Frostbound

Nevasca

Nos dias após o enterro, se transcorreu um silêncio por parte de Elsa. Anna não encontrou ou trocou uma única palavra com sua irmã desde o triste acontecimento. Para Anna, essa ausência se tornou uma rotina na qual ela já havia se acostumado a muito tempo, porém estava sem os seus pais agora, e a solidão começara a doer bem mais do que antes. Sem o apoio e a presença de sua irmã ela saia para encontrar Hans, o jovem príncipe gentil que a tem feito companhia enquanto se hospeda em uma das pousadas de Arendelle.

Anna acabou encontrando nesse rapaz uma válvula de escape de sua triste e solitária realidade. Ela perambulava pelos corredores do palácio, tomado por um vazio que inundava cada aposento, o que era normal, afinal esse era um momento de luto por parte de todos. Embora todo o clima levasse a uma melancolia, Anna estava feliz, ela estava recebendo constantes cartas de seu novo amigo Hans, sempre repletas de palavras doces e de conforto.

A menor desejava procurar por Elsa para lhe contar sobre o rapaz que havia conhecido, mas o receio de como abordá-la, após o distanciamento a deixava insegura e sem saber por onde começar. Em suas mãos ela carrega uma das cartas escritas pelo jovem príncipe, nela ele demonstra seu interesse em ficar mais próximo dela, e faz varias promessas de levá-la a lugares distantes, lugares que ela apenas sonha com a existência.

A mesma se apoia em uma das janelas ao seu lado ainda envolta em devaneios, seu olhar se movia lentamente sobre a paisagem do outro lado do vidro, imaginando cenários diferentes em sua cabeça, desses tais lugares que podem existir pelo mundo. Até que seus olhos param sobre a grande árvore no jardim do palácio, onde sobre suas raízes se sentava uma figura familiar. Era Elsa, em uma de suas raras aparições, seu semblante carregava uma expressão distante, com uma certa melancolia em seus olhos. Anna pensou por alguns segundos, mesmo receosa ela decidiu ir até sua irmã, reunindo toda coragem dentro de si para enfrenta-la de uma vez.

Elsa estava a tanto tempo perdida em seus pensamentos profundos que mal percebia a lenta aproximação de Anna. A mais nova se aproximava com passos cuidadosos, suas mãos atrás das costas escondendo a carta, seu semblante era de curiosidade e cautela, ela se aproximava com um misto de hesitação e determinação, seu coração ansiando por uma conexão.

Uma tensão pairava entre elas, Anna, tomada por uma coragem silenciosa, deteve-se a poucos passos de Elsa. Seus olhares se encontraram, e um vislumbre de surpresa refletiu nos olhos uma da outra. Era como se estivessem se encarando através de um abismo, onde esperavam pela outra para dar o primeiro passo. Neste caso, foi Elsa.

"Anna." disse a maior, fitando os grandes olhos curiosos de sua irmã sobre ela, sem saber exatamente o que dizer.

"Oi, Elsa." respondeu a menor com uma voz suave. "Não é muito comum te ver por aqui, na verdade não é muito comum te ver no geral.", sussurrou a última parte para si mesma, mas Elsa compreendeu bem.

"Eu estava precisando sair do meu quarto, mais do que nunca agora." respondeu, dando um sorriso de canto um tanto nervosa.

"Entendo... Eu não te vejo desde o enterro, pensei que nunca mais ia sair daquele quarto..." Anna parecia inquieta, não sabia como falar para ela sobre as cartas, não conversava a tanto tempo com sua irmã que havia se esquecido da sensação de ser ouvida.

Elsa, após um breve momento de hesitação, deu um sinal silencioso para que Anna se aproximasse e se sentasse ao seu lado. Anna, mesmo com sentimentos conflitantes, aceitou, acomodando-se ao lado de sua irmã. O espaço entre elas diminuiu, mas a atmosfera carregava uma tensão palpável. Anna se sentia nervosa, sem compreender exatamente o porquê, e um silêncio desconfortável pairava entre as duas agora. Sem saber o que falar, Elsa lentamente virou-se para olhar sua irmã, que a recebeu com um olhar de surpresa.