Eu sou um grande nome no profundo espaço

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Osaka se tornou perigosa demais para mim. Depois de entenderem que a invasão contida pelos ciborgues se tratava de uma rebelião, Johnny decide cancelar meus compromissos na cidade e arrumamos tudo para voltarmos a Hong Kong. 

Entrar no trem de volta me dá uma sensação de segurança imediata. Quero muito aproveitar a viagem de volta para dormir tranquilamente, já que passei a última noite em Osaka sem pregar o olho. Porém, não é isso o que acontece. Quando a noite cai, não consigo dormir novamente. 

Me sinto ansioso e com muito, muito medo. No meu quarto do trem, me mexo na cama incessantemente, procurando o sono com muito desespero. Ele até vem, mas a urgência e o pânico me mantém acordado. 

Sinto lágrimas vindo quando estou prestes a conseguir dormir, pois lembro do jovem que foi morto bem na minha frente. Não consigo dormir sabendo que vi gente sendo morta. Como conseguiria? 

Me assusto ao ouvir a porta se abrindo. Apesar do meu susto, Ten não se abala ao entrar no meu quarto. Seus olhos me mostram que ele não dormiu também. Engulo em seco.

– Oi Ten. Não consegue dormir também? 

Ele faz que não. 

– Só vim aqui para te ver. Queria saber se estava dormindo, mas aparentemente... 

Uso um gesto com as mãos para chamá-lo. Ten vem até mim com convicção e se senta ao meu lado. Uma de suas mãos começa a fazer um carinho no meu cabelo. Me sinto culpado por fazer Ten gastar o tempo o qual ele deveria estar dormindo para cuidar de mim. 

– Quer que eu fique? – Ele me pergunta baixinho. 

Meu rosto cora e mordo os lábios. 

– Sim

Não estou com o Chitta aqui, pois não posso levar nada da Base da Tranquilidade nas viagens. É meio egoísta usar o Ten para isso; no entanto, ele aceita muito bem. Mesmo que a cama seja pequena, está ótimo para nós dois. Ten se aconchega ao meu lado e encosta minha cabeça em seu peito. O abraço como se fosse o meu gatinho de pelúcia, o que o faz rir contra minha orelha. 

– Você pode ficar aqui comigo? – O pergunto. 

– Sim. Qualquer um de nós, na verdade. Não há regras desse tipo para trens. 

Eu faço que sim e volto a deitar em seu peito. Ten acaricia meus ombros e dá um beijinho no topo da minha cabeça. 

– Mesmo assim, não sei se vou conseguir dormir. 

– Podemos ficar assim a noite inteira, se quiser. Só quero que você se acalme. – Ten potencializa o carinho em meus cabelos, me envolvendo como se me protegesse de algo. – Posso fazer o que você quiser. 

Os seus dizeres eram abertos a várias interpretações e, para mim, só há uma resposta possível. Meus lábios vão de encontro à clavícula de Ten, onde deposito alguns beijos. Seus suspiros são audíveis, o que me faz ousar um pouco mais. Vou um pouco mais para cima e beijo seus lábios de forma lenta. Ainda não sei muito bem como fazer isso, mas vejo que Ten se entrega a mim de uma forma impressionante. Quando ele leva uma das mãos até as minhas costas, eu paro. Não porque não quero, e sim por... 

– Eles podem nos ouvir. – Sussurro. 

Ten revira os olhos. 

– É, não é o melhor lugar para isso. – A mão que antes estava nas costas foi de encontro ao meu rosto. Os dígitos de Ten tiraram algumas mechas de cabelo de perto dos meus olhos. – Desculpe-me.

– Não, Ten, eu... – Não sei o que dizer, então solto o que sinto. – Eu quero muito isso, Ten. Muito... 

O sorriso lascivo dele diante a mim me deixa completamente louco. 

Humanoide - Livro 1 [TAETEN]Onde histórias criam vida. Descubra agora