capítulo 2 - Bem vindo ao Sinners' corner

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Caleb observou Jonas por alguns segundos antes de responder. Sua expressão era calma, mas havia algo em seus olhos que indicava um misto de preocupação e hesitação. O silêncio entre os dois se alongou, fazendo o ar no quarto parecer pesado, quase sufocante.

— Certo. — Caleb finalmente disse, afastando-se da janela e sentando-se em uma das camas. — Eu vou te contar o que precisa saber, mas... — ele pausou, inclinando-se para a frente, apoiando os cotovelos nos joelhos — ...a verdade pode ser meio difícil de acreditar...

Jonas franziu o cenho, seu coração acelerando novamente. A cada palavra de Caleb, a sensação de que algo muito errado estava acontecendo se intensificava.

— Antes de mais nada, preciso te fazer uma pergunta. — Caleb continuou. — Qual a última coisa que você lembra antes de acordar aqui?

A pergunta atingiu Jonas como um soco. Ele piscou, tentando acessar qualquer memória que antecede o caos em sua mente. Viu flashes — sangue de uma garota morrendo à sua frente, com o rosto borrado, o peso nas suas mãos, o vazio nos seus olhos...

Ele balançou a cabeça, afastando as imagens.

— Eu... eu não sei — Jonas respondeu, sentindo o pânico subir pela sua garganta novamente. — Eu me lembro de sangue... muito sangue. E uma garota... ela estava morrendo. Mas não sei quem ela é, nem por que eu... — Ele parou, sentindo um nó na garganta. — Por que eu estou aqui?

Caleb assentiu, como se já esperasse essa resposta.

— Esse é o problema — ele disse, cruzando os braços. — O que você lembra... o que aconteceu antes de você chegar aqui, é a chave. Todos nós chegamos aqui da mesma forma. Perdidos. Sem saber quem somos ou como viemos parar aqui. — Ele apontou para os outros rapazes que haviam deixado o quarto mais cedo. — Cada um de nós tem um passado que não conseguimos acessar por completo... mas todos nós sabemos uma coisa. Algo ruim aconteceu antes de acordarmos.

Jonas sentiu seu corpo tremer. Ele podia sentir o peso daquela verdade, mesmo sem saber exatamente o que ela significava.

— Você disse que ouviu uma voz... perguntando sobre o seu pecado. — Caleb inclinou a cabeça, observando atentamente a reação de Jonas. — O que mais essa voz disse?

A lembrança da voz ressoou na mente de Jonas. Ele fechou os olhos, tentando se concentrar.

— Ele só perguntou qual era o meu pecado — Jonas repetiu. — Mas eu... eu não sei. Não lembro de ter feito nada. Só lembro da dor... e da garota. Ela me culpou... ela disse que era minha culpa...

Jonas sente seu peito apertar a cada vez que ele tentava se lembrar.

Caleb respirou fundo, ficando em pé novamente. Caminhou até a janela, onde Jonas estava segundos atrás.

— Todos nós ouvimos a mesma pergunta quando chegamos aqui — disse ele, virando-se para Jonas. — "Qual o seu pecado?". Esse lugar... não sei exatamente o que é, mas estamos aqui por um motivo. E, de alguma forma, estamos conectados ao que aconteceu antes de chegarmos. A única maneira de sair é entender o que nos trouxe até aqui...

A voz de Caleb saiu um pouco baixa na última frase. Era como se ele não tivesse certeza no que tinha dito.

Jonas sentiu o peso das palavras de Caleb como um fardo em seus ombros. Ele não queria aceitar que havia feito algo errado. Mas por que, então, sentia tanta culpa?

Antes que pudesse responder, a porta foi aberta com força. Um dos outros rapazes entrou apressado, o rosto pálido e os olhos arregalados.

— Caleb! — ele exclamou, a voz carregada de medo. — Eles chegaram.

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