"Como posso dizer isso sem desmoronar?
Como posso dizer isso sem assumir as consequências?
Como posso transformar isso em palavras quando isto é quase demais para a minha alma sozinha?"
*
Segundo a ciência,a tristeza é um estado afetivo desconfortável,vívido como um sentimento de pesar,de dor psíquica e moral geralmente relacionado a algo que contraria o que um indivíduo acredita almejar.Não sei no que a ciência se baseou para saber tais características mas havia algo que Pran sabia—era realmente aquilo que ele estava sentindo,como se tudo que ele houvesse almejado por toda uma vida em uma simples fração de segundo desaparecesse deixando apenas o rastro intencional da frustração.Depois daquela noite em que ele teve um beijo bagunçado trocado e que no fim Pat fugiu ele se sentiu triste; uma tristeza de saudade,Pran sentia que ia perder,e ele quis...estar errado pela primeira vez.Faltava dois dias para o maldito casamento,as chamadas perdidas de Pat ja passavam de 50.
*
Dói e dói e parece que seu peito foi rasgado e seu coração está exposto como se todos os sorrisos e braços algemados e ombros caídos e gargalhadas tenham sido derramados e não sobrou nada de Pat ali.Não sobrou nada no maldito quarto,não sobrou nada no apartamento que era deles.Esses eram seus.Eles eram dele e de Pat e ele estava contando-os pelos anos de seu relacionamento e os escondendo onde ele poderia mantê-los escondidos porque Pat nunca foi o tipo de cara que gosta de ver suas fraquezas expostas.
"Be my baby"
Ele odeia isso.Ele odeia estar carregando esses sentimentos por anos,mantendo-os próximos e seguros para o dia em que ele tiver a coragem de olhar Pat nos olhos e contar tudo a ele mas de alguma forma ele perdeu a deixa.Ele sente falta dele.Ele sente falta das farpas amargas e das risadas incontroláveis e do humor,ele sente falta das musicas tediosas e do silêncio que cercava seu amor.Ele sente falta de ser chamado de 'querido',ele sente falta de ser chamado de 'meu'.Ele sente falta de sentir que qualquer dia eles poderiam simplesmente cair um no outro e nunca mais se separar.Ele sente falta de ser aquecido pelo conhecimento de que ele era a única pessoa que poderia intimidar Pat.Ele vira e se enterra em sua cama emaranhada desejando que seu coração e sua cabeça pudessem ser ignorados tão facilmente.Eles não podem.A escuridão que aquecia o quarto batiam como uma corrente involuntária de 'querer'.Pran queria tantas coisas,o desejo queimava a tal ponto que o fazia chorar,ele procurava meios de aliviar a tensão e a vontade,meios que ajudavam só por um tempo,ele pensa em como era vê-lo todos dias,próximo a ele,fazendo brincadeiras,sorrindo leve e bobo,Pat tocando seu corpo e dificultando tudo que ele chamava de controle. Os sonhos com Pat começaram a se tornar frequentes,praticamente todas as noites ele estava lá,esperando para viver tudo aquilo que na realidade não era possível.Pran via os dois, somente eles em praias desertas,fazendo juras de amor sob a lua,ao som da brisa do mar dizendo um ao outro que seria para sempre,seria eterno e quando deitados na areia Pat lhe dizia num sussurro"Eu quero você agora!Eu posso finalmente te ter?" e vinha a resposta que dizia "Sim você pode.Por favor me ame agora" e assim eles se amavam a noite inteira até o dia raiar sobre os seus corpos nus.Dificilmente Pran sonhava com ele antes quando estavam namorando.Desde o último contato os sonhos o perseguiam.
"Você não volta e o mais triste é que eu nunca vou saber lidar com a sua falta"
*
Ele acorda sentindo frio,ele não se lembra de ter ligado o ar condicionado ontem a noite,ele não se lembra que dia da semana é(definitivamente não)ele não sabe que horas são.A fresta da janela emitindo uma luz fraca machucavam seus olhos então ele não os abre,por instinto Pran passa a mão pela cama procurando até que o seu cérebro desperte por completo da nuvem de sono e o faça lembrar que ele não vai mais estar ali e que mesmo aquele quarto sendo dele Pat já não estava ali há um bom tempo.Muitos minutos se passam e ele se obriga a levantar,se obriga a tomar um banho,a escovar os dentes,a se vestir,a fazer uma refeição.Ele não quer.E tudo isso é um problema.
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To Leave
FanfictionEles não tinham mais água em seus corpos para derramar. Ambos se sentiam entre a cruz e a espada.Entre uma porta aberta e uma fechada.Entre duas crianças e o mundo.Entre ele e seu reflexo que manteve o maior de seus pecados e no entanto seu maior pr...