- hipnotizante

681 43 19
                                    

O zíper cor-de-rosa foi fechado e Killua sorriu orgulhoso para a lancheira. Os plantões de Gon estavam um caos naquela semana, então ele ficava encarregado de preparar e levar as crianças para o colégio. E ele definitivamente não se dava bem com os milhares de potes que compunham a lancheira de Ava, Rocco e Allegra.

Passos apressados foram ouvidos e Killua se virou para corrigir um dos filhos, ao ver Allegra apenas suspirou. Não importava quantas vezes a garota caísse ela não deixaria de correr para descobrir o lanche do dia antes de seus irmãos.

"O que foi? Tá com cara de quem aprontou, hein?" 

Levantou a sobrancelha ao observar a face da filha mais velha ganhar a expressão travessa tão conhecida. A garota apenas lhe encarou com um sorriso sapeca pipocando nos lábios.

"Pai, posso te fazer uma pergunta?" Killua a olhou assustado. 

"Os bebês vêm da cegonha!" Respondeu apressado.

"O pai já me explicou que eles não vem da cegonha." Diz ela se referindo a Gon. "Mas não é sobre isso que eu queria te perguntar."

O homem agradeceu a todas as divindades que conhecia por ter um marido tão dedicado. Gon reconhecia todas as dificuldades que Killua enfrentava na criação dos filhos e o ajudava no que fosse preciso pra dar o lar mais amoroso e acolhedor o possível para as crianças. Afinal era extremamente difícil reproduzir algo com o que ele nunca teve contato.

"O que você quer perguntar?"

A garota se escorou na pia, parecendo buscar uma postura séria e determinada dentro de si. Killua gostava de ver os seus filhos tentando parecer responsáveis, aquilo era um sinal de que eles estavam crescendo e ele ficando velho.

"Eu estava conversando com as meninas da escola sobre como os nossos pais se conheceram." Allegra se aproximou do pai. "Elas contaram histórias incríveis, mas eu percebi que não sei como você e o pai se conheceram."

"Não é nenhuma história interessante ou genial, mas se quiser, eu te conto." O pai abraçou a filha.

"Eu quero sim!" Exclamou a garotinha animada.

— ˗ˋ ♡ ˊ˗ —

O garoto suspirou e os seus longos cílios varreram suas bochechas lentamente, estava se preparando psicologicamente para mais uma aula de matemática. Não que a matéria da sétima série fosse difícil, longe disso — afinal Killua era extremamente inteligente —,  a questão era que ele e a professora se odiavam. Um revirar de olhos seguido por uma frase irônica no início do ano letivo fizeram com que a pedagoga começasse a o marcar. 

O ruído irritante dos saltos ridiculamente altos da professora ficou ainda mais estridente quando a mulher atravessou a porta da sala de aula. Seu olhar encontrou o de Killua no segundo em que entrou na sala, ela lhe deu um sorriso macabro. Após ajeitar suas coisas e ser paparicada por alunos que precisavam de nota, a professora se levantou e cumprimentou a turma, com seu olhar ainda fixo no albino sentado no fundo da sala. 

"Bom dia meus queridos." A sala se aquietou. "Eu já tinha avisado sobre um trabalho que eu iria passar pra vocês no início da semana, espero que lembrem. Bom, hoje vou explicar o que vocês tem que fazer e definir um prazo. Mas antes disso, saibam que o trabalho será em dupla! Formem as duplas e eu irei explicar assim que todo mundo tiver um par."

Killua revirou os olhos. A professora sabia sobre a sua aversão por todos os alunos componentes da turma. O garoto era deixado de lado em todas as atividades em grupo, mas ele estava bem com isso.

"Pode fazer sozinho?" 

Ele teve de engolir todo o seu orgulho para levantar a sua mão par fazer o questionamento. 

"Poder você até pode. Mas Sr. Zoldyck, se você fizer sozinho eu serei obrigada a te dar metade da nota." A professora sorriu.

Killua pensou em milhões de maneiras de torturar a mulher a frente da sala. Ele precisava daquela nota, afinal a pedagoga sempre arranjava um jeito de diminuir as notas do garoto. Desejou que um meteoro caísse na escola e fosse diretamente ao encontro da cabeça da professora.

"Eu posso fazer com ele!"

Uma voz animada foi ouvida do outro lado da sala. Killua sempre admirou secretamente o dono da voz. O garoto de cabelos espetados sempre fora tão espontâneo e sorridente, isso fascinou Killua desde o primeiro encontro deles. O albino se contentava em apreciar de longe a personalidade cativante e a beleza reconfortante do colega de classe, afinal se aproximar do outro garoto era uma tarefa impossível para Killua. O outro sempre fora rodeado de amigos que não iam com a cara de Killua, caso não fosse isso, Killua não hesitaria em lançar sorrisos e olhares tímidos para o garoto.

"Gon?!" 

A tutora de matemática exclamou quando viu Gon atravessar a sala para pegar uma cadeira e se sentar ao lado de Killua, estando em todo o processo com um sorriso estampado no rosto. O moreno apenas confirmou a sua decisão com um acenar de cabeça.

"Você tem certeza que não quer fazer o trabalho com algum amigo seu?" Questionou Killua enquanto a professora passava as instruções sobre a tarefa.

"Não quero não. E sabe Killua, eu sempre te achei muito bonito." Gon disse empolgado.

Killua sentiu seus rostos ficarem gradativamente mais próximos e o seu interior borbulhar. Era um elogio espontâneo e sincero, isso era perceptível. A ideia de Gon também estar observando Killua foi o suficiente pra deixar a mente do albino em tela preta. Os olhos cor de caramelo do outro eram hipnotizadores e Killua deveria tomar cuidado para não se perder na imensidão deles. 

"Eu também." Disse baixinho e desviou o olhar. "Agora vamos prestar atenção pra não rodar na matéria dessa megera."

— ˗ˋ ♡ ˊ˗ —


"Então vocês se conhecem desde a época do colégio?" Os olhos de Rocco brilharam após o garoto ouvir a versão resumida da história e só então Killua percebeu que não estava contando a história apenas para Allegra.

"Exatamente." O homem confirmou.

"Uau! Isso é muito romântico!" Ava sorriu.

"Lá vem a Ava com esses papos melosos, eca." Allegra mostrou a língua para a irmã.

"Ué, não foi você que tava curiosa pra saber como os pais se conheceram?" Rocco fez uma careta.

"Cala a boca seu bobão!" Allegra franziu o nariz.

"Crianças!" Apenas uma palavra do pai era capaz de fazer os filhos se aquietarem imediatamente. "Parem de brigar. Peguem suas coisas e vão pro carro." As crianças obedeceram o homem em silêncio.

Killua fechou a porta do carro e sorriu para o volante, era refrescante relembrar o passado. 

Puppy Love !! Killugon Onde histórias criam vida. Descubra agora