sempre visto

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[tw: Menção a abuso, menção a suicídio]

Sakunosuke e Chuuya tinham algo em comum: O desejo de simplificar as coisas para evitar o trabalho de resolver algo pior, então se eles tinham uma pergunta, eles iam questionar da forma mais direta possível. Era pra ser assim, mas agora o assunto era mais complicado. Mesmo assim, Oda se sentiu satisfeito — quase aliviado — quando viu que Ango e Nakahara bateriam em sua porta, pois apesar de amar a simplicidade, ele não conseguia formular uma pergunta boa o bastante e muito menos uma justificativa para a pergunta, especialmente para Nakahara, que tinha um cargo tão acima do seu e uma relação distante quando Dazai não estava por perto. O homem sabe que tem algo incomodando os outros dois, ele percebe a tensão em Ango quando pega sua mão e Chuuya era uma pilha de nervos ambulante, então ele os chamou para sentar para que resolvessem isso.

— Olha, eu realmente não vim para tomar chá! — Nakahara protestava, mas mesmo assim senta no sofá quando Oda pede, e permanece batendo o pé no chão enquanto o espera voltar da cozinha com as xícaras.

— Eu imagino que não. — Oda concorda com a cabeça, ouvindo os protestos que viriam (5 segundos no futuro) e respondendo antes de serem pronunciados — Eu já estou indo, isso não vai levar nem mais um minuto.

— Ah… — Nakahara fecha a boca, Oda se preocupa se constrangeu o adolescente. O homem observa o mais novo e troca olhares com o seu parceiro, tentando imaginar o que está deixando Ango inquieto a ponto de estar tão calado, tendo sua atenção roubada pela voz do adolescente — Isso é vergonhoso, que saco… Se eu pensar demais, eu vou desistir.

— Você quer que eu te pergunte primeiro então? — O mais velho oferece, se aproximando com o chá após servir Ango. Ele vê seu parceiro parado na janela, observando a rua lá fora enquanto tomava o chá que acabou de receber. Seja lá o que Ango tenha a dizer, ele não parecia querer os comentários de Chuuya, e como o adolescente brigou para não ir embora, ele acabou vencendo o direito de falar primeiro.

— Nem pensar! Se demorar mais eu não… Vou conseguir dizer… É ridículo, Urgh! — O garoto vai ficando mais e mais envergonhado, até que ele pega o copo de chá e tenta beber como um shot, parando assim que o líquido alcança sua garganta e tossindo para aliviar a sensação de queimação na garganta — Quente!

— Quente. — Oda concorda com a cabeça, soprando seu chá e sentando de frente para o mais novo, ainda olhando Ango de canto de olho antes de voltar para Chuuya — Pode perguntar, eu não vou julgar.

— É idiota mas… Eu queria saber se aquele estúpido te disse alguma coisa, já que ele conta tudo e tal e… Eu não sei o que eu fiz de errado! E eu não posso me desculpar se eu não sei o que eu fiz de errado, não é?! — Ele diz batendo a xícara na mesa e levantando, gesticulando em clara ansiedade, Nakahara carregava muitos stimmings. A movimentação chama a atenção de Ango, mas não o bastante para ele se aproximar ou entrar na conversa — E eu não consigo perguntar pra ele porque ele tá me evitando como se eu fosse alguma… poção da imortalidade! Sei lá!

— Você… Tá falando do Dazai?

— Óbvio que eu tô falando do Dazai! — O garoto se exalta e se envergonha novamente — Desculpa, é só… Eu não consigo dormir tem um mês inteiro, meu instinto tá gritando que tem alguma coisa de errado e ele não me responde e ele nunca tá em lugar nenhum e pelo visto tem ordens para ninguém me falar onde ele está e…

— Respira. — O mais velho diz se levantando e pondo as mãos nos ombros do garoto, o mais novo estava tremendo — Eu preciso que você respire para que eu possa te entender melhor e a gente busque uma forma de resolver isso, tá bom?

— Desculpa… — O garoto diz olhando para o chão e Oda tem a impressão de ver uma lágrima escorrer pela bochecha dele — É só… Eu já perdi amigos por não ver algo óbvio. Eu sei que a culpa foi minha… Eu não queria perder ele também.

Nos ensinando a viver (Soukoku) (hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora