New Year's Day

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 Nós estávamos no banco de trás do táxi, você apertou minhas mãos três vezes, eu sabia o que se passava na sua cabeça, sabia a importância daquele momento que aconteceria em três horas.

 -A viagem vai ser longa. - Você diz, em um sussurro.

 Acaricio o dorso da sua mão com o polegar, na tentativa de passar algum conforto para você. Olho para o relógio digital urbano, vendo que marcava cinco horas da tarde do dia 30 de dezembro.

 -Vai para a minha festa de ano novo amanhã, não é? - Ela pergunta e eu olho nos olhos castanhos, sentindo meu coração bater mais forte em meu peito só de ter nossos olhares conectados.

 -Claro, eu não perderia por nada.

 Desembarcamos assim que chegamos em nosso destino e olhamos para o grande edifício, entrelaço nossos dedos e te puxo para a entrada.

 -Cheryl Blossom, horário com o senhor Feldman. - Digo e a secretária concorda com a cabeça, nos dirigindo até a sala, eu paro, olhando para a ruiva. - Boa sorte.

 -Obrigada, Tee-Tee. - Responde, beijando minha bochecha. - E obrigada por ter vindo, não teria conseguido sozinha... você é realmente minha melhor amiga.

 Melhor amiga...

 Sua frase fica ecoando em minha cabeça até mesmo depois dela adentrar a sala e eu não a ver mais, me sentando em uma das cadeiras que estava ali perto, cruzando os dedos, torcendo para que, quando ela saísse de lá, fosse com boas notícias. Desbloqueio meu celular, entrando no bloco de notas e observo as anotações: tudo o que quis falar para a ruiva que fazia meu coração bater mais forte no peito, mas me faltou coragem. Abro uma nova nota, digitando uma pequena frase nela: "Estarei lá se você for o brinde da cidade, amor. Ou se você cair e voltar rastejando para casa."

 Meia hora depois, ela aparece e nada diz, apenas faz sinal que eu a acompanhe. Quando chegamos do lado de fora do prédio, ela se jogou em meus braços, com um sorriso rasgando seu rosto.

 -Ele será meu agente, deu certo.

 Suspirei em alívio junto da ruiva.

 -Você vai ser a maior artista desta cidade, o mundo vai querer ter uma pintura sua na parede de suas casas.

 Voltamos para a casa da ruiva, passo o caminho todo admirando a cidade de Nova York.

 Cheryl estava bem mais leve do que mais cedo, entro na casa da garota, mas ela logo some para seu quarto e eu me jogo no quarto de visitas, que estava mais para meu quarto, afinal eu passava boas noites ali. Fico olhando as fotos da minha galeria, eu não tirava muitas fotos minhas, eu gostava de registrar, congelar momentos, do que me impressionava. Não seria novidade que havia muitas fotos de flores e da natureza, mas mais ainda de Cheryl Marjorie Blossom. Ela pintando seus quadros, ela tocando violão em uma roda em volta da fogueira, deitada em um campo de dentes de leão, mandando um beijo na minha direção ao perceber que eu estava a fotografando. A minha favorita da garota ruiva é a que eu tirei na festa de ano novo do ano passado, ela estava bêbada, dava para perceber isso só pela foto, os fogos de artifício atrás eram imperceptíveis já que o que brilhava mesmo era o sorriso da garota de 23 anos, ao menos ao meu ver. Ela tinha em mãos uma daquelas velas de festa de aniversário palito estrelar acesa, o que dava um destaque maior para a foto. Confesso que esse ainda era o plano de fundo do meu celular.

 Acordei e nem ao menos tinha percebido que eu havia adormecido, eu escutava a voz de Cheryl no telefone com alguém e me levanto, indo direto para o banheiro para fazer minha higiene matinal.

 -Sério que você não vem? - Escuto a voz da ruiva e saio do banheiro, enrolada na toalha e com os cabelos molhados. Blossom para de falar por um breve instante ao olhar para mim, com a boca levemente aberta, levanto as sobrancelhas para ela, que pigarreia e volta sua atenção para a chamada. - Desculpe, não te escutei, Heather.

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⏰ Última atualização: Jan 01 ⏰

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