O Mentiroso

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O Mentiroso

Hinata não podia acreditar naquelas mentiras ditas por Kiba. Simplesmente preferia ignorar toda aquela falação estúpida dele e socá-lo, mas o seu eu interior estava mais disposto a se recolher e sair dali, deixando que suas lágrimas caíssem o quanto quisessem.

A Hyuuga se odiava tanto, que mesmo esculpida de raiva pelo tanto de besteiras que Kiba lhe falou, ela se recusava a encarar o tanto de raiva que sentia, reprimindo todos os seus sentimentos. Bem que ela poderia ser mais como Ino, ter sua determinação e raiva bem claras e expostas, isso sim seria mais reconfortante e prazeroso naquele momento — mas nem isso ela conseguia fazer, pois estava em choque.

Em meio a esse alvoroço em querer sair de perto de Kiba a morena apenas correu, correu para bem longe daquele quarto que tanto a fazia lembrar de bons momentos que teve com Kiba. No entanto, Hinata foi surpreendida por um corpo que se chocou ao seu. Se fosse a segundos atrás, bem em seguida do que Kiba tinha lhe contado, Hinata teria aceitado aquela espécie de acolhimento; teria o desculpado, e mesmo que demorasse, ainda assim pediria para reatar o relacionamento que tinham, em qualquer brecha que surgisse.

É claro que Hinata estava pensando em Kiba, em como Kiba havia sido bom para si, e o quanto o amou. Como iria esquecer de sua primeira vez? Podia não ser a mulher mais certa desse planeta, ou a mais santa, mas a única certeza que ela tinha era sobre Kiba ser aquele com quem queria passar o resto de sua vida.

Mas, é óbvio, estava enganada. Sobre passar o resto de sua vida com Kiba, e sobre ele estar tentando lhe consolar. Sentia raiva dele, e talvez nunca o perdoasse. Por isso, de maneira agitada, ela se debatia sobre o dono daquele abraço, mas ao ouvir o som daquela voz, Hinata se deixou ser acolhida. Era Sasuke.

Sua cabeça estava um caos — e quando não esteve? — e a única coisa que queria era ir embora para bem longe, não importando quando voltasse. Queria sair daquele abismo e encontrar a paz. E diante daqueles pensamentos turbulentos que envolviam ir para bem longe, ela pode ouvir um pedido de desculpas daquele que lhe abraçava; isso a fez parar um pouco de pensar em mil coisas ao mesmo tempo.

Poderia criar mil motivos para pedir que Sasuke fosse embora e esquecesse tudo que fora construído até ali, mas aquele homem não dava razões para tal coisa. A única coisa que ele estava sendo para ela era, sem sombra de dúvidas, um grande amigo. Por isso o agarrou com mais força em seu pescoço, sem medo de parecer estranho. Sasuke, com certeza, tinha um lugar especial em sua vida, e não era pelo acordo ou dinheiro.

Pôde ouvir a voz de Kiba ainda, mas as palavras de Sasuke, que saíram calmas e medidas, o fizeram ir embora. E respirando devagar com a ajuda da orientação do moreno, Hinata conseguiu cessar aquele choro.

Ela estava um caco.

— Não vou conseguir ir pra casa. — disse ela assim que pôde, enquanto Sasuke a direcionava para o carro.

— Você fica comigo, como você falou mais cedo. Só nós dois. — respondeu ele na curta caminhada até o carro.

Hinata não disse nada, apenas se deixou ser levada para a pousada onde Sasuke vivia naquele curto período em que apareceu em sua vida. Nisso, ele não tinha muitas ideias do que se fazer para tentar ajudá-la ou deixá-la bem naquela situação amorosa de Hinata, porém ficou com ela o tempo todo; o quanto precisasse.

Aquela mulher estava vulnerável demais, com raiva demais e triste demais. Os três dias após a conversa com Kiba foram bem preciosos para a Hyuuga realmente se recompor antes de voltar para a vida real: os preparativos do casamento de sua irmã. E isso — esse afastamento temporário de sua própria casa e vida — foi bem visto pela família dela, mesmo que de longe.

Muito Bem AcompanhadaOnde histórias criam vida. Descubra agora