richarlison analisava minuciosamente o rótulo das duas marcas de shoyu que tinha em mãos. a comparação entre ambos, bem como o valor, estava causando-lhe certa aflição, quase a ponto de causar uma crise de ansiedade.— romero, tem como me ajudar aqui? – gritou enquanto levantava o olhar para procurar o amigo, encontrando-o na sessão ao lado de chocolates e biscoitos.
romero estava hipnotizado numa barra de chocolate. richarlison, ao vê-lo de longe, sorriu e aproximou-se.
— richy, não entendo todo esse desespero. olha, compra pronto, e eu garanto que ele nem vai perceber! – richarlison estancou no lugar e encarou o argentino com um olhar furioso, como se ele tivesse acabado de confessar um crime hediondo.
— nunca mais peço sua ajuda. o que te faria acreditar que eu mentiria para o sonny? – questionou, virando as costas e indo em direção ao caixa.
no caminho, richarlison pensava na lista de ingredientes que havia comprado mais cedo, esquecendo o bendito shoyu. estava determinado a colocar um sorriso no rosto do sonny; ultimamente, ele estava tão desanimado. richarlison acreditava que esse desânimo era resultado das constantes brigas que estavam ocorrendo no centro de treinamento.
— sabe, há uma grande possibilidade de você envenená-lo! – foi tirado de seus devaneios com romero praticamente brotando ao seu lado, trazendo consigo a barra de chocolate que tanto desejou.
— acho melhor você calar essa boca, estou começando a ficar estressado e nervoso... – indagou ao empurrar com o ombro cuti para longe e entregar o produto à atendente.
depois de pago, agradeceu "pela ajuda" de romero e foi rumo à sua casa para colocar seu plano mirabolante em prática. desde o momento em que son saiu para trabalhar, richarlison teve a brilhante ideia de recriar um prato coreano chamado shoyu lámen. depois que a ideia nasceu, richarlison passou a assistir a diversos vídeos no youtube até encontrar um que se encaixasse perfeitamente no seu bolso e fosse prático de fazer.
foi difícil no começo, porque richarlison nunca foi um mestre nas artes da cozinha. porém, ele estava empolgado com a possibilidade de colocar um sorriso enorme no rosto de son novamente, e ainda com um prato da cultura do seu namorado mimado.
no momento, seu coração estava calmo, mas quando dispôs todos os ingredientes e utensílios necessários à mesa, aquela maldita ansiedade que estava guardada começou a florescer de novo. segurou a respiração, que estava começando a ficar descompassada, e correu para a geladeira a fim de beber um copo de água.
— calma, richarlison, você vai conseguir! – disse em voz alta para si mesmo. — vou fazer isso pelo son, sai pra lá ansiedade, mané.
com um último suspiro e a pouca coragem que tinha se partido, voltou para frente dos ingredientes e abriu o youtube no celular para acompanhar novamente as instruções. feito isso, encheu uma panela com água para o macarrão e começou cortando o limão e a cebolinha-verde em pequenas tiras para dourar junto ao filé de peito que já estava mergulhado na água, limão e vinagre.
estava tão concentrado em cortar as hortaliças que acabou se perdendo nos minutos do macarrão no fogo. quando lembrou, saiu correndo para apagar e jogar o macarrão no escorredor, que já estava pronto para ser usado.
talvez... só talvez, as coisas tenham começado a ficar perigosas. o macarrão passou do tempo e ficou numa consistência grudenta. richarlison sentiu um tremor interno – mas talvez ele nem vá perceber, né? – e foi com esse pensamento que ele retornou para onde estava cortando os legumes e verduras para misturar com o frango na frigideira.
olhou para a parede onde tinha um relógio, fez os cálculos mentalmente e ainda faltavam quarenta minutos para son chegar, ou seja, era o tempo necessário para terminar toda a preparação do prato. foi então para a parte do frango, jogou na frigideira primeiro um fio de azeite, em seguida a cebolinha-verde e por último o frango cortado em pequenos filetes, esperando dourar em ambos os lados.