a ele, sorrindo de maneira oferecida.

─ você quis dizer em cima né? ─ exclamo ─ o senhor Young diz que duas massas não podem ocupar o mesmo espaço porque ele não viu essa cena.

─ você sabe como ela é. Gosta de invadir o espaço pessoal alheio ─ assinto, fixando meu olhar em sua direção novamente. Não é de hoje que Haewon está atrás dele. Na verdade ela o persegue desde o nono ano, mas eles nunca tiveram nada sério, não por falta de tentativa da parte dela, devo acrescentar.

Talvez seja apenas minha mente tentando me pregar uma peça, mas as vezes penso que Sunghoon não se sente confortável na presença dela. Ele não me parece o tipo de cara que seria rude o suficiente para manda-la a merda, afinal.

Meus pensamentos são interrompidos ao ouvir o sinal anunciando o final do intervalo.

Me levanto do banco em que estava sentado sem ânimo algum e acompanho sunoo até a sala em que teríamos aula de literatura, matéria que tenho em comum com ele e também com Sunghoon e Jay.

Olhando pelo lado bom, tenho mais dois períodos perto dele, não que isso realmente fizesse alguma diferença.

Sento-me na classe que compartilho com meu melhor amigo e observo Sunghoon fazer o mesmo duas classes à frente, enquanto conversa animadamente com Jay.

Seu sorriso é tão brilhante e sincero que me faz ter vontade de sorrir também.

─ vai ficar secando ele até aqui? ─ o baixinho questiona enquanto se olha no pequeno espelho que carrega na mochila. Kim Sunoo é um cara extremamente narcisista e, falando como a pessoa que compartilha boa parte de sua vida com ele, isso não me deixa nem um pouco surpreso. Não mais.

─ eu não consigo evitar ─ dou de ombros, desviando meu olhar para ele ─ é mais forte do que eu.

─ olha, pelo menos tenta. Você está dando muito na cara ─ Sunoo retruca com sinceridade.

─ tudo bem, eu vou tentar ─ concordei em um suspiro ao mesmo tempo em que o professor adentra a sala, dando início ao seu discurso insuportável e nada motivador.