crianças

261 24 9
                                    

[TW: A história vai abordar ataques de pânico, grooming, abuso (físico, mental e sexual) implícito e explícito, tortura, comportamento suicida, crises de ansiedade, ataque de pânico, violência e tópicos sensíveis. Esteja em um lugar seguro mentalmente para ler e aproveitar a história]
[N/A: Tome cuidado com seus próprios limites e gatilhos. Qualquer coisa, pode pular para o próximo capítulo que ele vai recapitular a essência do importante desse cap]

Existem coisas que crianças não deveriam entender, coisas que elas não deveriam enfrentar, coisas que crianças não deveriam conhecer. Dazai sabe disso, ele sabe onde a linha é traçada, e é por isso que ele sabe que não é uma criança. Ele já não era uma criança antes da máfia, antes de Mori, então é claro que ele não seria uma agora. E mesmo que ele não soubesse desse fato, o doutor sempre fez questão de ressaltar isso. Mori diz como ele é maduro para a idade, como sua mente é mais velha, como seu corpo nunca pareceu o de uma criança e que Dazai teria sorte se sequer fosse visto como um humano. Dazai é um demônio, um belo demônio. Não um humano. Nunca uma criança.
Os elogios de Mori o faziam se sentir grandioso, o faziam se sentir repulsivo. Ele se perguntava como ele poderia ser tão terrivelmente injustiçado enquanto era elogiado, como ele poderia se sentir horrível — e egoísta — enquanto era recompensado.
Mas afinal, como ele poderia sentir? Toda a angústia dele era sobre isso: Ele queria sentir e sentir coisas, principalmente, positivas. Ele imaginava que sua vida só começaria quando a felicidade fosse constante, quando seu coração batesse “por alguém”, quando essa idiotice figurativa fizesse sentido na realidade dele. Mas nunca faria. Pessoas — humanos — nascem, crescem, se apaixonam e morrem. Dazai não é uma pessoa. Ele quase se esqueceu.

— Você tem certeza que esse é um? — Dazai escuta, sendo forçado de volta para a realidade… O que aconteceu?

— Quantas pessoas andam de terno preto e carro blindado por aqui? Pega os que estão respirando e vamos! — Coisas que crianças não deveriam fazer parte… Onde ele estava?

— Merda, a polícia vai chegar a qualquer minuto. — Uma voz fala, muito perto de Dazai. Talvez se ele permanecer quieto, achem que ele está morto. É a melhor opção, ele sente que quebrou alguma coisa e não conseguiria correr.

— Ou pior: A máfia. — Outro homem fala. Dazai ainda faz um esforço para conseguir visão, mas seus olhos não abrem. Não é que não abram, é que o seu sangue empapou a franja e ela está cobrindo os olhos dele — Só pega qualquer um. Se todo mundo pegar um, a gente deve conseguir pelo menos um vivo.

Dazai sente uma mão em suas costas, e então um puxão que o ergue e faz seus ouvidos fazerem um sonoro “piiiiii”. Ele começa a lembrar o que aconteceu: Ele estava voltando de uma missão e tomou um analgésico para amenizar a dor do ferimento em seu abdômen, escolhendo não dirigir e apenas tagarelar sobre uma fase de Pokemon fire red com seu motorista quando a última coisa que ele viu foi o carro na frente deles voando na direção deles, e então o impacto. Se ele fosse uma criança, ele não estaria naquela situação. Mas ele é um demônio, e aquela é parte da rotina dele na Máfia do Porto, e a responsabilidade também era dele. Com a pouca visão que ele tinha, ele observa em volta, quanto de seus subordinados estão mortos agora? E pensar que seria uma das poucas missões de alto risco que todos voltariam ilesos, que ele finalmente poderia dizer para Chuuya que venceu a aposta boba de não sacrificar peças. Mas a morte era inevitável a seus subordinados, afinal, ele traz miséria a todos a sua volta, e por isso ele tem todo o direito de se matar. Mas Mori não entendia isso e constantemente negava esse direito à Dazai. Em algumas noites, ele dizia que ter Dazai por perto era uma benção — Uma oportunidade —. Tudo que é precioso vai ser consumido e destruído por ele, mas não Mori. Mori é o único que aguentou a miséria que Dazai carrega e quis cuidar de Dazai, quando nem mesmo aqueles que lhe deram a luz queriam. Mori ama o demônio da miséria, então Dazai tem um dever com ele. Mori cuidou do demônio da miséria, então Dazai tem um dever com ele. Mori treinou e aperfeiçoou o demônio da miséria, então Dazai nunca trairia seu dever com ele. Mori construiu um demônio leal, eles tem um pacto inquebrável.

Nos ensinando a viver (Soukoku) (hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora