Eu escutava o som dela girando a manivela da caixa de música e depois soltar, daquele lindo cilindro subia uma bailarina de ferro girando e girando tocando uma música tão doce.. Tão suave..tão desgraçada...Foi a última coisa que lembro de escutar vindo dela.
Chuva forte, Pessoas de preto envolta, Pessoas chorando, Se despedindo de uma pessoa que não está nem mais alí para escutar, vejo seu rosto.. Tão pálido e sem emoção, Que pena, nem lhe deram um bom vestido.. Está numa caixa de vidro como aquela bailarina da caixinha de música que você colocava para eu dormir todas as noites... 1935..me lembro como se fosse ontem mais já se passaram 6 anos que está maldita melodia da caixa de música continua a tocar em minha cabeça.
Desde então perdi minha fé nos anjos... Também nos demônios, Seres tão poderosos..Veem nossa desgraça e não fazem absolutamente nada. Fui dignosticada com estresse pós traumático mas meu pai não acredita nisso, mas ele não está aqui, Está na guerra contra a Alemanha.. Ainda não sei se ele está vivo ou não mais com a morte dela eu Moro no sótão do estúdio de balé de minha tia Amélia desde o começo da guerra, meu quarto foi de um grande local com penteadeiras, espelhos e uma grande cama para um pequeno simples lugar com maioria das coisas feitas de carvalho porém oque mais me encatava era a vista de lá.
Com isso, tive que aprender balé lá por influência da minha Tia porém aquela música sempre toca na minha cabeça, Tão irritante.. Repetitiva mas nostálgica.. Sempre tinha apresentações de algumas alunas dela lá, E de vez em quando eu participava.. A deste ano seria "Coppelía" e por incrível que pareça eu iria participar por minha tia ter implorado para mim, Nunca era tanto de apresentações, Pois sempre tocava aquela música.. ,Como uma caixinha poderia me assombrar por tantos anos?..
— Tudo pronto bonecas? — perguntou tia Amélia passando pelas suas alunas tocando de ombro a ombro verificando suas colunas e posições de todas.. Inclusive eu.
Eu era nada mais nada menos que umas das amigas da protagonista, Que a ajudava a entrar na casa das Bonecas
E desaparecia..A noite era uma noite tão fria tão escura, O estúdio vazio mais eu queria ser perfeita em toda coreografia, estava apenas com meias comuns substituindo minhas sapatilhas e minha camisola branca de seda, senti algo no centro da sala, eu dançava, guiada pela melodia que ecoava na minha mente. Cada movimento era uma fuga de minha própria sombra. Meus pés se moviam no ritmo da música, como se tivessem vida própria, enquanto eu me entregava às emoções que fluíam de dentro de mim. Cada giro e salto eram uma expressão.
Era tudo tão calmo até eu perceber que a música que tocava sempre em minha mente eu escutei vindo do plano, isto fez meu coração parar por um suspiro e eu caí com tudo no chão de madeira, Sentia meu corpo congelar, Esta melodia que me assombra a anos tocava no plano do lado da porta do estúdio..engoli seco como se estivesse de frente para o diabo que no caso seria o plano branco de madeiras velhas a minha frente, Levantei aos poucos vendo as teclas do piano sendo tocadas sozinhas.
Entrei num estado de transe, aquela memória assombrosa dela girando a manivela da caixinha de música, A bailarina aparecendo de dentro do cilindro.. Aquela caixa foi junto com ela para o subsolo..
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caixinha de música
RomanceIsabella, uma jovem no Reino Unido. Com seu pai na frente de batalha e a morte de uma ente querida, ela encontra refúgio no sótão do estúdio de balé de sua tia. Enquanto os traumas da perda a assombram, uma energia negativa atrai um demônio que se e...